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Manuel Agrellos ovacionado em reunião da EGA
01/12/2016 15:03 HUGO RIBEIRO/FPG
Manuel Agrellos entre Manuel Quinta e Miguel Franco de Sousa / © D.R.

Ex-presidente da FPG acompanhou o actual, Miguel Franco de Sousa, em Barcelona

O novo paradigma de presidente-executivo que a Federação Portuguesa de Golfe (FPG) inaugurou este mês, com a entrada em funções dos seus novos órgãos estatutários, foi alvo de um generalizado interesse por parte dos delegados das federações de outros países que estiveram presentes na Reunião Anual e na Assembleia Geral da Associação Europeia de Golfe (EGA).

A “Annual General Meeting” de 2016 da EGA decorreu em Barcelona, no Real Club de Golf El Prat e no DoubleTree by Hilton Hotel & Conference Center La Mola. Estiveram presentes delegados de 43 federações de golfe europeias e ainda da USGA (a federação norte-americana), do R&A e do European Tour.

A FPG esteve representada pelo seu presidente Miguel Franco de Sousa e pelo vice-presidente Manuel Quinta, mas Portugal ainda foi bem “ilustrado” por Manuel Agrellos (membro honorário da EGA e presidente da Mesa da Assembleia Geral da FPG) e por Ana Gabin (presidente da Comissão de Handicaps e Course Rating da EGA).

“Fomos inovadores e todas as federações estão a querer saber um pouco mais sobre este modelo de presidente-executivo, umas mais apreensivas do que outras, mas despertou claramente muito interesse”, disse Miguel Franco de Sousa, que esteve pela primeira vez numa reunião da EGA no papel de presidente da FPG, embora tenha estado anteriormente em várias como secretário-geral da EGA e como selecionador de sub-18 da Europa Continental.

“Ao contrário do que muita gente pensa, o Manuel Agrellos (o seu antecessor), uma vez mais, teve visão, olhou à frente do seu tempo e propôs ideias novas para o golfe nacional que, provavelmente, serão seguidas por outras federações, havendo sinais muito positivos de França e Itália nesse sentido”, acrescentou.

E por falar do ex-presidente da FPG, um dos pontos altos da cimeira europeia foi uma homenagem a Manuel Agrellos, prestada pelo atual presidente da EGA, o francês Jean-Marc Mommer, não só pelo passado do português na própria organização, mas pelo contributo que deu a todo o golfe mundial.

“O Manuel teve uma carreira impressionante, simplesmente incrível e espantosa», frisou Jean-Marc Mommer, enumerando depois os vários cargos desempenhados pelo português na EGA, PGA da Europa, R&A, European Tour, FPG, sem esquecer as presenças como árbitro em torneios do Grand Slam, como o Masters e o British Open.

“Esta homenagem foi mais do que merecida e teve direito a uma ovação de pé por parte dos mais de 150 delegados que estavam na sala”, narrou Miguel Franco de Sousa.

Manuel Agrellos, por seu lado, teve de discursar de improviso, admitindo que o tributo foi “totalmente inesperado”. Depois de vários agradecimentos e de expressar “sentimentos ambivalentes”, o antigo presidente da EGA e da PGA da Europa terminou com uma mensagem de futuro, como foi sempre o seu timbre: “Constato nesta conferência que o golfe está a adaptar-se à sociedade moderna e isso é muito positivo para uma velha glória como eu.”

Com efeito, esse foi um dos aspetos mais positivos da Reunião Anual, que começou com um simpático torneio de golfe (no qual o presidente da FPG ficou em 2.º lugar), para passar depois a temas mais sérios.

“Realizaram-se vários workshops. A English Golf Union apresentou um trabalho sobre o que anda a fazer para conseguir maior participação em Inglaterra e as dificuldades que a federação inglesa encontrou nos seus 24 condados. Um trabalho rico do ponto de vista do marketing dirigido aos clubes e campos. Houve também um trabalho sobre a construção de pequenos campos de golfe em toda a França, no âmbito da candidatura francesa à organização da Ryder Cup de 2018. Campos de 9 buracos, de pitch & putt e de academias. Debateu-se a sustentabilidade do golfe, sustentabilidade social, ambiental e económica. Esteve um representante da World Wildlife Foundation (WWF), o R&A também falou sobre o programa “OnCourse”, que já é usado por alguns campos em Portugal, designadamente no Jamor, procurando uma melhor utilização dos recursos hídricos e de pesticidas”, contou Miguel Franco de Sousa.

Richard Holland, o diretor of Market Transformation da WWF salientou a dada altura: “Embora o golfe não constitua uma preocupação primordial da WWF, este desporto tem de dar uma resposta clara. A perceção do mundo exterior (ao golfe) é que este desporto produz frequentemente impactos negativos que seriam evitáveis. Mas à medida que vamos compreendendo mais este desporto, torna-se evidente que o golfe tem o potencial de tornar-se conhecido pela sua contribuição positiva à comunidade e ao ambiente.”

A ordem de trabalhos também tratou, obviamente, de questões mais internas e Miguel Franco de Sousa elucidou que “falou-se da estratégia da EGA para os próximos anos. É um dos grandes debates em cima da mesa. Queremos que a EGA se afirme cada vez mais como um governing body do golfe europeu, que defenda os interesses da modalidade a nível europeu, que se preocupe com handicaps e course rating, mas também com o fomento e desenvolvimento da modalidade? Para isso as federações terão de contribuir de forma muito clara. Ou queremos que seja apenas uma instituição que aloca campeonatos da Europa?».

A nível pessoal, para o novo presidente da FPG “foi uma oportunidade de networking. Estavam presentes 43 federações, o R&A, a USGA veio participar numa série de reuniões ligadas ao “World Handicap System” que está neste momento em curso, e temos a honra de ter uma representante portuguesa neste grupo de trabalho, a Ana Gabin, que fez duas brilhantes apresentações”.

Aliás, como presidente da FPG, Miguel Franco de Sousa constatou o que já sabia dos seus tempos de secretário-geral, isto é, o enorme prestígio de que Portugal goza na EGA.

“Somos um país que não deve envergonhar-se do caminho que tem trilhado, do trabalho que tem feito. Fomos citados em várias áreas como exemplo, não só na parte competitiva, porque embora os resultados não sejam extraordinários temos tido bons resultados e teremos dois jogadores no European Tour em 2017. Mas o Projeto de Desenvolvimento Juvenil Drive é muitas vezes apresentado como um bom exemplo de boas práticas e de medidas de fomento e de desenvolvimento da modalidade. Na questão dos handicaps somos um país líder. Somos um país altamente respeitado e muito reconhecido. Fazemos parte do core de decisores e dos senadores da EGA, em grande parte devido ao trabalho desenvolvido por Manuel Agrellos ao longo dos últimos 30 anos”, declarou.