
A crise atrasou, bloqueou ou encerrou projectos de golfe, mas a região conta já com cinco clubes
Não fora a crise que aflige não apenas Portugal mas toda a Europa e o desenvolvimento turístico do Alentejo estaria mais avançado. Mas os vários projectos de desenvolvimento, com resorts de alta qualidade, ficaram bloqueados ou sofreram mesmo algum revés, com os problemas de financiamento.
Mas apesar de tudo os alentejanos continuam a avançar a nível interno com o golfe. E numa região onde fechou já um campo com grandes perspectivas de sucesso (Marvão), onde pelo menos três outros projectos anunciados com pompa não avançaram (Herdade dos Padres Évora e Redondo e o famoso campo da Ryder Cup na Comporta) e um campo fabuloso já construído e com 9 buracos abertos declarou insolvência (Roncão d’El Rey), o Alentejo conta já com cinco clubes de golfe, da costa ao interior, envolvendo mais de duzentos praticantes.
Apesar de reinar ainda algum bairrismo, de alguns pretenderem mais protagonismo e lutarem por mais associados, há sempre um bom entendimento entre todos para um objectivo que é comum: o golfe é também um bom instrumento na evolução do Alentejo ao nível do turismo, do desporto e na sensibilização dos jovens para uma prática de desporto saudável.
“Não é nada fácil valorizar aquilo que nos une, mas vamos conseguir. Com as dificuldades ultimamente criadas, pode ser que as pessoas acabem com algum bairrismo”, referiu Jorge Graça, licenciado em matemática e fundador do CG de Évora.
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O Alentejo tem actualmente apenas um campo aberto, Tróia, e outro resort já pronto e com 27 buracos, a Herdade do Pinheirinho, perto de Pinheiro da Cruz e de Melides. Está outro campo em obras, o Comporta Dunes junto à praia do Carvalhal e outros em projecto na mesma zona. Marvão parece ser um caso irreversível, Roncão d’El Rey (nas margens do Alqueva) tem 9 buracos prontos, os outros 9 e o hotel em ‘espera’ mas o projecto está em insolvência… E haverá outros projectos em ‘banho maria’, à espera que a crise passe.
“A costa alentejana está vocacionada para um turismo de luxo, não para um turismo de massas, e os clubes de golfe do Alentejo podem ser a base na formação de uma boa massa crítica na região. O Alentejo terá, na minha opinião, um papel muito importante no turismo de qualidade em Portugal”, disse o economista Fernando Marques, presidente do CG de Tróia.
O CG de Tróia foi o primeiro a surgir no Alentejo. Fundado em 1990 tem cerca de 70 sócios, a maioria com residência na Península e nos
últimos tempos com a adesão de alguns jogadores de Grândola. “Foi fundado para promover o convívio e a prática de golfe. Só com a criação do clube começaram a surgir competições regulares e provas da Ordem de Mérito, gestão de handicaps e a representatividade de Tróia nas competições nacionais”, salientou fernando Costa Marques que é o presidente desde a fundação. Tem um calendário anual de provas.
O Clube mais recente é o CG da Costa Alentejana, com sede em Grândola e a que preside o gestor Celso Nunes. Foi fundado no ano passado e tem cerca de 50 associados.
“A indústria do turismo será cada vez mais importante no concelho de Grândola e o golfe será seguramente no futuro uma actividade fundamental para tornar consistente o desenvolvimento desta indústria”, refere Celso Nunes frisando que “o concelho de Grândola tem um potencial extraordinário para se tornar um destino de golfe de tanta notoriedade como o Algarve”.
O clube de Grândola, que utiliza os campos de Tróia e da Herdade do Pinheirinho, tem um calendário anual de provas e pretende sensibilizar os jovens estudantes da região, tendo iniciado já alguns professores na prática do golfe e proporcionando material aos alunos para se iniciarem.
A cidade de Évora tem dois clubes de golfe, ambos com mais de uma centena de membros. O CG de Évora foi fundado em Junho de 1997 por um pequeno grupo de praticantes locais, na maioria médicos e o professor de matemática Jorge Graça que foi o grande dinamizador e promotor. Tem 35 associados e está ligado a outros clubes mais a norte, integrando-se num circuito anual. Marvão foi o campo da fundação, agora é Santo Estevão.
“Creio que se pode concretizar um circuito dos clubes alentejanos. Faz todo o sentido valorizar o golfe no Alentejo”, diz Jorge Graça, salientando que a Winter Cup, criada pelo clube e este ano na terceira edição, pode ter outra dimensão, envolvendo de um lado os clubes do Alentejo e do outro os clubes do Vale do Tejo, liderados pela Juve Golfe, a 26 de Outubro em Santo Estevão.
O outro clube de Évora é o EB Golfe Academy, ligado ao Évora Hotel e a dois ginásios na cidade. Tem 65 sócios e proporciona o único espaço para a prática de golfe na cidade, um excelente driving range junto ao Hotel Évora. Oferece lições de golfe e tem gestão de handicaps.
O presidente do clube é o empresário Lino Pereira Coelho, que espera a resolução burocrática da Academia Internacional do Estoril (junto ao Autódromo e Penha Longa) para alargar a EB Golfe Academy à região de Sintra.
Em Évora o projecto é desenvolver a prática do golfe entre os jovens estudantes da cidade e sensibilizar os frequentadores dos dois ginásios para a prática da modalidade, o que tem sido atingido, embora lentamente.
No ano passado foi criado o Vale de Choupos Golfe, em Beja. Tem 50 associados e os seus objectivos são vastos – ter um campo próprio, mesmo curto, com academia, sensibilizar os jovens da região para a prática a custos mínimos e levar o nome da cidade às competições em todo o País. O clube tem um calendário de provas com dez torneios anuais em campos do Algarve e da zona centro.