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Susana Ribeiro vai estrear-se como profissional
15/09/2015 19:58 Hugo Ribeiro / FPG / PGA
Susana despediu-se do estatuto amador com vitória no domingo em Tróia / © FILIPE GUERRA

Tricampeã nacional abandona estatuto amador e joga Solverde Campeonato Nacional PGA

A sua estreia com esse novo estatuto está marcada para o Solverde Campeonato Nacional, que a PGA de Portugal e a Federação Portuguesa de Golfe irão organizar no Oporto Golf Club, em Espinho, de 17 a 19 de setembro, com 12.500 euros de prémios monetários. 

O 5.º torneio do Circuito Liberty Seguros/FPG, em Tróia, no Domingo passado, foi o seu último título enquanto amadora. O seu discurso de campeã na cerimónia de entrega de prémios foi memorável e muito aplaudido. 

“É um momento em que as emoções estão à flor da pele, por ser, no fundo, uma despedida. Queria terminar a minha carreira amadora com uma vitória. Foi sem dúvida um discurso emotivo. A dada altura, tive de terminar os agradecimentos, porque já estava quase a chorar, até porque o João Coutinho [diretor-técnico nacional] começou a agradecer a minha dedicação enquanto jogadora. É bom sentir que as pessoas valorizam isso. É difícil traduzir tudo o que sinto neste momento por palavras, mas queria agradecer tudo o que a Federação Portuguesa de Golfe fez por mim durante todos estes anos. Toda a equipa da FPG, para além de contar com excelentes profissionais, deixou-me, sobretudo, bons amigos”, disse Susana Ribeiro, de 25 anos. 

Atrás de si deixa um registo impressionante de 3 vitórias no Campeonato Nacional Amador Peugeot (2013, 2014 e 2015), 5 no Campeonato Nacional de Clubes Solverde (3 pelo Estela Golf e 2 ao serviço do Club de Golf de Miramar) e 2 na Taça FPG/BPI, para referir apenas os Majors nacionais amadores. Foi ainda a nº1 do Ranking Nacional BPI/FPG durante quatro anos seguidos, entre 2001 e 2014. 

No estrangeiro, competiu em Campeonatos do Mundo (Espírito Santo Trophy), da Europa, e as suas melhores classificações foram o 6º lugar no Campeonato Nacional de Stroke Play da Argentina em 2015, e o 15º lugar nos Campeonatos Internacionais Amadores da República Checa em 2015 e de Espanha em 2014. 

A portuense de 25 anos, sócia do Club de Golf de Miramar (em Vila Nova de Gaia), residente em Belas, também tem competido esporadicamente em torneios profissionais do PGA Portugal Tour e no Açores Ladies Open do Ladies European Tour Access Series (LETAS). 

O presidente da PGA de Portugal, José Correia, considerou que “a Susana é bem-vinda ao grupo dos profissionais portugueses. Precisamos de mais jogadoras e ela passará a jogar os torneios do nosso circuito, a começar pelo Solverde Campeonato Nacional PGA, onde também estará a Mónia Bernardo”. 

“A Susana disse-me que tem alguns convites garantidos para jogar no LETAS (a segunda divisão europeia) e existe a hipótese de podermos abrir o Algarve Pro Golf Tour a jogadoras. Vamos pensar nisso, porque seria uma boa ajuda para ela neste seu início de carreira”, acrescentou José Correia, que é também um dos promotores do Algarve Pro Golf Tour, que decorre entre novembro e março. 

Antes de passar a profissional e de enviar a necessária comunicação por escrito à FPG, a tricampeã nacional amadora teve o gesto bonito de falar pessoalmente com o presidente e o secretário-geral da FPG, respetivamente, Manuel Agrellos e Miguel Franco de Sousa, para além de anteriormente se ter aconselhado com o diretor-técnico nacional, João Coutinho. 

“O presidente da FPG disse-me que era importante porque precisamos de mais raparigas a passarem a profissionais”, contou Susana Ribeiro, sobretudo quando estamos a um ano do golfe regressar aos Jogos Olímpicos. 

Não há uma grande tradição das melhores jogadoras portuguesas optarem pelo profissionalismo. Aconteceu com Patrícia Roquette, Mónia Bernardo, Cláudia Dantas, Carla Lopes e agora Susana Ribeiro. O seu processo de decisão não foi fácil e levou muito tempo: 

“Quando entrei para a faculdade, a ideia era ter uma profissão e jogar como amadora. Pensava que o profissionalismo não era para mim. Concluí a licenciatura em Gestão e depois fiz o mestrado em Marketing e Gestão de Desporto.

