
A recuperar de entorse grave, João Magalhães faz balanço da sua primeira época nos EUA
A primeira época de João Magalhães na equipa de golfe dos Skyhawks da Point University, no Estado americano da Geórgia, não acabou bem: falhou os últimos dois torneios (que eram os mais importantes) devido a entorse num dedo da mão direita. Mas este portuense de 19 anos, cujo cartão de visita é ser o recordista de títulos nacionais (8) nos escalões jovens (entre os sub-10 e os sub-18, passando pelos sub-12, sub-14 e sub-16, ganhou todos), faz um balanço positivo do seu primeiro ano nos Estados Unidos, ele que antes de partir deu nas vistas em Portugal com o segundo lugar no Optilink PGA Open (empatado com Ricardo Melo Gouveia e só atrás de um sensacional António Sobrinho) e com o quarto lugar no Campeonato Nacional Absoluto. O golfista do Oporto é um dos três portugueses dos Skyhawks, a par de Francisco Oliveira (que já lá estava quando João chegou), do CG Vilamoura, e de João Pinto Basto, do CG Estoril. Ei-lo agora em discurso directo:
"Vim para os Estados Unidos no dia 8 de Agosto de 2015. O primeiro ano de faculdade está quase a acabar e o balanço que faço é super-positivo. Penso que cresci muito como jogador e pessoa, conhecer novas pessoas com diferentes culturas é espectacular. Eu não sabia bem o que esperar mas vim focado para jogar golfe e estudar ao mesmo tempo. Tem corrido bem. Aqui é facil de conciliar ambas vertentes.
"Como sou freshman, tenho de viver no campus da faculdade, que é a cerca de dez minutos de carro da faculdade e a cinco minutos do campo de golfe onde treinamos. A universidade é pequena, tem poucos alunos e já conheço quase toda a gente. Isso ajudou-me bastante a ambientar. A faculdade fica em West Point, na Georgia, e é engraçado, porque mesmo vivendo a dez minutos da faculdade, vivo num estado diferente, no Alabama, numa cidade chamada Valley. Sim, atravesso a fronteira todos o dias, que é só um sinal a dizer “Welcome to Georgia”. É num apartamento com dois quartos, cada quarto com uma casa de banho e duas camas. Vivo com o meu amigo João Pinto Basto, com um inglês chamado Sam e um americano, Tyler.
"O João Pinto Basto habituou se muito bem aqui, toda a gente gosta dele e viver com ele é muito bom, entendemo-nos muito bem. Quando cheguei não conhecia ninguém, foi muito bom ter o Chico [Francisco Oliveira] aqui. O resto da equipa são todos americanos, no semestre passado havia um canadiano mas ele não voltou para a faculdade este semestre.
"No início do semestre passado, quando cheguei, joguei provavelmente o meu melhor golfe de sempre, depois fui caindo um bocado, mas com resultados aceitáveis. Falhei o último torneio desse semestre com um problema no pescoço, acordei cheio de dores e não conseguia mexer o pescoço. Tenho pena de me ter lesionado mais uma vez há cerca de duas semanas e meia, e de ter por isso falhado os últimos dois torneios, que eram sem dúvida os mais importantes de todo o ano. Treinamos e jogamos torneios a pensar nestes últimos dois, por isso estou um bocado desiludido. Agora é pôr-me bom para poder voltar a treinar e vir forte no próximo ano. Entretanto espero recomeçar a treinar sem limitações na pior das hipóteses daqui a duas semanas. Já lá vão duas semanas e ainda não me sinto capaz de jogar.
"O que aconteceu agora? Fiz uma entorse grave no indicador da mão direita. Estava a jogar um jogo com uma bola tipo de esponja e um aluno da faculdade que também estava no jogo acertou no meu dedo em vez de na bola. Foi num acampamento em que fui com mais dois amigos organizado pela faculdade com cerca de 80 pessoas. Fez este fim-de-semana duas semanas, desde aí tenho ido à fisioterapia todos os dias e quando temos treino vou e treino só com uma mão, ahahah. Este semestre joguei apenas três torneios.
João Magalhães tem ambições profissionais no golfe © FILIPE GUERRA
"Na passada sexta-feira o treinador da nossa equipa de golfe ligou-me a convidar-me para ser treinador-adjunto no torneio que decorreu ontem e hoje [segunda e terça-feira desta semana]. Ele disse que podia ser uma grande ajuda para a equipa mesmo não jogando, andando com os jogadores e ajudando-os no que eles precisassem, como ver linhas, qual o taco a jogar etc. Infelizmente hoje [terça-feira] não pude ficar lá para os ajudar, tive uma aula importante de gestão a que não podia faltar. Estive com eles na volta de treino e ontem o dia todo no campo. Eles jogaram 36 buracos, começaram as 9h30 da manhã e acabaram as 8h30 da noite, foi um dia bastante cansativo. Tenho de confessar que é dificil estar ali a ajudar e não a jogar.
"O meu treinador é espetacular, tem 29 anos e é da Africa do Sul. Ele veio para os EUA com 22/23 anos para jogar pela faculdade CSU (Columbus State University). O coach Paine está sempre preocupado connosco e procura sempre o melhor para nós. É um treinador muito interessado e que não é só um manager como grande parte dos treinadores na América, ele também percebe bem do swing, o que ajuda muito!
"Claro que continuo com o meu treinador dos últimos tempos, o David Lewellyn, que também trabalha com o Ricardo Melo Gouveia, o Pedro Figueiredo e o Tomás Silva. Até cheguei a estar com ele aqui nos Estados Unidos, ele veio há cerca de três semanas, foi muito bom, mas passado uma semana tive a lesão, o que não ajudou. E já quando estive durante um mês e uma semana em Portugal, no período natalício, tinha estado duas vezes com ele.
"Fiz muitos amigos aqui. O João e eu temos uma amizade muito forte, posso contar com ele para tudo! Tenho mais três ou quatro amigos muito próximos e estou quase sempre com eles, são todos americanos. Identifico-me com a personalidade deles, às vezes não diria que têm uma cultura diferente da minha.
"Em representação da equipa, já estive em Chicago, Orlando, Carolina do Norte e Carolina do Sul. Um campo chamado Ocean Forest em Sea Island foi provavelmente o melhor que já joguei. É o segundo melhor campo da Georgia a seguir a Augusta National; é privado e para se ser sócio só mesmo sendo convidado. Quando chegámos fomos agradecer o convite que nos ofereceram para jogar lá, fomos ao balneário e estavam quatro sócios sentados a jogar cartas e a fumar um charuto com televisâo à frente deles. Tinha também uma mesa de snooker. O driving range tinha bolas Titleist Pro-v1 novas para treinar. Os tees de saida pareciam greens, os fairways e greens espetaculares. É um campo comprido e estreito com árvores à volta, um campo lindo para se jogar.
"O Chico Oliveira está a ter um grande ano. Já venceu uma vez e ficou em segundo outra. Creio que fez 3 ou 4 top-5’s, o que é impressionante. Ele já tinha estado perto de vencer várias vezes, é preciso aprender a vencer e ele finalmente conseguiu há duas semanas vencer o torneio da nossa Conferência (Appalachian), já merecia há algum tempo..."