Jogadoras de sub-18 lutam pela seleção europeia no Internacional de Portugal no Montado
O Campeonato Internacional Amador Feminino de Portugal, que termina no Sábado, dia 2 de fevereiro, conta, pela segunda vez consecutiva, para o ranking de apuramento para seleção europeia da PING Junior Solheim Cup.
Depois da boa experiência em 2017, o Ladies European Tour (LET) voltou a confiar no torneio da Federação Portuguesa de Golfe (FPG) como primeira etapa de qualificação, seguindo-se mais nove torneios europeus durante os sete meses seguintes, esta sim, uma novidade, dado que há dois anos eram nove as competições de apuramento.
O Campeonato Internacional Amador Feminino de Portugal tem vindo há alguns anos a ganhar um crescente prestígio internacional, com a presença frequente de campeãs da Europa e não admira que a vencedora do torneio receba para o ranking 50 pontos, o mesmo que o Girl’s British Open e Ladies British Open Amateur, bem como dos torneios de Espanha, França e Suécia. Dos dez torneios há outros cinco em que a vencedora soma 70 pontos: Alemanha, o Annika na Suécia e os dois Europeus, o principal e o de sub-18.
A lista completa de torneios que atribuem pontos para a PING Junior Solheim Cup é a seguinte: Campeonato Internacional Amador de Portugal (30 janeiro – 2 fevereiro), Campeonato Internacional Amador Feminino de Espanha (27 fevereiro – 3 março), Campeonato Internacional Amador Feminino de sub-18 de França (18 – 22 abril), Helen Holm Scottish Women’s Open Championship (19 – 21 abril), Allianz German Girls’ Open (30 maio – 1 junho), Ladies’ British Open Amateur Championship na Irlanda do Norte (11 – 15 junho), ANNIKA Invitational Europe na Suécia (18 – 20 junho), Campeonato da Europa Amador de Equipas Femininas de sub-18 em Espanha (9 – 13 julho), Campeonato da Europa Amador de Equipas Femininas em Itália (9 – 13 julho), Girls’ British Open Championship na Escócia (13 – 17 agosto).
Tal como há dois anos, o Ladies European Tour não se limitou a enviar esta semana um comunicado aos media e às jogadoras com estas datas e pela segunda vez em três anos a sueca Eva-Lotta Strömlid, Project Manager do Ladies European Tour para a PING Solheim Cup, deslocou-se ao Montado Hotel & Golf Resort, em Palmela, para fazer uma apresentação formal e dinâmica às jogadoras e seus treinadores.
Eva-Lotta Strömlid durante a apresentação da Junior Solheim Cup © FILIPE GUERRA/GOLFTATTOO/FPG
Diante de várias dezenas de jogadoras, entre as quais as portuguesas Sara Gouveia, Filipa Capelo, Leonor Medeiros e Sofia Barroso Sá, Eva-Lotta Strömlid explicou todos os detalhes da PING Junior Solheim Cup de 2019, destinada a jogadoras de sub-18, que terá lugar a 10 e 11 de setembro, no King’s Course do The Gleneagles Hotel, na Escócia. Dias depois, entre 13 e 15, será a vez das melhores profissionais europeias e norte-americanas se defrontarem na Solheim Cup, no famoso PGA Centenary Course do mesmo hotel escocês.
A projeção de imagens das jovens europeias de sub-18, em 2017, no Des Moines Golf & Country Club, nos Estados Unidos, a tirarem selfies com Lexi Thompson e Michelle Wie, deixou as jovens amadoras do Montado a salivar.
“A Solheim Cup é do que mais se pode ambicionar na carreira”, disse ao GolfTattoo a vice-campeã nacional amadora, Sara Gouveia. “É uma motivação extra”, acrescentou Leonor Medeiros, a vice-campeã nacional de sub-16, que até já teve a experiência de estar na The Evian Championship Juniors Cup, a prova juvenil acoplada àquele Major feminino.
