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Casal de golfistas cria loja-sensação do ano
08/12/2014 16:05 Rodrigo Cordoeiro
tags: Mona
Patrícia Nunes Pedro e Nuno Cardoso: criatividade é com eles / © D.R.

Patrícia Nunes Pedro e Nuno Cardoso celebram primeiro ano de existência da premiada Mona

Patrícia Nunes Pedro, além de fazer parte de uma emblemática família do golfe nacional, desde sempre ligada ao Lisbon Sports Club, em Belas (Sintra), foi uma  distinta praticante da modalidade: conquistou sucessivos títulos nacionais nos escalões jovens, sagrou-se campeã absoluta de Portugal em 1998 e no ano seguinte venceu o outro campeonato major amador do país, a Taça da Federação Portuguesa de Golfe. 

“O último campeonato nacional que ganhei foi o de pares mistos, em 2004, com o Salvador Costa Macedo”, recorda Patrícia, ainda hoje com 6 de handicap. “Marcou um pouco o fim da minha ida aos torneios da Federação. Entretanto fiquei mais velha, entre aspas, e tornou-se difícil conciliar o golfe com o meu trabalho na publicidade. Hoje jogamos ao fim-de-semana, fazemos vida de clube, que é o ponto de encontro da família.” 

Nuno Cardoso, 17 de handicap, queixa-se de que foi obrigado a começar a jogar golfe. “Caí numa família de golfistas e não tive hipóteses – ou entrava no golfe ou ficava de fora”, brinca. “Ainda houve uma altura do nosso casamento em que a Patrícia jogava e eu não punha os pés no golfe. Joguei futebol toda a vida, mas quando fiz uma rotura de ligamento no joelho, a recuperação foi lenta e então comecei a ir para o clube. Hoje acho que sou mais viciado do que a Patrícia.” 

Juntos como no casamento, Patrícia e Nuno foram os autores de uma das mais badaladas e premiadas (Clubes dos Criativos de Portugal, Meios & Publicidade) lojas de Lisboa do último ano. Chama-se Mona, abriu a 3 de Dezembro de 2013 na Rua das Janelas Verdes, no bairro de Santos – fez agora um ano de existência – e foi um caso sério de receptividade junto dos meios de comunicação social – teve, por exemplo, manchetes de primeira página no “i” e no “Jornal de Negócios”. 

“Foi algo que nos ultrapassou completamente”, reconhece Patrícia. "Quase nem accionámos os nossos contactos – e nós trabalhamos em comunicação. Começámos por sair na Time Out e foi o rastilho. Também tem havido muitos programas de televisão que nos pedem para gravar na loja – ainda esta semana tivemos cá o 'Falar Global' da CMTV.” 

Fachada da loja na rua das Janelas Verdes / © D.R.

Mais do que uma loja, Mona (www.mona.pt) é um espaço de ideias. Uma enorme lâmpada em cartão alveolar ilumina o espaço e dá as boas-vindas a quem entra. E é no seu interior que as ideias se revelam. Objectos diferentes que contam histórias e despertam emoções – podem ser coisas simples, um sofá, uma t-shirt, um lápis, mas todos eles têm algo que os distingue. E é assim que conhecer a Mona se torna uma experiência gratificante. 

O despertador com rodas que desata a fugir quando o alarme dispara; as granadas em terracota com sementes lá dentro, para utilização caseira ou reflorestação de zonas degradadas; os vales do Amor, da Amizade ou da Paixão; a colher-avião para crianças; as peças do designer Nuno Vasa, como o piaçaba que subiu na vida indo da casa-de-banho para o escritório e os baldes de pedreiro transformados em candeeiros. O chapéu de chuva em forma de taco de golfe, com um grip a sério. Etc, etc… 

“As pessoas que nos visitam costumam ficar surpreendidas com a loja e mesmo aquelas que nada compram elogiam-nos e dão-nos os parabéns, o que é muito agradável para nós”, diz Nuno, director criativo da Nossa, agência de publicidade e comunicação que ele se orgulha de ser a que mais percebe de golfe em Portugal, o que aliás lhe tem merecido convites para trabalhar marcas de golfe. Patrícia também já trabalhou em publicidade e foi nesse ramo que os dois se conheceram.

Um chapéu de chuva que é um taco de golfe com grip e tudo © D.R.

Mona fuciona igualmente como galeria de arte, tendo já feito seis exposições até ao momento. A que está em curso chama-se "5 Anos Dfeitos", no âmbito do projecto Efeito D, lançado há 5 anos para ajudar crianças com síndroma de Down, em que os melhores designers portugueses foram desafiados a criar objectos que tivessem alteração no seu código genético, tal como acontece com as crianças com síndroma de Down. 

Para Janeiro, está já agendada a exposição Lisboa Simétrica, projecto de Hugo Suíssas, director de arte na Brandia Central, consistindo num conjunto de fotografias de monumentos que transmite uma visão dos mesmos diferente da que estamos habituados. “Muitos destes trabalhos nunca tinham sido expostos, e os seus autores nunca tinham mostrado o seu lado artístico. Aqui aproveitamos um bocadinho para os empurrar, para os incentivar”, esclarece Nuno. 

Mas a que se deveu o sucesso da Mona? “Nós, jornalistas e criativos, andamos sempre à procura do que é novo e do que é diferente – e esta loja reunia as duas coisas. É um conceito único no mundo, não há nada assim, e mostrou que Portugal também pode estar na vanguarda. Por isso é normal que ganhássemos este destaque todo ”, responde Nuno.

Despertador com rodas que corre quando alarme dispara / © D.R.

A loja está situada na rua das Janelas Verdes, num espaço de 150 metros quadrados amplos de um edifício de 1904, magnífico exemplo de Arte Nova portuguesa. Ali perto situam-se o Museu Nacional de Arte Antiga e o Museu das Marionetas, os hotéis de charme Palácio Ramalhete e York House e em voga na zona está, actualmente, o aluguer de casas a turistas. 

“Não estamos na rota comercial, aqui é um público mais cultural e mais turístico”, informa Patrícia. “É engraçado, já tivemos aqui peças de tamanho considerável, de um metro e tal, que alguns turistas fazem questão de levar para os seus países, pagando os portes de envio. Peças que não nos passava pela cabeça que um turista pudesse levar.” 

Os donos da Mona reconhecem que, se o seu estabelecimento estivesse no Chiado, Amoreiras ou Colombo, pontos de muito tráfego, as vendas iriam disparar, mas salientam que o objectivo da loja não passa pelo negócio massificado. “Não temos aqui milhares de produtos à venda, temos aqueles que nós achamos que são ideias e que cumprem e seguem o conceito da loja”, sublinha Nuno.