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As desafiantes cervejas artesanais da Carregueira
26/03/2017 16:11 RODRIGO CORDOEIRO
Nuno Cardoso e Rodrigo Cordoeiro em prova no bar do Lisbon Sport Club / © FILIPE GUERRA

Devil’s Three, Five Drive e Long Eighteen celebram mais antigo clube de Lisboa

Desde sempre que a cerveja faz parte da cultura do golfe, nomeadamente no célebre “buraco 19”, o local onde golfistas partilham, bebericando, os seus feitos e falhanços. Vai daí o Lisbon Sports Club, vulgo Carregueira, porque se situa na serra da Carregueira, em Belas, Sintra, criou o ano passado cerveja artesanal inspirada no respectivo campo de golfe. 

Com ingredientes naturais, alguns deles produzidos na própria propriedade, como os coentros e os orégãos, as três novas cervejas têm características em comum com os buracos que celebram, assim se incentivando os jogadores a prolongarem o sabor do jogo para além do percurso, sob o conceito Play Local, Drink Local

As cervejas – cujos rótulos das garrafas são inspirados no scorecard do campo e possibilitam que se escreva sobre eles para assinalar o resultado que cada um fez – são também vendidas em packs na loja de golfe, para os que as apreciaram ou para quem quiser levar uma recordação daquele que é o mais antigo clube de golfe de região de Lisboa. 

Vamos a elas. 

A DEVIL THREE alude ao buraco 3. É uma cerveja Indian Pale Ale (IPA), mais complexa, intensa e spicy, com mais especiarias do que as outras, tal como este par-3 que, com vegetação abundante, é dos mais bonitos de Portugal, com tees elevados e uma regueira frontal a meio do fairway e que segue pelo lado direito do green

A FIVE DRIVE é uma American Pale Ale (APA) e, mais suave e leve, remete para o tee majestático do buraco 5, um par-5 acessível de 440 metros. 

Finalmente, a LONG EIGHTEEN, uma Porter de sabor e aroma mais longo, a fazer jus ao desafiante 18, desafiante não só pelo seu comprimento (par-4 com 440 metros), mas pela regueira que o serpenteia até ao green.

 

A iniciativa partiu de um dos membros do clube, Nuno Cardoso, Partner e Director Criativo da agência de publicidade NOSSA, eleita em 2016 a Agência Criativa Digital do Ano pelos prémios SAPO. 

Casado com Patrícia Nunes Pedro, antiga campeã nacional amadora de golfe, Nuno é cunhado do actual presidente do Lisbon, Pedro Nunes Pedro, fazendo assim parte de uma emblemática família do golfe nacional que desde os anos 70 está ligada a este clube. 

Conta que não foi imediatamente após o casamento que se ligou ao golfe. Praticante de futebol, só o fez após sofrer uma rotura de ligamentos. Descobriu então a “mística” do clube, a sua “história fascinante”, uma “envolvência natural que mais nenhum tem”. 

“Passeias pelo campo, não tem nenhum projeto urbanístico associado, não vês uma única casa, é uma associação sem fins lucrativos, pertence aos seus sócios – e todos estes elementos contribuem para que realmente seja diferente”, justifica. 

Foram dois os motivos que o levaram a abraçar este projecto. Primeiro, o facto de ser um amante de cerveja, embora sublinhe que isso não o torna num especialista na matéria. “Gosto, como diria o outro, na óptica do utilizador, mas há já quatro ou cinco anos que pensava em ter uma cerveja artesanal, ainda antes desta febre que surgiu entretanto. Cheguei a registar marcas de cervejas, mas que nada tinham a ver com golfe.” 

Segundo, o fazer alguma coisa para reforçar a diferença de um clube único. “O marketing do golfe tem necessidade de criar ideias novas e oferecer aos seus jogadores e visitantes novas experiências”, considera. “Os turistas que nos visitam querem jogar em Portugal em campos diferentes, mas também apreciar a nossa gastronomia”, continua. 

Apresentou a ideia ao presidente do clube, que se mostrou entusiasmado. A escolha recaiu no mestre cervejeiro João Pisco, da Beer Deck Lab, uma microcervejaria localizada no Estoril, que se encarregou de produzir 900 litros. A experiência de Nuno Cardoso foi de outra ordem, criativa, nos nomes, rótulos, packaging, comunicação, tudo derivando da ideia de homenagem e celebração. “Ajuda muito eu jogar e saber como funciona a cabeça dos golfistas”, sublinha. 

“Ao longo de vários meses”, continua, “a cerveja andou em preparação, um bocadinho nos segredos dos Deuses, até que foi revelada a toda a direcção. Então combinámos fazer o lançamento interno para os sócios, com um torneio de 15 buracos de degustação. Acabávamos de jogar esse buraco e no final havia uma prova de cerveja. Julgo ser a primeira cerveja artesanal de um clube de golfe.” 

“O lançamento foi um sucesso e as vendas também têm sido, já vamos no segundo lote”, congratula-se. "Está à venda no Lisbon e noutros locais, como no Centro Nacional de Formação de Golfe do Jamor. Já fomos abordados por mais dois campos (um de Lisboa e outro do Oeste) para criarmos cervejas especiais para eles mas ainda não avançaram”, revela.

Já agora, foi saborosa a prova.