Ninguém bate a bola tão longe como o profissional de golfe açoriano André Medeiros
Quando se pensa em golfistas portugueses que batem comprido na bola, pensa-se nos amadores Tomás Bessa (Miramar) ou João Carlota (Vilamoura) e no profissional Ricardo Santos, o melhor golfista nacional de há três anos a esta parte. Mas na verdade o golfista mais potente do país é o profissional de golfe açoriano André Medeiros, treinador nos campos da Batalha e das Furnas, na ilha de São Miguel.
“É verdade”, diz André, 33 anos, natural da Fajã de Baixo, em Ponta Delgada. “Já fui testado algumas vezes pelos meus colegas, fazemos algumas brincadeiras no driving range e no campo, e cada vez mais confirma-se isso. Tem a ver com o meu historial de lançador do dardo, o meu trabalho físico é diferente da maioria dos golfistas, o que faz com que a bola ande muito no meu caso.”
E continua: “Já tive o prazer de bater bolas com eles todos [Bessa, Carlota, Santos, entre outros]. Noto, por exemplo, que o Tomás Bessa é um caso que veio do andebol, com background físico, e como ainda é novo vai possivelmente ultrapassar-me um dia mais tarde. O Ricardo Santos tornou-se um grande atleta, algo que não era nos seus tempos de juvenil. Há uma grande diferença entre ser jogador de golfe e ser atleta de golfe”, considera.
André Medeiros a ser entrevistado por GOLFTATTOO / © João Moniz
Mas quais são as distâncias de André Medeiros? “Eu quando jogo em treino ou em competição não bato a bola sempre a fundo, bato à volta de 60% a 70% do swing, para manter a bola no meio, a 290, 300 metros. Quando estico, aí é que as coisas se manifestam, mas nesse caso entra em jogo o factor de risco… É preciso escolher bem os buracos para bater a bola a fundo.”
André Medeiros viveu vários anos em Lisboa e também dois anos em Espanha, na Corunha, no âmbito do lançamento do dardo, modalidade na qual foi campeão nacional em todos os escalões. Lesionou-se em 2004 num ombro e teve de a deixar, para depois abraçar o golfe a nível profissional, modalidade que pratica desde os 5 anos e com qualidade – mesmo nos seus tempos áureos do lançamento do dardo era handicap scratch.
Mas qual é o segredo para bater longe na bola? “A envergadura do swing, o tamanho do swing, a compressão que se dá na bola é mais importante do que a velocidade. Temos de trabalhar muito com o nosso corpo, o nosso tronco, e isso são factores técnicos que fazem a bola andar muito. É rotação de corpo, quanto maior elasticidade e amplitude conseguimos dar à pancada, mais a bola anda”, responde.
Como treinador de golfe devidamente certificado pela PGA de Portugal, André dá grande importância à parte física no ensino. “Com os meus alunos, tento fazer com que batam longe na bola, e por isso sou um daqueles treinadores que dá muita importância à parte física. Primeiro faço um atleta, depois faço um jogador de golfe, foi assim que fui criado, torna-se tudo mais fácil.”
André elogia ainda o trabalho que tem sido desenvolvido por David Moura, o Treinador Nacional Adjuntos da selecções nacionais da Federação e também o responsável pela preparação física de Ricardo Santos. “É uma pessoa muito virada para a parte física e penso que o Ricardo [Santos] é fruto desse trabalho. Nós não tínhamos mais resultados no Tour porque ao talento dos nossos jogadores juntava-se uma lacuna na preparação física.”