Competem no Aphrodite Hills Cyprus Showdown, uma prova muito original que favorece o jogo de ataque
Ricardo Santos e Pedro Figueiredo integram os 105 jogadores que irão participar num torneio inovador do European Tour, a primeira divisão europeia, uma semana depois do mais velho dos dois portugueses ter entrado para a história do Aphrodite Hills Resort, ao tornar-se no primeiro jogador a fazer um hole-in-one naquele campo cipriota.
O Aphrodite Hills Cyprus Showdown, arranca já na quinta-feira e apresenta um formato inédito, tornando ainda mais imprevisível qualquer prognóstico sobre o futuro campeão, na medida em que todos os jogadores ficarem em pé de igualdade na partida para a última volta.
No fundo, a melhor quarta e última volta ditará o vencedor, favorecendo um golfe de ataque, bem mais atraente para os fãs que irão seguir pela televisão a prova de um milhão de euros em prémios monetários.
Claro que não estarão todos os 105 jogadores na última volta. À semelhança dos torneios regulares do European Tour, haverá um cut após os primeiros 36 buracos, mas será um cut bem mais restrito.
Na semana passada, no mesmo Aphrodite Hills Resort, 68 jogadores passaram o cut, dos 105 participantes do Open do Chipre. Esta semana só o top-32 poderá disputar a terceira volta, mas, atenção, no início da terceira volta esse top-32 voltará a ter o resultado a zeros. Será, portanto, um novo torneio a começar. Nessa terceira ronda, só os 16 melhores resultados (e empatados) irão passar um segundo cut. E, como já foi explicado, os jogadores do top-16 voltam a zeros no início da quarta e última volta para decidir o campeão.
O European Tour está, assim, a fazer história em duas semanas consecutivas. Em 48 anos de existência do circuito europeu, foi a primeira vez que o Chipre acolheu uma prova da primeira divisão, tornando-se no 50.º país a fazê-lo.
Por consequência, o Aphrodite Hills Resort estreou-se no European Tour e os dois portugueses jogaram pela primeira vez no campo desenhado por Cabell Robinson. Aliás, para ambos, foi a primeira vez que viajaram à ilha mediterrânea.
O balanço que fizeram foi largamente positivo, percebendo-se que estamos perante um traçado bonito e acessível até a amadores, com o valor acrescentado de estar situado perto de três estações arqueológicas ligadas à mitologia grega, daí o nome do campo remeter para a deusa grega do amor.
«É um campo estreito, com alguns fora de limites perto dos fairways e greens. Não é um campo comprido, eu diria que médio. Tem todo o tipo de buracos, curtos e compridos. Está em muito boas condições e o tempo esteve ótimo. Havia um pouco de vento, mas nada de grave. Um campo muito bom na minha opinião. Agradável de jogar-se e desafiante», disse Ricardo Santos à Tee Times Golf, em exclusivo para Record.
Pedro Figueiredo concordou: «É um campo do género de resort, simpático de se jogar, não muito difícil, mas com bons buracos, sobretudo das marcas mais recuadas. Há vários tipos de buracos, alguns curtos, um ou outro Par-4 mais comprido. Os Par-3 são exigentes, os Par-5, na maioria das vezes, chega-se com 2 pancadas ao green, mas também há algum perigo no segundo shot ao green, portanto, diria que é um campo onde temos oportunidades de birdie, mas também não é difícil fazermos bogeys ou duplos, porque tem alguma água e há zonas fora de limites perto. As condições de jogo estiveram ótimas, o tempo excelente, 25 graus, temperatura, pouco vento à exceção de sábado. Com vento o campo leva-nos a pensar mais e torna-se mais interessante».
Quando o European Tour passou em setembro pelo Portugal Masters e Open de Portugal at Royal Óbidos ainda não tinha havido casos de testes positivos dentro das bolhas sanitárias de cada torneio, mas isso mudou recentemente.
«A situação está a ficar mais apertada, por na semana passada (a do Open de Itália) ter havido alguns casos positivos», explicou Ricardo Santos, enquanto Pedro Figueiredo acrescentou que, devido à beleza e equipamentos do empreendimento turístico em que se encontram, torna-se mais fácil estarem fechados com sérias medidas de segurança: «A pandemia continua a sentir-se, estamos numa bolha, mas bem instalados, num resort porreiro. O hotel é dentro do campo e não podemos queixar-nos».
Em termos desportivos também não podem lamentar-se da semana passada. Uma semana depois de ambos terem falhado o cut no Open de Itália, puderam jogar os quatro dias no Open do Chipre e qualquer um deles fez a sua melhor volta do último mês no European Tour.
Pedro Figueiredo começou o Aphrodite Hills Cyprus Open, de um milhão de euros em prémios monetários, com uma volta inaugural de 66 pancadas, 5 abaixo do Par, convertendo 8 birdies. Não jogava tão bem desde a última volta do Open de Portugal at Royal Óbidos de 7 pancadas abaixo do Par.
