Presidente da PGA of America Ted Bishop chamou “menina” a Ian Poulter e foi “posto na rua”
Não demorou mais do que 24 horas entre um comentário de Ted Bishop nas redes sociais e o despedimento do presidente da PGA of America. As palavras de Bishop partilhadas no Twitter atacavam Ian Poulter pelas suas críticas a Nick Faldo e defendiam o antigo capitão da Ryder Cup – “O registo de Faldo fala por si”: seis majors e máximo de pontos na Ryder Cup. O seu contra o dele?” – mas terminavam com uma “ofensa”: “Lil Girl”.
Mais tarde, no Facebook, o antigo responsável da PGA of America comparava os comentários de Poulter a “uma menina a guinchar no recreio da escola”. O Conselho Directivo da PGA of America decidiu que aquelas palavras eram “inconsistentes com as políticas da PGA” e votou pela demissão de Bishop.
“Obviamente que poderia ter escolhido maneiras diferentes para expressar os meus pensamentos em relação aos comentários de Poulter. O golfe sempre foi um desporto onde se respeita os seus ícones. Isso parece ter ficado pelo caminho”, admitiu Bishop, num email enviado para a agência de notícias Associated Press.
O mandato de dois anos de Bishop, que foi o 38º presidente da PGA of America, terminava no próximo mês. As suas últimas decisões foram a nomeação de Tom Watson para capitão da Ryder Cup – o mais velho na história da competição, com 65 anos – e a criação de uma insólita “força de intervenção”(Task Force) para ajudar a evitar novas derrotas dos EUA na Ryder Cup.
“A PGA of America compreende a enorme responsabilidade que é liderar esta grande modalidade e enriquecer as vidas na nossa sociedade através do golfe. Temos que exigir a nós próprios que façamos com que o golfe receba bem todos os que o querem experimentar e todos na PGA of America têm de dar o exemplo”, justificou o Conselho Directivo da PGA of America
PGA Championship 2014: Rory McIlroy apanha tampa do troféu que Bishop deixou cair / © GETTY IMAGES
Derek Sprague, vice-presidente, assume o cargo interinamente até 22 de Novembro, dia da 98.ª reunião anual da PGA e onde serão eleitos os novos dirigentes. A PGA of America representa mais de 27 mil profissionais de golfe e organiza o último major do ano, PGA Championship, e a Ryder Cup, quando esta se realiza nos EUA.
Já depois de consumada a saída do cargo de presidente, Ted Bishop emitiu um comunicado onde pediu desculpa a Ian Poulter e a quem se sentiu ofendido e admitiu remorsos por ter utilizado as palavras “Lil Girl” pois sempre defendeu as raparigas e mulheres no golfe.
“As minhas duas crianças, ambas raparigas, fizeram a sua carreira no golfe. Tenho uma neta de 4 anos que espero, um dia, venha a jogar. Nos meus 37 anos de carreira no golfe, trabalhei com muitas mulheres para fazer crescer a modalidade e tenho sido um defensor da inclusão e direitos iguais para as senhoras no golfe”, justificou Bishop.
Poulter reagiu, através do canal de televisão Golf Channel: “É bastante chocante e desapontante, em especial, vindo do líder da PGA of America. Não tenho mais comentários a fazer.”
A polémica começou nas páginas do novo livro de Poulter “No Limits: My Autobiography”, onde critica os comentários de Faldo na televisão durante a última Ryder Cup, em que afirmou que Sergio Garcia foi inútil na edição de 2008. “Sergio encaixou a crítica mas os restantes jogadores estão a fumegar. Sinto-me chocado que ele tenha dito aquilo, é altamente desrespeitador. É um golpe baixo e na pior altura”, escreveu Poulter.
E justificou a sua opinião: “Faz-me rir. Faldo fala sobre alguém que é inútil na Ryder Cup de 2008, onde ele foi capitão. Foi a Ryder Cup onde a Europa sofreu uma pesada derrota. E ele era o capitão. Então quem é inútil? Faldo talvez precise de dar uma olhadela ao espelho. Sempre me dei muito bem com Faldo no passado e tenho imenso respeito por tudo o que ele alcançou mas isto parece lavagem de roupa suja. Parece que ele ainda está azedo por ter perdido em 2008.”
Poulter finaliza o assunto com um aviso: “Faldo perdeu o respeito de muitos jogadores por causa do que disse. Houve muitas coisas com que os jogadores não se sentiram bem em Valhalla mas nenhum de nós o criticou. Ele poderá agora descobrir as coisas a mudar.”