AcyMailing Module

19
> Home / Artigos
Como Sofia Sá fez história e Leonor Medeiros não desprimou
Sofia Sá obteve a melhor classificação portuguesa de sempre na prova feminina em stroke play © Filipe Guerra/GolfTattoo/FPG

Rescaldo do Internacional Amador de Portugal ganho pela favorita francesa Lucie Malchirand

No 91.º Campeonato Internacional Amador Feminino de Portugal, que se jogou até sábado no Montado Hotel & Golf Resort, Sofia Barroso Sá não se limitou a melhorar significativamente a sua posição final em relação a 2020, ao ficar no 12.º lugar quando tinha sido 22.ª o ano passado; na verdade, a craque de Belmonte, em Castelo Branco, apenas 17 anos feitos em Março, estabeleceu a melhor classificação de uma portuguesa desde que o torneio mudou o seu formato de match play para stroke play em 2008. 

A anterior melhor marca lusa pertencia a Marta Vasconcelos (Oporto), com um 13.º lugar precisamente em 2008, numa edição realizada no Benamor Golfe e que contou com apenas 55 participantes. Em 2021 eram 104 participantes e Sofia fez quatro voltas sem nunca perder para o Par 72 do campo, totalizando 285 (-3) pancadas (72-71-70-72) e ficando às portas do top-10, com o mesmo agregado da francesa Charlotte Liautier, vencedora em Março do Internacional Amador de Itália e que fez exactamente os mesmos resultados da portuguesa. 

Flashback para 2008: no Par 71 do Benamor, Marta Vasconcelos vence com 296 (+12), voltas de 75-73-71-79. Estava um vento terrível no último dia e até aquela que seria a vencedora, a espanhola Carlota Ciganda, não evitou um 74 a fechar, somando no entanto 276 (-12), para ganhar com 8 (!) de vantagem sobre a inglesa Florentyna Parker. Ciganda, hoje com 30 anos, formou entretanto um palmarés profissional com oito vitórias, sendo que quatro foram no European Tour e duas no LPGA Tour; fez parte da seleção da Europa na Solheim Cup em todas as últimas edições, desde 2013 a 2019, passando por 2015 e 2017. 

Regresso ao presente: Sofia Sá estava convencida de que tinha sido o ano passado que obtivera a melhor marca lusa de sempre em stroke play. Foi através do GolfTattoo que soube que, afinal, só desta vez estabeleceu tal recorde. 

Assim sendo, e sabendo-o, a classificação que obteve não foi ainda mais saborosa para a atleta que representa a Quinta do Lago e é treinada pelo seu head pro José Ferreira? “Sim…”, responde. “Estou muito contente com a minha participação: não perdi pancadas para o campo em nenhum dia, senti-me confortável durante o jogo e consegui tirar bastantes pontos positivos. Agora é continuar a trabalhar.” 

Numa prova que foi ganha pela francesa Lucie Malchirand, que era a 22.º no ranking mundial amador feminino, foi até Leonor Medeiros, também de 17 anos (faz 18 este Verão), a portuguesa que melhor começou, com um 71 (-1) que a colocou no top-10, nas décimas. Mas depois, 75-71-74, para um total de 291 (+3), ao que correspondeu o 24.º lugar empatada com Alessandra Nobilio (72-71-74-74), a italiana que defendia o título conquistado em 2020 e que viria a passar a passar o testemunho à gaulesa. 

Como Sofia, a vice-campeã nacional (e campeã nacional em 2019) Leonor Medeiros também melhorou em relação a 2020, quando ficou em 29.ª. Obviamente, queria mais. “No início da época, quando planeei os meus objectivos e pensei nas competições que iria jogar, o Internacional era sem dúvida uma Big Competition, muito importante, na qual queria conseguir uma classificação muito boa e obviamente melhor que esta.” 

Leonor Medeiros © Filipe Guerra/GolfTattoo/FPG

Conforme explicou ao GolfTattoo, Leonor, da Quinta do Peru, chegou ao Montado com “problemas técnicos”, o seu jogo “não estava de todo bom”. Integrando a selecção nacional, fez “muito bons treinos” e resolveu parte desses problemas, sentiu “uma viragem grande”, voltou a sentir-se novamente confiante e que já era ela própria em campo. Infelizmente, perdeu muitas pancadas no putting, na sua avaliação ascendem a 3 ou 4 pancadas por dia desperdiçadas nos greens. “A trabalhar nisso, sei que podem aparecer resultados muito bons”, confia. 

Em jeito de resumo, Leonor diz que o importante é que voltou ao seu jogo, teve “boas sensações” no Internacional de Portugal e embora não queira dizer que está de volta, quer dizer que é ela novamente que está em campo. 

O ano, reconheça-se, também não tem sido fácil. Desde que começou o terceiro período lectivo, Leonor já faltou quatro semanas às aulas. Reconhece que não é fácil, em Portugal, conciliar o golfe com os estudos. (Quando o GolfTattoo a contactou, estava a ter uma explicação de matemática e pediu para falar mais tarde). E houve também os exames para a University of South Florida, em Tampa, que vai frequentar a partir de meados de Agosto, fazendo parte da respectiva equipa de golfe e competindo ao mais alto nível no circuito universitário dos EUA. E, claro, houve a pandemia, a cancelar o calendário competitivo até muito recentemente. 

Sofia Sá também irá para uma universidade nos EUA, mas será só no Verão de 2022. Reconhece que tem várias propostas em cima da mesa, mas não quer para já adiantar quais são. 

Sofia e Leonor são dois dos melhores jovens talentos que o Golfe Nacional já viu aparecer; sabem o que querem (competir na alta roda do golfe profissional) e são ambiciosas. 

Uma e outra integram no final do mês a selecção nacional no German Girls & Boys Championship, uma das mais importantes provas europeias de sub-18 amadores.

O 91.º Campeonato Internacional Amador de Portugal foi ganho de forma categórica pela francesa Lucie Malchirand (22.ª mundial, nunca é demais reforçar), que totalizou 274 pancadas, 14 abaixo do par, com voltas de 73-66-67-68, deixando a compatriota Vairana Heck a quatro shots de distância, com 278 (-10), voltas de 72-79-69-67. A espanhola Andrea Revuelta Goicoechea foi terceira com 280 (71-74-66-69). 

Foi a “vingança” de Malchirand, que em 2019 tinha perdido pela diferença mínima num grande duelo para a compatriota Pauline Roussin-Bouchard; e que em 2020 tinha ficado nas 11.ªs.

Lucie Malchirand © Filipe Guerra/GolfTattoo/FPG