“Percebi rapidamente que a gestão de empresas não seria o meu futuro. Trabalhei no Belas Clube de Campo, tanto na receção, como no apoio ao diretor de campo e apercebi-me que não era bem o que queria no golfe. Queria jogar ou dar aulas e foi nessa altura, em 2013, que decidi ser profissional. Falei com os meus pais e dei-me um prazo de dois anos para me preparar para o profissionalismo.

Embora vá tentar tornar-se na primeira portuguesa a competir regularmente no Ladies European Tour [a primeira divisão europeia], onde milita a luso-francesa Caroline Afonso (campeã nacional amadora em 2006), Susana Ribeiro tem os pés assentes na terra e está já a preparar uma carreira posterior como treinadora:

“Tenho o curso de nível-1 e tenho de fazer o nível-2, porque cada nível demora dois anos, ainda é um processo longo. Creio que é em janeiro que abre o próximo nível-2. Vou continuar a dar aulas às crianças na Escola Nacional de Golfe (no Centro Nacional de Formação de Golfe do Jamor), até porque os torneios profissionais costumam ser durante a semana. Para o ano gostava de fazer o TPI (Titleist Performance Institute) em Espanha. É uma área em que vou continuar a investir.

Foi há cerca de um ano que Susana Ribeiro anunciou aos media portugueses, no Açores Ladies Open, que estava a pensar em tornar-se profissional em 2015. Porquê agora, em setembro?

“É uma boa altura, porque estou numa boa fase de jogo e gostava de jogar alguns torneios profissionais antes da Escola de Qualificação do Ladies European Tour em dezembro. Também quero ambientar-me um pouco, porque é uma vida completamente diferente. Já joguei um Campeonato Nacional de profissionais (em 2011) como amadora, mas é muito diferente fazê-lo como profissional. Logo a seguir jogo o Quality First Open da PGA de Portugal em Belas, e o Açores Ladies Open. Desse modo não vou a frio para Escola de Qualificação do LET. 

Ninguém treina todos os dias e compete durante dez anos seguidos – os primeiros registos de resultados seus na FPG têm uma década – sem estabelecer objetivos e Susana Ribeiro tem alcançado tudo a que se propôs: “Quando era pequenina tinha o sonho de ganhar alguns torneios e consegui vencê-los todos, como o Nacional de Clubes e o Nacional Absoluto. Também queria ser nº1 nacional.”

Agora, como profissional, os objetivos são outros: “Uma pessoa tem sempre sonhos e eu gostaria de conseguir jogar daqui a dois anos no Ladies European Tour e gostaria de jogar um major.” 

O mais difícil será angariar apoios financeiros. José Correia, presidente da PGA de Portugal, avisa que o Portugal Golf Team “tem recursos muito limitados e até ao momento tem-se dirigido apenas para jogadores e não para jogadoras. Mas nunca se sabe. Se houver patrocínios específicos para jogadoras poderemos tentar ajudar a Susana”. 

No imediato, a jogadora conta com o seu salário de treinadora na Escola Nacional de Golfe e, claro, com a família: “Vai haver ajuda dos meus pais quando for a torneios. Começará por aí, mas depois espero ter alguns apoios.” 

No Solverde Campeonato Nacional PGA irá ganhar o seu primeiro prémio monetário e a sua grande rival será Mónia Bernardo, três vezes campeã nacional de profissionais. Susana Ribeiro poderá tornar-se na primeira a vencer no mesmo ano os dois Campeonatos Nacionais, o de amadores e o de profissionais. 

O Oporto Golf Club, reconhecido internacionalmente como o terceiro clube de golfe mais antigo da Europa Continental, celebra 125 anos em 2015. 

O Solverde Campeonato Nacional PGA é um dos eventos mais relevantes das celebrações da efeméride, sendo a primeira vez que esta prova se realiza nesta autêntica instituição do golfe português. Aliás, a última vez que um torneio do circuito profissional português se realizou naquele campo foi em 1969. 

Por esse motivo, o Mateus Rosé PGA Pro-Am, marcado para o dia 20 de setembro, é uma oportunidade rara e exclusiva para alguns amadores jogarem ao lado e conviverem com os melhores profissionais portugueses, num ambiente de festa no Oporto Golf Club.