Profissional madeirense junta-se à equipa de treinadores da Escola Nacional de Golfe
Depois de 12 anos no Porto Santo Golfe, Andrew Oliveira mudou-se no início do ano para a Escola Nacional de Golfe, no Centro Nacional de Formação de Golfe do Jamor (CNFGJ), juntando-se ao grupo de treinadores da Federação Portuguesa de Golfe que ali lecciona, composto por Nuno Campino, Luís Barroso e Tiago Osório.
“Foi uma oportunidade que surgiu por convite do Nuno Campino [treinador e seleccionador nacional], achei que era um desafio interessante”, explica o madeirense de 36 anos, treinador de golfe de Nível-3, divorciado e sem filhos. “Em termos de currículo, vou valorizar, em termos de aprendizagem, também. Comecei a trabalhar no dia 13 de Janeiro e no primeiro mês dei cerca de 70, 80 aulas. Cada aluno é sempre uma aprendizagem. E depois há aqui um bom ambiente de trabalho, com os outros treinadores.”
Andrew só se colocava a si próprio duas condições para vir para Lisboa: não apanhar trânsito e não morar no meio de prédios. De maneira que arrendou uma casa na Cruz Quebrada, mesmo em frente à Marginal, com vista para o rio, e “a dois buracos de par-5” do seu local de trabalho no Centro Desportivo Nacional do Jamor, em Oeiras. Viu vários apartamentos melhores mas não com aquela localização.
“Adoro ver o mar, tenho de ver o mar, tocar o mar, não sei se é uma fobia que eu tenho. No campo do Porto Santo, nos buracos do norte, via o mar a bater, em minha casa ouvia as ondas do mar, e na minha outra casa no Funchal abro a varanda e vejo o oceano”, como que justifica.
No banco do CNFGJ junto ao tee do buraco 1 / © FILIPE GUERRA
Campeão nacional de juniores (dos 18 aos 21 anos, escalão que entretanto foi extinto) em 1998 e 1999 e membro da selecção nacional na segunda metade da década de 90 do século passado, Andrew Oliveira representou o Clube de Golfe do Santo da Serra enquanto amador e tornou-se profissional de golfe em 2002, trabalhando então dois anos como adjunto do treinador daquele clube, João Sousa, já falecido.
Entretanto, em 2004, foi convidado para ir abrir o campo do Porto Santo Golfe, onde acabaria por ficar até ao final do ano passado, altura em que acumulava já as aulas com a manutenção do campo, com a organização de torneios e com o cargo de director desportivo. Desse período, destaca os três Opens da Madeira, o Campeonato Nacional Absoluto e o Internacional de Portugal que ali se realizaram.
E conta o único episódio que vivenciou com Severiano Ballesteros, a malograda lenda do golfe que concebeu o lay out do campo de Porto Santo. “Foi no torneio de abertura do campo, em Outubro de 2014. Na altura jogávamos ambos com Callaway, e ele pediu-me os tacos emprestados. Logo no buraco 1, mandou duas bolas à direita, para fora, olhou para mim e disse-me que as varetas eram muito flexíveis.”
O nome próprio de Andrew explica-se por ter nascido em Colchester, a norte de Londres, filho de pais portugueses que voltaram para a Madeira quando ele tinha três anos. E o bichinho do golfe foi-lhe transmitido pelo seu pai, que hoje tem 72 anos e joga golfe há mais de 50; em Inglaterra, trabalhava num hotel com campo de golfe, tendo chegado a jogar com nomes como Lee Trevino, Gary Player e Bobby Robson.
“Lembro-me de quando era miúdo, com 5, 6 anos, em vez de ver os desenhos animados, eram cassetes de golfe. Cresci a ver golfe na televisão juntamente com o meu pai, começou aí a minha paixão pela modalidade”, conta Andrew Oliveira, que chegou a estar cerca de três anos só dedicado ao treino e ao jogo. “O sonho de qualquer profissional é o de ser jogador, infelizmente, as coisas não me correram bem e virei-me para o ensino.”
No escritório da academia do CNFGJ / © FILIPE GUERRA
E agora que veio para o continente, não vai dar uma perninha em termos competitivos? "Se isto correr tudo bem, não vou ter tempo para treinar – e não vou entrar em torneios só para fazer figura de corpo presente. Mas se na altura dos torneios tiver tempo para treinar, então, sim, competirei. Mas a minha prioridade aqui não é jogar, mas sim dar aulas, aprender com toda a gente e obviamente apostar na minha formação”, responde.
No Porto Santo, Andrew Oliveira apanhava todas as semanas o navio para o Funchal, onde matava saudades da família e dos amigos. Agora isso não é possível, mas nem por isso ele deixa de ter um conterrâneo bem perto, Carlos Laranja, que, com apenas 15 anos, está a viver desde Setembro passado no Centro de Alto Rendimento do Jamor, na condição de Jovem Talento. E Andrew até lhe fez de caddie no recente Internacional de Portugal no Montado.
“Pelo que eu vejo do Carlos Laranja neste momento, é um miúdo muito dedicado, tanto na parte física como na parte de jogo, tem muita vontade de querer ganhar no futuro. Se ele continuar com esta dedicação, acredito que será um dos melhores jogadores a nível nacional”, afirma em relação àquele que é o melhor golfista madeirense da actualidade.
Sobre o CNFGJ, afirma que tem excelentes condições de treino e de ensino e um bom campo comercial de 9 buracos para quem está a começar. “Acho que esta infra-estrutura, que se deveria replicar pelo país, tem todas as condições para proporcionar uma subida no número de federados em Portugal. Neste momento temos cerca de 15 mil, 16 mil, acredito que dentro de alguns anos esse número será consideravelmente superior.”
Contribuir para que isso seja uma realidade faz agora parte da sua vida profissional.