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Seis portugueses passam o cut
14/09/2019 05:50 GOLFTATTOO \ Hugo Ribeiro
O galês de 31 anos Rhys Enoch, 20.º na Corrida para Maiorca, lidera o Open de Portugal após o cut © Octávio Passos-GolfTattoo \ FPG

O Open de Portugal é liderado por uma das figuras do Challenge Tour de 2019, o galês Rhys Enoch

Seis portugueses passaram hoje (sexta-feira) o cut no 57.º Open de Portugal @ Morgado Golf Resort, ficando a apenas um do recorde atingido no ano passado. No entanto, há um novo recorde nacional a registar pois, desde que nasceu o European Tour em 1972, é a primeira vez que dois amadores se qualificam para os dois últimos dias numa mesma edição desta prova.

À partida eram 18 os portugueses a competir no único torneio português do Challenge Tour, de 200 mil euros em prémios monetários, que a Federação Portuguesa de Golfe, a PGA de Portugal e o Grupo Nau Hotels & Resorts estão a organizar em Portimão.

Mas no final da primeira volta só três jogadores nacionais estavam dentro do cut provisório. Foi preciso um esforço notável para esse número dobrar hoje para seis, com os profissionais Tiago Cruz e Hugo Santos saltarem para o top-20, entre 151 participantes, no 16.º lugar, com 3 pancadas abaixo do Par; Filipe Lima entrar no top-30 em 27.º (-2); João Ramos subir para 34.º (-1); e os amadores Pedro Silva e Daniel da Costa Rodrigues fazerem história, empatados em 58.º (+1).

"O primeiro dia, na generalidade, não correu tão bem como estaríamos à espera mas já temos a certeza de que temos alguns jogadores dentro do cut, o que já por si é um bom sinal e acredito que vamos ter os portugueses em grande no fim de semana, o que vai ser, obviamente, muito importante. Mas estamos muito contentes por termos tido 18 portugueses, isso é fruto do trabalho que se tem feito com os nossos parceiros e também de termos um torneio do Challenge Tour que é da mais elementar importância para o golfe nacional", comentou Miguel Franco de Sousa, o presidente da FPG, numa altura em que ainda nem todos os seis portugueses estavam apurados.

Tiago Cruz estava ontem no top-25, mas hoje começou mal a segunda volta, com 2 bogeys nos primeiros quatro buracos, mas depois arrancou para uma boa exibição, com 4 birdies em cinco buracos (entre o 17 e o 3) para voltas de 71 e 70. Uma reação digna de um jogador que aos 36 anos tem outra experiência. "Se calhar há uns dez anos não teria sido capaz de manter esta calma",admitiu o ex-bicampeão nacional que foi 4.º classificado no ano passado e admite que é possível «sonhar com melhor». 

 

 Tiago Cruz arracou uma boa voilta com quatro birdies e, cinco buracos © Octávio Passos-GolfTattoo \ FPG

Hugo Santos está a ser a agradável surpresa do Open. O antigo campeão nacional, de 39 anos, partilha hoje em dia a carreira de jogador com a de treinador. Só foi convocado pelo Team Portugal para o Open três dias antes da prova começar e pela primeira vez na sua longa carreira passou o cut no Open de Portugal, um torneio em que ele se estreou em… 1998.

"Foram realmente dois dias bons (72 e 69 pancadas) e só tenho é de estar feliz, mas quem me conhece sabe que não sou de andar aí aos pulos", afirmou o irmão mais velho de Ricardo Santos. Ricardo, a grande estrela portuguesa do Challenge Tour de 2019, 4,º do ranking, que despediu-se do torneio em 139.º (+10).

Só houve outro jogador português, para além de Hugo Santos, a conseguir jogar hoje em 69 pancadas, 3 abaixo do Par. Referimo-nos a João Ramos, que melhorou 48 posições na tabela para o grupo dos 34.º classificados, com um agregado de 1 abaixo do Par. "Sem dúvida que foi bom, a volta de hoje foi ótima mas amanhã é outro dia", disse João Ramos, de 25 anos, que também passou o cut pela primeira vez no Open.