O ponto alto da apresentação levada a cabo pelo Ladies European Tour em Portugal foi o testemunho entusiástico da italiana Alessia Nobilio, que se qualificou para a seleção europeia de há dois anos e é de novo candidata este ano:
"Foi uma das melhores experiências na minha carreira no golfe. Tudo estava perfeito ao nível da organização, eramos tratadas como se fossemos profissionais e sentimo-nos mesmo como tal.
“Toda a equipa técnica e as jogadoras estiveram sempre muito junto a nós e apoiaram-nos, o ambiente que viemos naquele evento foi tão especial, tendo em conta que esta é uma modalidade individual e estabelecemos amizades que irão perdurar para sempre.
“Mas o melhor foi quando tivemos oportunidade de conhecer as jogadoras profissionais, de ver como elas treinam, ir para dentro de cordas ver como jogam, pudemos interagir com os caddies, foi muito útil para o nosso futuro.
“Quando regressei a casa senti-me tão honrada por ter tido a oportunidade de jogar e de estar num evento tão grande. Acho que vale a pena trabalharmos muito para tentarmos garantir um lugar na equipa."
Os Estados Unidos lideram claramente o “mano-a-mano” com a Europa por 6-2, mas nem por isso as jovens europeias deixam de ter menos ilusões na hora de defrontá-las.
Portugal nunca teve qualquer representante, ao contrário do que aconteceu na versão masculina, a Junior Ryder Cup, que já contou com Pedro Figueiredo em 2007, e até por isso esta apresentação valeu a pena, só para ver brilhar os olhos das jovens portuguesas.
“Já sabia deste torneio, mas não tinha a noção da grandeza do evento e gostei imenso da apresentação”, disse-nos Filipa Capelo, a vencedora em 2018 do Open Amador da Escócia de Sub-16 (Loretto Golf Academy Scottish Girls' U16 Open Championship) bem como do escalão de sub-16 do World Kids Golf Championship (no Amedoeira Golf Resort).
“Gostei muito desta apresentação. Foi rápida, não foi nada chata e percebemos toda a informação mais importante”, referiu Leonor Medeiros.
“Nunca pensei que houvesse tantos torneios em que nos pudéssemos qualificar para a PING Junior Solheim Cup e acho que esta apresentação foi muito importante para todas nós que aqui estamos, porque se queremos ser algo no futuro, no golfe, é relevante termos estes conhecimentos que acabaram de dar-nos”, considerou Sofia Barroso Sá, a bicampeã da Taça da FPG/BPI, um dos Majors amadores nacionais.
Qualquer uma destas três jogadoras reúne os critérios para lutar por um dos 12 lugares da seleção europeia feminina de sub-18, ao contrário de Sara Gouveia, a dupla vice-campeã nacional amadora, que já não é sub-18, mas nem por isso deixou de querer assistir à apresentação de Eva-Lotta Strömlid.
“Já tinha conhecimento de que este torneio contava. Foi uma apresentação muito bem conseguida. É bom para nós termos a noção da importância deste projeto, da importância deste torneio, sabendo que é um dos que contam para escolher a equipa europeia. Foi uma apresentação proveitosa para todas, mesmo para mim que já não estou nesse projeto”, asseverou a algarvia, que, ao contrário das restantes portuguesas, já tem a experiência do que é competir em torneios de profissionais.
Aliás, essa foi uma das mensagens importantes da diretora do Ladies European Tour, ela própria uma antiga golfista profissional: «A vencedora do ranking de qualificação para a PING Junior Solheim Cup recebe um wild card para um dos torneios do LET em 2020. Deveriam verificar se há torneios do Ladies European Tour Access Series nos vossos países e pedirem convites às vossas federações nacionais porque são torneios fundamentais para esta fase do vosso desenvolvimento. Na vossa idade é muito importante competirem e treinarem muito, mas devem começar a perceber também o grau de exigência dos torneios profissionais. Quando fazemos iniciativas como a PING Junior Solheim Cup, ou quando convidamos amadoras para virem ver como são os bastidores dos nossos torneios ou até mesmo para jogarem os nossos torneios do Ladies European Tour, a ideia é proporcionar-vos oportunidades de competição».