Ricardo Santos concluiu o Open cipriota com outra volta de 66 (-5), o seu melhor resultado desde o seu último cartão de 67 (-5) em Royal Óbidos. No seu caso, a boa prestação teve os pontos altos em dois eagles (incluindo o hole-in-one) e quatro birdies.
«Foi o meu terceiro hole-in-one de carreira. Foram os três em competição e sempre no European Tour: O primeiro foi na China (Volvo China Open de 2012), o segundo em Celtic Manor (Open do País de Gales em 2013) e o terceiro aqui», disse Ricardo Santos ao Gabinete de Imprensa da Federação Portuguesa de Golfe.
O ás aconteceu no buraco 7, o mais icónico do campo, junto a uma enorme garganta junto à costa, um buraco de Par-3 com 95 metros, e o hole-in-one foi executado com um wedge de 56°.
É este tipo de golfe, de ataque, que poderá permitir aos portugueses brilharem no torneio desta semana e qualquer um deles tem razão para sentir que voltas como estas poderão estar de novo ao seu alcance.
Ricardo Santos foi o melhor português e terminou no grupo dos 34.º classificados, com 275 pancadas, 9 abaixo do Par, após voltas de 69, 69, 71 e 66. Arrecadou um prémio de 6.639,11 euros e a subiu ao 201.º lugar na Corrida para o Dubai, um progresso de 16 posições.
«Do tee ao green senti-me muito bem. Em relação ao putt, tirando o último dia e o do segundo dia até ao buraco 15, não estive bem. Dei poucos putts por volta porque muitas vezes estava no ‘semigreen’, mas perto da bandeira (uns 3 ou 4 metros). Fazia 2 putts, mas nas estatísticas só contava o segundo putt (já executado no green). O putt foi o que esteve menos bem esta semana», contou o português de 38 anos à Tee Times Golf.
Pedro Figueiredo até começou o torneio no 8.º lugar mas terminou-o no grupo dos 53.º classificados, com um agregado de 278 (66+72+70+79), 6 abaixo do Par. Ascendeu 2 lugares na Corrida para o Dubai, para 198.º, e arrecadou um prémio de 3.270,38 euros.
«Esta semana fiz 16 birdies, o que não é mau, talvez por estar a ‘drivar’ um pouquinho melhor. Sinto que nos últimos meses melhorei o drive e isso viu-se nos buracos de Par-5 que, com um bom drive, são buracos de birdie. Mas confesso que sinto que deveria ter feito mais birdies, porque nos últimos três dias os putts não entraram. Foi só no primeiro dia que consegui meter bastantes putts e daí ter feito 8 birdies, ou seja, tantos quantos os dos outros três dias somados», comentou o português de 29 anos.
«Comecei com uma boa volta, no top-10, e achei que poderia ser uma boa semana. É um campo que adapta-se relativamente bem ao meu jogo, já que o shot ao green é importante, não é extremamente comprido, é até estratégico, mas o putt deixou-me em baixo nos últimos três dias porque, de resto, senti o jogo igual nos quatro dias de prova», acrescentou ‘Figgy’.
Para Santos e Figueiredo, o insucesso no Open de Itália já ficou para trás e provaram que estão mesmo numa boa fase da carreira. Santos passou o cut em sete dos últimos oito torneios que jogou; Figueiredo passou o cut em três das últimas quatro competições em que participou.
«Nos últimos quatro torneios só o falhei o cut no Open de Itália. Senti que nem joguei mal em Itália (voltas de 74 e 69 para um total de -1), mas o meu jogo não se adaptava tão bem a esse campo (Chervò Golf Club, em Brescia), por ser muito comprido. Era preciso jogar de drive em todos os buracos, era importante jogar um drive comprido até porque o campo estava molhado e a bola não estava a rolar, estava frio e a bola andava ainda menos. Para os jogadores compridos – o que não é o meu caso – o campo era mais fácil», recordou Figueiredo.
«Em Itália, é verdade que as coisas não me correram bem, mas não era um campo bom para o meu tipo de jogo (comprido e largo). Senti que o jogo estava lá e ter falhado o cut não era motivo para alarme. No Open do Chipre encarei uma semana nova como uma nova oportunidade», afiançou Santos.
O vice-campeão nacional de profissionais teve ainda direito a uma cerimónia especial ao lado de Loizos Telemachou, o Diretor de Operações no Aphrodite Hills Hotel by Atlantica, que presenteou-o com um ‘voucher’ de cinco noites de alojamento gratuito, no regime de tudo incluído, pelo primeiro hole-in-one na história do campo. Mais alguns como esse a partir de quinta-feira e Ricardo Santos será um dos sérios candidatos ao título do Aphrodite Hills Cyprus Showdown.