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Golfe na estratégia “Turismo 2027”
Crónica

É preocupante que a palavra Golfe não apareça num documento de 66 páginas

O golfe é uma atividade fundamental no turismo português e representa um contributo relevante para a economia nacional.

Uma reportagem do Diário de Notícias anunciava que, de acordo com o CNIG (Conselho Nacional da Indústria do Golfe), Portugal recebe por ano 300 mil turistas de golfe que geram receitas diretas de 120 milhões de euros.

No mesmo artigo, o presidente da FPG (Federação Portuguesa de Golfe), Miguel Franco de Sousa, sublinhou os três mil postos de trabalho diretos proporcionados apenas pelos 90 campos de golfe nacionais. Um número que multiplica-se com hotelaria, restauração, aluguer de automóveis, transportes, organização de eventos de golfe, etc.

Em 2007, no “Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT)”, o golfe surgia como um cluster e logo no “Sumário Executivo” lia-se: “Portugal dispõe das “matérias-primas” indispensáveis à consolidação e desenvolvimento de 10 produtos turísticos estratégicos: Sol e Mar, Touring Cultural e Paisagístico, City Break, Turismo de Negócios, Turismo de Natureza, Turismo Náutico, Saúde e Bem-estar, Golfe, Resorts Integrados e Turismo Residencial, e Gastronomia e Vinhos”.

Mais à frente, no capítulo “Detalhe dos Projetos de Implementação”, deparávamos com um tema totalmente dedicado ao golfe: «I.8 – Desenvolver o Golfe».

Prolongava-se por 13 pontos e quando se descriminavam as sete entidades a envolver no plano, surgia a FPG.

O PENT foi revogado pelo Governo anterior com o “Turismo 2020 – Cinco princípios para uma ambição”, mas o golfe nunca deixou de ser uma das prioridades e ao nível do desporto era colocado ao lado do surf como grandes apostas estratégicas.

Entretanto, no mês passado, na Bolsa de Turismo de Lisboa, foi apresentada a “Estratégia para o Turismo 2027”.

Um documento bem pensado e mais adequado à realidade. O PENT era entusiasmante, mas ninguém previu em 2007 o abalo que a economia mundial sofreu em 2008 e nos anos vindouros, que afetou toda a atividade, incluindo o turismo.

É, contudo, preocupante que a palavra Golfe não apareça uma única vez num documento de 66 páginas.

Há alusões a desporto, natureza, nas quais o golfe pode ser enquadrado, é verdade, mas a palavra “Surf” aparece quatro vezes e em destaque!

O surf é uma aposta ganha e com enorme potencial de crescimento. Portugal só tem a ganhar com ela, mas ausência do golfe num texto que se autoproclama “o referencial estratégico para o turismo em Portugal no horizonte 2017-2027” não é um bom sinal. 

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*Comentador de ténis e golfe no canal Eurosport 

**Esta crónica foi publicada originalmente no suplemento GOLFE do jornal Público de 15 de Abril

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