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Para Scottie Scheffler o céu é o limite
11/04/2022 07:47 Rodrigo Cordoeiro
Scottie Scheffler e o seu caddie, Ted Scott, na hora da consagração © Master

Texano de 25 anos vence Masters no seu primeiro torneio na condição de n.º 1 mundial

Desde o australiano Jason Day em 2015 que não se via nada assim, isto é, um jogador a vencer quatro vezes no PGA Tour numa série de seis torneios jogados. O norte-americano Scottie Sheffler emulou-o ao conquistar este domingo o 86.º Masters Tournament, o primeiro major do ano e o único que se joga sempre no mesmo palco, o Augusta National Golf Club, na Geórgia (EUA). 

Para tornar o momento ainda mais especial, esta foi a primeira prova que jogou desde que, em 27 de Março, graças ao êxito no Dell Technologies Match Play, em Austin (Texas), ascendeu a n.º 1 mundial. É apenas o quarto jogador a vencer o Masters na condição de líder do ranking, depois de Ian Woosnam (1991), Fred Couples (1992), Tiger Woods (2001 e 2002) e Dustin Johnson (2020). 

A dimensão da proeza não se fica por aqui: Scheffler tornou-se apenas o segundo jogador, desde Tiger Woods, a vencer pelo menos quatro vezes na mesma época, incluindo triunfos num major e num World Golf Championship (WGC). Os WGC, a segunda série de torneios mais importantes do golfe mundial, foram criados em 1999, sendo o Dell Technologies Match Play uma das suas provas. Antes do Match Play, tinha vencido em Scottsdale, Arizona (Phoenix Open) e em Orlando, Flórida (Arnold Palmer Invitational).

Scheffler com o troféu e o casaco verde, indumentária que distingue os campeões do Masters  

Líder desde o segundo dia em Augusta National, Scheffler partiu para a jornada decisiva com -9 e com três pancadas de vantagem sobre o australiano Cameron Smith. Tudo apontava para um grande duelo entre aqueles que têm sido os jogadores mais “quentes” do momento e os únicos com múltiplas vitórias no PGA Tour em 2022. Isto, porque o terceiro, o sul-coreano Sungjae Im, estava seis pancadas atrás de Scheffler e os quartos, o irlandês Shane Lowry e o sul-africano Charl Schwartzel (campeão em 2011), a sete shots de distância. 

Smith – que em meados de Março conquistou o Players Championship, o quinto torneio na hierarquia mundial, a seguir aos quatro majors – começou muito forte, com birdie-birdie nos dois primeiros buracos, desde logo reduzindo para a diferença mínima. 

No buraco 3, no entanto, um chip-in para birdie de Scheffler, face ao bogey de Smith, repôs a margem inicial entre ambos, e um novo bogey de Smith no 4 aumentou a diferença para quatro shots. Depois de terem feito os mesmos resultados entre os buracos 5 e 10, o australiano fez birdie no 11. Mas o equilíbrio só se manteve até aqui, já que no 12 o vice-líder bateu o shot de saída para a água, concluindo-o com um triplo bogey e hipotecando as suas aspirações. 

Estava estendida passadeira a vermelha para Scheffler, uma vez que o seu mais próximo adversário passava a ser o norte-irlandês Rory McIlroy, que concluíra já com a melhor volta da semana (64) e com um total de 281 (-7). A partir daqui, Scheffler, então com -10, poderia até jogar os restantes cinco buracos em 2 acima do par. Jogou-os ao nível do par, com mais dois birdies (14 e 15) e um duplo bogey no 18, com um green a quatro putts, para um score final de 71 (-1), o mesmo de sábado. Nos dois primeiros dias, fizera 69-67.

Somando 278 (-10), acabou por ganhar com três à melhor sobre McIlroy. Smith (73 a fechar) terminou empatado no terceiro lugar com o irlandês Shane Lowry, ambos com 283 (-5), subindo ainda assim de 6.º para 5.º no ranking mundial. O campeão de 2021, o japonês Hideki Matsuyama, integrou o grupo dos 14.ºs, com 290 (+2). 

“Estou muito agradecido por estar nesta posição”, disse Scheffler, que facturou um prémio de 2,7 milhões de dólares. “Eu sempre sonhei em jogar este torneio. Chorei na primeira vez que recebi o meu convite pelo correio. Tive a sorte de jogar aqui a nível universitário e adoro este lugar. Adoro este campo de golfe. Se eu tivesse de escolher um torneio  para ganhar, este seria o torneio. Foi uma longa semana e jogar com a liderança não é fácil. Tentei apenas manter a minha cabeça no lugar e executar os shots. Fui paciente e confiei em mim a semana toda.”

Para Rory McIlroy, ainda não foi desta que se conseguiu juntar ao restrito lote de jogadores que alcançaram o Grand Slam de carreira, ou seja, que venceram os quatro majors do golfe (só lhe falta o Masters para lá chegar), mas despediu-se de Augusta National com uma exibição de antologia que lhe deu o título de vice-campeão. Com 64 (-8) a fechar, igualou a mais baixa volta final de sempre no Masters e registou o seu segundo resultado mais baixo em majors desde o 63 na primeira volta do British Open de 2010, em St. Andrews. 

Tiger Woods, de regresso à competição 14 meses depois do acidente de viação que lhe causou graves ferimentos na perna direita, terminou no 47.º lugar, após repetir as 78 (+6) de sábado. Um fim-de-semana que ficou longe do que fez nos dois primeiros dias (71-74), o que se compreende dada a sua ainda débil condição física, bem visível na forma como coxeava. Considerou no entanto que a sua presença no torneio, e o facto de ter passado o cut pela 22.ª vez em outras tantas participações, foi um dos maiores feitos da sua carreira. Notável, de facto.