Campeão nacional de profissionais conquistou ontem mais uma vitória na presença da namorada
Tiago Cruz e Ana Castilho são namorados desde Novembro de 2013, mas só quase um ano depois, em Agosto de 2014, estiveram juntos pela primeira vez num torneio de golfe. Aconteceu por ocasião do Campeonato Nacional PGA Portugal, ou seja, no Campeonato Nacional de Profissionais, num dos 18 buracos do Onyria Palmares Beach & Golf Resort, em Lagos. Tiago viria a vencer o torneio batendo Ricardo Santos no terceiro buraco do play-off.
Ontem, a cena repetiu-se. Tiago competiu este fim-de-semana no 3.º Morgado Classic, pontuável para o Algarve Pro Golf Tour, e Ana foi ter com ele na sexta-feira, para passarem juntos, sábado, o Dia dos Namorados. Ou pelo menos parte do dia, visto que Tiago jogava. O campeão nacional de profissionais era segundo classificado no fim da primeira volta no campo do Morgado do Reguengo, em Portimão, e na segunda volta arrancou um excelente 68 (-5) para subir ao topo, empatado com o britânico Scott Fallon. Foi necessário um play-off e aí o português selou a vitória fazendo o par logo no primeiro buraco, no 1 (par-4), contra o bogey do adversário.
A diferença é que no Campeonato Nacional PGA, Ana só assistiu à parte final da última volta, incluindo o play-off com Ricardo Santos. Ao passo que nos últimos dois dias acompanhou o namorado ao longo dos 36 buracos de jogo. “No Campeonato Nacional”, explica Tiago, “achei melhor ela não vir ver os 18 buracos, porque nunca tinha acontecido ela ter-me acompanhado durante uma volta de competição – e isso podia tirar-me um bocadinho do foco, podia levar-me a pensar não só no jogo mas também nela. Por isso optei por dizer-lhe para ir à praia de manhã e só esperar por mim, mais tarde, no buraco 18. Mas a Ana acabou por assistir ao play-off.”
Ana, 33 anos, natural de Beja, reconhece que, nessa ocasião, sofreu bastante: “Foi complicado, porque eu nunca tinha visto o Tiago num torneio e toda aquela parte final foi emocionante e stressante.” Já a propósito do torneio deste último fim-de-semana, diz que também houve algum nervosismo, sobretudo no desempate por “morte súbita”, mas que tentou sempre transmitir calma ao namorado enquanto jogador. “Foi muito gratificante estar lá a assistir a mais uma vitória do Tiago. Não sei se sou talismã para ele ou se é apenas uma coincidência, mas vou tentar estar presente em mais torneios no futuro”, referiu.
Ana e Tiago no cais Conde Rocha de Óbidos, em Lisboa / © FILIPE GUERRA
Para Tiago Cruz, 32 anos, n.º1 na Ordem de Mérito de 2014 da PGA de Portugal, a vitória de ontem foi a segunda no Algarve Pro Golf Tour, o que lhe permitiu juntar-se a Harry Casey e Daniel Gaunt (ambos também com dois triunfos) no grupo dos únicos múltiplos vencedores deste circuito lançado pela PGA de Portugal e pelo Jamega Tour, com grande sucesso, em Novembro do ano passado. Isto com 12 torneios realizados – e com outros mais aprazados para Março.
Ana não estava, porém, presente quando Tiago venceu a 27 de Novembro o 2.º Palmares Classic, no mesmo campo onde ele se sagrou campeão nacional em Agosto. Esteve, isso sim, presente no torneio prévio, o 1.º Palmares Classic, em que Tiago foi 5.º classificado a três pancadas do vencedor Harry Casey. Dá uma boa percentagem: num total de três torneios presenciados, Tiago venceu dois.
Na escadaria José António Marques na Avenida 24 de Julho / © FILIPE GUERRA
Ana e Tiago tinham alguns amigos em comum e conheceram-se via Facebook. “É uma forma muito habitual, hoje em dia, de conhecer pessoas”, comenta Ana. “As redes sociais estão muito na moda. Acho que foi uma forma de o conhecer como outra qualquer. Começámos a falarmos-nos cada vez com mais frequência até que combinámos encontrar-nos. E pronto, foi assim”, acrescenta. Tiago Cruz: “Sim, nós falávamos todos os dias e depois começámos a encontrar-nos. Mas só começámos a namorar em Novembro, aí uns três meses depois.” Hoje, vivem juntos em Paço de Arcos.
Para Ana, que trabalha na área de Recursos Humanos na empresa Hospedeiras de Portugal, o golfe era “um mundo completamente desconhecido” quando conheceu Tiago: “Achava que só aqueles senhores mais velhos, com uma certa idade e com bastante dinheiro, é que praticavam golfe. Sinceramente, era essa a imagem que tinha. Nem fazia ideia que havia profissionais de golfe em Portugal, não tinha a menor ideia. Não sabia que uma volta tinha 18 buracos, o que é que era um green, o que é que era um tee...”
Mas será que Ana já foi conquistada para a modalidade por Tiago Cruz? “Já tentei, tentei dar umas tacadas mas não é fácil. Diria que é muito mais difícil do que aquilo que parece. Só o facto de pegar no taco para mim é difícil, eu pego uma vez e depois volto lá e já não sei como colocar as mãos correctamente. Normalmente ponho as mãos ao contrário, o Tiago diz que eu pareço uma canhota e pronto. Vamos continuar a treinar de vez quando, mas não me parece que tenha muito jeito para a coisa.”
“Não, não é um caso perdido”, defende Tiago. “Eu acho que não há casos perdidos, é uma questão de praticar e fazer também um pequeno esforço para querer evoluir. Eu faço os possíveis para que a Ana consiga treinar um pouco, às vezes isso não é possível, e assim é mais difícil melhorar. A falta de tempo, às vezes, complica. Ter um trabalho de segunda a sexta-feira, algo intenso, e depois no fim-de-semana às vezes nem sempre apetece, há sempre muitas coisas para fazer e tudo o mais.”
Também não importa se Ana não vingar como simples golfista amadora. O seu papel no golfe pode perfeitamente resumir-se a musa inspiradora de Tiago. “Acho que o meu jogo está melhor desde que estou com a Ana, sinto-me mais calmo e é sempre um motivo de felicidade quando chego a casa e estou com ela.”