Pelo meio, ou seja, entre a dupla de Cruz e Santos em 16.º e Ramos em 34.º, está Filipe Lima, o vice-campeão do ano passado, que chega a meio da prova em 27.º empatado (-2) com voltas de 72 e 70. O bogey no buraco 18 de hoje ficou-lhe atravessado na garganta.

"Depois de tantas oportunidades falhadas (para birdie) saio com um sabor amargo na boca por causa daquele bogey" admitiu o português de 37 anos, residente em França. Não fosse essa pancada perdida e estaria em 16.º com Cruz e Santos. Como detetou que o único aspeto que necessita de melhorar para o resto do torneio é o putting, foi treinar essa pancada até anoitecer ao lado de Dani Rodrigues e Pedro Silva.

Pedro Silva tem 17 anos, Daniel da Costa Rodrigues celebra o 17.º aniversário amanhã (Sábado) e não poderia ter obtido melhor presente. Dani jogou de manhã e depois de juntar uma volta de 72 à de 73 da véspera ficou em pulgas, horas a fio, de telemóvel na mão, à espera de saber se seria suficiente para passar o cut. Pedro Silva jogou à tarde, chegou a andar com 4 abaixo do Par, acabou com -2, uma volta de 70 para adicionar à de 75 do dia anterior. Uma enorme recuperação. Já numa fase crepuscular do dia souberam ambos que estavam apurados para a fase seguinte logo na estreia de ambos no Challenge Tour.

Pedro Silva tem 17 anos chegou a andar com 4 abaixo do Par, acabou com -2, uma volta de 70 © Octávio Passos-GolfTattoo \ FPG

"Não estou completamente satisfeito, mas joguei bom golfe nos dois dias. Hoje comecei e acabei da pior forma, com 1 duplo-bogey e 1 bogey, mas consegui fazer uma volta a Par do campo que, não sendo perfeita, é uma boa volta. O cut era o primeiro objetivo, mas é claro que ambiciono mais do que o cut", sublinhou Dani, talvez recordando que ainda no ano passado o então amador Vítor Lopes foi top-15.

"Joguei bastante bem e são bons indícios para o meu futuro. Quero ir para os Estados Unidos em 2020, para poder conciliar os estudos com o golfe, e depois disso quer tornar-me profissional. Agora, nos próximos dois dias quero tentar jogar o máximo possível e ir lá para cima", adiantou Pedro Silva, ambicioso, em declarações à SportTV.

"Ter um jogador de 17 anos e outro que amanhã faz 17 a jogarem todos os dias num torneio do Challenge Tour, é positivo, até porque eles conseguiram melhorar os resultados do dia anterior, quando seria expectável que pudessem vacilar um bocadinho por terem pouca experiência e estarem debaixo de pressão", analisou Nelson Ribeiro, o selecionador nacional da FPG.

O 57.º Open de Portugal @ Morgado Golf Resort é liderado por uma das figuras do Challenge Tour de 2019, o galês de 31 anos Rhys Enoch, 20.º na Corrida para Maiorca e campeão em julho do D+D REAL Slovakia Challenge. Enoch igualou a melhor volkta do torneio, de 66 (-6), para saltar para o topo com um total de 135 (-9), com 1 de vantagem sobre o inglês Richard Bland (68+68), o n.º2 do ranking.

O 57.º Open de Portugal @ Morgado Golf Resort prossegue amanhã (Sábado) a partir das 7h57 mas a jornada de hoje ficou ainda marcada pela visita especial ao Morgado Golf Resort dos skippers Lyndsay Barnes, Dan Jones, Ryan Barkley e Jerónimo Gonzales, envolvidos numa regata que passa por Portimão, a Clipper Around the World Race, que Domingo prossegue para Punta del Este, no Uruguai.