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Uma portuguesa no European Tour
16/09/2014 11:51 Rodrigo Cordoeiro
Joana Trigoso numa pausa do seu trabalho no Senior Open de Portugal / © FILIPE GUERRA

Joana Trigoso faz parte dos quadros do Circuito Europeu em Wentworth, Inglaterra

“Nunca foi segredo que o meu sonho era trabalhar para o European Tour”, confessa Joana Trigoso. E o seu concretizou-se em Dezembro quando soube, em vésperas de Natal, que fora a eleita, entre cerca de 30 concorrentes, para preencher uma vaga no departamento de Championship Management. A 13 de Janeiro iniciou funções na sede do European Tour no resort de Wenthworth, Inglaterra, não longe de Londres.

Qual é exactamente o seu trabalho? No cartão de visita que nos entregou vem lá Assistant Tournament Services Manager. No seu caso, ficou encarregada do Open da Escócia e, por razões naturais, do Portugal Masters. Entretanto, acabou por ter de desdobrar-se pelo Senior Open de Portugal no Vidago Palace, prova que só teve a sua confirmação em Agosto e que se realizou neste último fim-de-semana. Foi lá que GOLFTATTOO a encontrou e conversou com ela.

“O que fazemos é a organização destes torneios de fio a pavio, portanto, arranjar sponsors, negociar contratos de patrocinio, tratar do catering, envolvimento com os clubes de golfe por onde passam o torneios, o estado do campo, a parte do green keeping, as wrist bands, a produção dos bilhetes, o alojamento de toda a equipa do European Tour, etc”, explica Joana Trigoso, de 33 anos.

Mas trabalhar no European Tour não foi propriamente uma novidade para Joana. Em 2004, acabou o curso e foi directa para o Algarve, para trabalhar na Lusotur Golfes, mais concretamente como secretária de golfe no então recém-inaugurado campo do Victoria, em Vilamoura. Foi nesta altura que André Jordan assinou contrato para a realização da World Cup de 2005 no Victoria. Durante esta prova teve o seu primeiro contacto com o European Tour.

“A partir daqui”, conta, “fiquei a dar-me muitíssimo bem com eles, e o Peter Adams, que era e ainda é Director of International Championships, começa a chamar-me para os torneios do European Tour que havia em Portugal. Na altura havia o Open de Portugal na zona de Lisboa e depois, a partir 2007, o Portugal Masters no Victoria. Passo eu a tirar férias do meu emprego normal no Grupo André Jordan para fazer torneios do circuito.”

A dada altura, a colaboração estendeu-se pontualmente a dois torneios do calendário internacional do European Tour fora de Portugal e até da Europa, o Open de Hong Kong e o Omega Mission Hills World Cup, a mesma prova que em 2005 se realizara no Victoria. “Não quero mentir mas penso que Hong Kong tenha sido em 2009 e depois a World Cup em Mission Hills, na China, em 2011.”

Joana Trigoso no seu posto de trabalho no Senior Open de Portugal / © FILIPE GUERRA

Para Joana Trigoso, foi memorável ter estado envolvida, este ano, no Open da Escócia, que se jogou em Julho, como habitualmente a anteceder o British Open. “Eu nunca tinha ido à Escócia e sonhava ir, porque quem joga golfe ou está ligado ao golfe sonha ir à Escócia. E, de repente um dos torneios do meu calendário é o Scottish Open, e este ano fui mais vezes à Escócia em reuniões de preparação e tudo o mais do que vim a Portugal.”

E continua: “Foi o primeiro torneio que fiz em full time no European Tour, com um envolvimento que nada tem a ver com o envolvimento que tinha quando simplesmente fazia os torneios on site em Portugal. No Open da Escócia tínhamos uma uma tenda VIP que era frequentada por 600 pessoas por dia. E a minha equipa tinha de dar resposta a isto e muito mais.”

Joana fala mesmo de uma “barrigada” de Escócia, visto que em Agosto as suas férias foram passada numa road trip  por este país. “Se já tinha gostado muito de todas as visitas a Aberdeen, depois de voar para Edimburgo e fazer a volta toda fiquei a gostar ainda mais. Tudo é lindo naquele país, e as pessoas são de uma simpatia sem limites.”

Joana Trigoso mora em Virginia Water, Surrey, na mesma localidade onde está situado o Wentworth Club, sede do European Tour. Partilha a casa com uma colega e vai todos os dias a pé para o trabalho, num passeio que dura 30 minutos. É um caminho lindo, como se estivesse a caminhar na Quinta do Lago, pois Wentworth é um resort de casa lindas, com três campos de golfe de cair para o lado.”

Apesar de trabalhar ao lado de tantos campos de golfe, não tem tido tempo para jogar. “Só joguei duas vezes desde que estou em Inglaterra. Este é um trabalho a full time, que exige muita dedicação, e muitas vezes nem ao fim-de-semana consigo desligar-me do computador”, explica. Natural de Lisboa, Joana teve duas internacionalizações pelas selecções nacionais quando era jogadora do Lisbon Sports Club. Actualmente, é 7,9 de handicap e sócia do Belas Clube de Campo.

O Senior Open de Portugal veio por acréscimo e numa altura complicada, quando se aproxima o Portugal Masters. Mas, sendo ela portuguesa, fazia todo o sentido que desde o apoio a uma prova realizada no seu país. “Tenho de dar toda a atenção ao Senior Open de Portugal mas não posso deixar de dar também atenção ao Portugal Masters, pelo que não tenho tido descanso.”

E, com efeito, ontem, segunda-feira, um dia depois do fim do Senior Open de Portugal, lá estava ela no Tivoli Lisboa, acompanhando a cerimónia de apresentação da oitava edição do Portugal Masters que se realiza já de 9 a 12 de Outubro no Oceânico Victoria. Como no Open da Escócia, Joana estará duas semanas no local do torneio. No mesmo local onde há uma década atrás iniciou a sua ligação ao European Tour…