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Marco Penge vence Open de Portugal em Royal Óbidos
18/09/2023 06:11 Hugo Ribeiro
Marco Penge protagonizou uma última volta dominador no Oeste © Getty Images

Inglês de 25 anos atinge o ponto mais alto da sua carreira com título no Challenge Tour

Desde que regressou ao calendário internacional em 2017, o Open de Portugal tem mudado a vida de uma série de jogadores, como o inglês Matt Wallace, o polaco Adrian Meronk e o sul-africano Garrick Higgo, mas não há memória de algo semelhante ao que se passou com Marco Penge. 

Ao vencer domingo a 61.ª edição do Open de Portugal at Royal Óbidos, num dia em que choveu e esteve, sobretudo, um vento forte, o inglês de 25 anos coroou um ano inolvidável, no qual casou-se, passou a fase de qualificação de um torneio do Grand Slam (o British Open), venceu hoje o seu primeiro título do Challenge Tour e saltou para a 19.ª posição da Corrida para Maiorca (o ranking do circuito), ou seja, passou a integrar (provisoriamente) o top-20 que no final da época apurar-se-á para o DP World Tour, a primeira divisão europeia. 

Marco Penge, filho de um italiano, mas de nacionalidade inglesa, foi 2.º classificado nas três primeiras voltas do torneio – na quinta-feira atrás do português Tomás Bessa, na sexta-feira a perseguir o espanhol Manuel Elvira e no sábado nos calcanhares do seu compatriota Andrew Wilson –, mas acabou por vencer à vontade, com 4 pancadas de vantagem sobre o norte-americano Julian Suri (72+67+66+71) e o italiano Lorenzo Scalize (72+67+68+69). 

Foi o 17.º inglês a vencer o Open de Portugal, mas o primeiro desde Matt Wallace em 2017, e fê-lo com 272 pancadas, 16 abaixo do Par do Royal Óbidos Spa & Golf Resort, após voltas de 65, 68, 69 e 70. 

Do total de 250 mil euros em prémios monetários que estavam em jogo, garantiu 40 mil, enquanto os dois vice-campeões levaram para casa 22.500 euros cada um. 

Como o próprio Marco Penge sublinha, é incrível pensar que “há cinco semanas era o 84.º no ranking e estava preocupado em manter o meu cartão para o Challenge Tour”. Agora, é um rival do português Ricado Melo Gouveia, na luta pelo top-20 da Corrida para Maiorca. 

Ricardo Melo Gouveia chegou ao mais importante torneio de golfe português no 21.º posto desse ranking do Challenge Tour e sabia que uma segunda vitória este ano, depois do título conquistado no Abu Dhabi, iria garantir-lhe praticamente a subida de divisão. 

No entanto, embora tenha melhorado o seu jogo comprido ao longo do torneio, o putting não ajudou e acabou por fechar a prova no 60.º lugar, com 290 (70+72+69+79), +2. O profissional da Quinta do Lago recebeu 712 euros e desceu um degrau para a 22.ª posição no ranking. Mantém, contudo, bem vivas as suas aspirações de subir de divisão, mostrando muito bom golfe a espaços. 

Não foi, no entanto, o melhor português, como acontecera aquando da sua última visita a Royal Óbidos (4.º classificado em 2021). Desta feita, esse estatuto foi partilhado por Ricardo Santos e Tomás Bessa, integrados no grupo dos 47.º classificados, com 287 (-1). Cada um embolsou mil euros. Santos somou voltas de 73, 69, 70 e 75, enquanto Bessa agregou rondas de 63, 76, 76 e 72. 

Ricardo Santos, jogador do Wyndham Grand Algarve, não se arrependeu da opção de vir jogar o Open e acredita que poderá ser-lhe útil para o Open de França da próxima semana, no DP World Tour, onde milita. 

Tomás Bessa, profissional da Cigala, fez a melhor volta do torneio (-9) e aprendeu a lidar com a pressão máxima decorrente da situação inédita de liderar um torneio do Challenge Tour; de ter feito a melhor volta de um português em Royal Óbidos; de ter igualado o recorde do campo desenhado por Seve Ballesteros. Uma lição que irá reforçar a sua experiência ao mais alto nível e um dia trar-lhe-á dividendos. 

O melhor exemplo disso é o próprio campeão, Marco Penge, que hoje recolheu os frutos de dificuldades passadas: “Quando joguei o The Open (British Open) no ano passado, estava muito nervoso e tive mesmo dificuldades a nível mental. Este ano até falhei o cut no The Open, mas já saí do torneio satisfeito pela forma como me comportei mentalmente e isso ajudou-me, aqui, hoje.” 

Superar dificuldades foi também o desafio da Federação Portuguesa de Golfe e Miguel Franco de Sousa, o seu presidente, admitiu que, durante alguns dias, o Open chegou a estar em perigo, mas valeu a pena ter arriscado levá-lo para a frente. 

“Esteve em perigo durante alguns dias depois de sabermos dos cortes do IPDJ e do Turismo de Portugal, a 90 dias da realização do evento. Tive uma reunião com a Administração de Royal Óbidos e, pensando bem, disse que iria assumir as consequências das perdas que vamos ter com este evento. Vamos perder umas dezenas de milhares de euros, mas é um investimento que deve ser feito. Não podemos deixar os nossos atletas profissionais sem apoios, nem podemos deixar de ter eventos que promovam Portugal, em geral, e Óbidos, em particular, enquanto destinos turísticos. A FPG está ao lado da indústria (do golfe) e vamos continuar a apoiar este evento.” 

Miguel Franco de Sousa falou, assim, aos media nacionais, depois de, na cerimónia de entrega de prémios ter agradecido, os patrocínios do IPDJ, Turismo de Portugal, Royal Óbidos Spa & Golf Resort (com Leonid e Konstantin Rachinsky presentes) e Câmara Municipal de Óbidos, na pessoa do seu presidente, Filipe Daniel.