Os critérios de elegibilidade para a PING Junior Solheim Cup são os seguintes: jogadoras amadoras entre os 12 e 18 anos, nascidas em 2001 ou em anos posteriores; Não podem estar integradas em programas de alta competição de universidades; Tem de ter nacionalidade europeia. As seis primeiras do PING Junior Solheim Cup ranking, imediatamente depois de contabilizados os pontos do Girls’ British Open Championship, serão automaticamente convocadas para a seleção europeia. No caso de haver um empate decide-se pelo Ranking Amador Europeu da EGA. As restantes seis vagas serão da responsabilidade da capitã de equipa, que irá atribuir convites, embora Eva-Lotta Strömlid garanta que «os resultados ao longo do ano terão um peso grande, tal como o ranking mundial amador».
A capitã europeia deste ano é a famosa Mickey Walker, a primeira capitã europeia da Solheim Cup em 1990, que manteve o cargo em 1992, 1994 e 1996.
A inglesa de 66 anos ganhou seis títulos no Ladies European Tour e hoje em dia é comentadora na Sky Sports. “É uma pessoa com muito networking que pode ajudar-vos muito. É um privilégio terem-na como capitã e ela pode apresentar-vos imensas pessoas. Ela irá a Espanha e ao British Amateur conversar convosco”, sublinhou Eva-Lotta Strömlid.
“Vou seguir atentamente os resultados e estarei em alguns dos torneios. O nível de jogo e o profissionalismo das amadoras europeias de elite é espantoso e só pode augurar um futuro positivo para o golfe feminino. Estou entusiasmada por ir testemunhar algumas das melhores jogadoras juvenis, na sua luta por um lugar na PING Junior Solheim Cup e não tenho dúvidas de que algumas irão tornar-se estrelas mundiais, tal como aconteceu antes com a Charley Hull, Georgia Hall e a Carlota Ciganda”, disse a selecionadora europeia.
Eva-Lotta Strömlid, por seu lado, teve muito cuidado em transmitir às jovens que a ouviram no Montado os valores e as estratégias de desenvolvimento porque se rege o circuito europeu feminino, mas também incentivou-as a serem proactivas na gestão das suas carreiras:
“A PING Junior Solheim Cup atrai muita gente dos mais variados setores e para vocês é uma oportunidade de conhecerem outras boas jogadoras amadoras mas também os mais variados agentes desportivos. É uma ocasião única de começarem a fazer o vosso próprio networking que será fundamental se decidirem tornar-se profissionais.
“O que queremos no LET é aumentar o interesse global pelo golfe feminino. Com mais fãs temos mais torneios e prémios monetários mais elevados».
E para que as jogadoras se sintam acompanhadas durante os próximos sete meses, a PING Junior Solheim Cup tem o cuidado de contar nos torneios com um grupo de treinadores que são embaixadores da prova: Mickael Mahéo (França), Marcelo Prieto (Espanha), David Patrick (Escócia), Sebastian Ruhl (Alemanha), Enrico Trentin (Itália) e Carl Johansson (Suécia).
Por fim, a cereja no topo do bolo. As que conseguirem os tão desejados 12 passaportes para a Escócia em setembro podem sonhar com uma semana que nunca esquecerão. Atente-se ao extenso e aliciante programa anunciado pela diretora do Ladies European Tour:
“Toda a gente chega na sexta-feira antes do torneio. Há dois dias de treino. Depois na terça-feira há seis foursomes e seis fourball, portanto, todas as jogadoras estão em ação. Na quarta-feira há 12 singulares. A única diferença em relação à competição principal é que nós jogamos dois dias e elas, as profissionais, jogam três.
“Na quinta-feira vocês jogam com os patrocinadores. Depois, a Solheim Cup começa na sexta-feira e as juniores vestem a farda europeia azul e amarela, vão conhecer muita gente nessa altura e se forem simpáticas talvez sejam convidadas a andar dentro das cordas para ver o torneio, para sentirem o que é aquele golfe.
“Este ano optámos por não ter uma cerimónia de encerramento na quarta-feira à tarde. Vamos fazê-la à noite, no Jantar de Gala da própria Solheim Cup, o que significa que vocês vão estar com as jogadoras profissionais, os jornalistas e com toda a gente, o que é bom para vós.”