Jovem de 16 anos sagrou-se campeão no Montado com 19 abaixo do Par, recorde do torneio para 72 buracos
Frank Kennedy tornou-se no sábado num dos mais jovens vencedores de sempre do Campeonato Internacional Amador de Portugal masculino e, com apenas 16 anos, já fez história, ao conquistar a 92.ª edição da prova da Federação Portuguesa de Golfe (FPG) com 19 pancadas abaixo do Par, um novo recorde do torneio para 72 buracos.
“Já tinha havido um vencedor com -19, mas nesse torneio podia colocar-se a bola no ‘fairway’, pelo que o resultado final não pôde ser homologado como recorde do torneio. Pelo contrário, este ano não houve ‘prefered lies’ e é mesmo recorde”, explicou João Coutinho, o diretor-técnico nacional da FPG.
O inglês residente em Manchester – e, claro, fã de CR7 – mas que passa largos meses por ano em Jupiter, na Florida, onde tem ‘vizinhos’ como Tiger Woods e Rory McIlroy, totalizou 269 pancadas, 19 abaixo do Par do Montado Hotel & Golf Resort, após voltas de 65, 69, 64 e 71. Foi um triunfo ‘wire-to-wire’, ou seja, comandou da primeira à última volta e ainda teve o bónus de ter igualado o recorde do campo de Palmela com a sua terceira volta de 64 (-8), fixado pela primeira vez um dia antes, na quinta-feira, pelo italiano Flavio Michetti.
“Estou muito orgulhoso pela minha vitória e espero voltar para o ano (para defender o título). É o meu primeiro título no escalão principal (da EGA, Associação Europeia de Golfe), é o mais importante que já ganhei”, disse Frank Kennedy, que acrescentou pouco depois ter “grandes sonhos” de carreira.
De sonho foi também o seu golfe. Apesar de ter partido um ferro-8 na segunda volta, por ter embatido num tronco de árvore – e admitiu que mais tarde sentiu a falta dele –, só perdeu 5 pancadas em 72 buracos! E se não fosse o bogey no último buraco, teria fechado a prova com 20 abaixo do Par, um resultado nunca alcançado antes. A outra vez em que um campeão concluiu com -19 (mas não teve o recorde homologado) foi com o inglês Harry Goddard em 2020, quando o português Pedro Lencart foi vice-campeão com -18.
Frank Kennedy tem um ‘putting’ de ouro, talvez nada alheio a treinar na Florida com Brad Faxon, o norte-americano que tem oito títulos no PGA Tour e que ‘patava’ como um mago. Mas o seu ‘caddie’ e treinador, Dan Haughain, explicou ao Gabinete de Imprensa da FPG que “desde os 7 anos se percebeu que era especial. Tem uma mente forte, é mais maduro do que a sua idade e hoje em dia tem um jogo de ferros apurado”. O resultado foi o que se viu: 22 birdies e 1 eagle, para deixar o 2.º classificado a uma confortável distância de 4 pancadas – o alemão Finn Koelle, que foi o seu delfim em todas as voltas e terminou com 273 pancadas, 15 abaixo do Par, juntando ‘scores’ de 67, 68, 66 e 72.
A Taça das Nações, que contou os resultados dos três primeiros dias, foi conquistada pela Alemanha, que somou 413 pancadas, também 19 abaixo do Par, somando parciais de 142, 134 e 137. A Alemanha fora vice-campeã em 2021 e bateu este ano a segunda formação dos Países Baixos por 2 pancadas. Mais impressionante foi o facto de a terceira formação da Alemanha ter empatado no 2.º lugar com -17. Portugal ficou em 14.º com 430 (145+143+142), -2, entre um total de 32 equipas, representando 23 países.
Claro que para a FPG foram bem mais importantes os resultados individuais dos portugueses e o balanço é esperançoso, sobretudo numa fase de renovação da seleção nacional, pela saída de jogadores importantes como Pedro Lencart e João Girão, que tornaram-se profissionais em 2021, ou como Daniel da Costa Rodrigues e Pedro Silva, que foram para os Estados Unidos estudar e competir. É preciso dar tempo à nova geração.
“Consideramos uma participação positiva (…) e são classificações que fazem parte deste processo de amadurecimento em competições internacionais. Teremos de aguardar para que estes resultados, que são indicadores positivos, possam a curto ou médio prazo terem as mesmas consequências que os resultados da geração anterior”, frisou o selecionador nacional, Nelson Ribeiro.
O presidente da FPG, Miguel Franco de Sousa, fez uma análise semelhante: “Tivemos três portugueses a passar o cut, o que é uma nota positiva a assinalar; claro que queremos mais e melhores resultados dos jogadores portugueses, mas cremos que estamos no bom caminho e temos projetos em curso que irão permitir voltarmos a ter grandes vencedores em Campeonatos Internacionais Amadores de Portugal, como tivemos recentemente alguns”.
Não podemos, por isso, comparar os resultados de 2022 com as vitórias de Vítor Lopes em 2018 e de Daniel da Costa Rodrigues em 2019, ou com o 2.º lugar de Pedro Lencart em 2020. Mas este ano o melhor português superou o melhor português do ano passado, Pedro Silva, 20.º (-3).
É nesse contexto de progresso que deve avaliar-se as classificações dos três portugueses que passaram o cut. Hugo Camelo Ferreira, de apenas 18 anos, foi 16.º com 282 (70+72+72+68), -6. Ou seja, nunca jogou acima do Par. Chegou a andar no top-10 aos 18 no final do primeiro dia e melhorou muito em relação a 2021, ano em que nem sequer se tinha qualificado para a última volta. “Foi positivo, consegui jogar abaixo do Par no agregado, mas não cumpri o outro objetivo, o de fazer quatro voltas abaixo do Par”, comentou o jogador de Amarante que representa o Club de Golf de Miramar.
João Miguel Pereira, de apenas 17 anos, que passou o cut pelo segundo ano seguido, fora 46.º (+10) em 2021 e terminou agora em 35.º com 287 (74+69+74+70), -1. Jogou duas das quatro voltas abaixo do Par e foi um dos 40 jogadores entre 120 participantes a bater o par do campo aos 72 buracos. “Este ano fui muito mais regular do que no ano passado. O objetivo era passar o cut e acabar em ‘números vermelhos’ e consegui, foi um bom torneio”, afirmou o jogador que representa o Clube de Campo da Aroeira, mas treina com Hugo Pinto no Centro Nacional de Formação de Golfe da FPG, no Jamor.
Pedro Clare Neves, de 21 anos, também passou o seu segundo cut consecutivo na prova. Em 2021 fora 38.º (+2) e este ano concluiu em 41.º, mas com melhor resultado, a Par do campo, com 288 pancadas (75+72+70+71). “Não comecei o torneio muito bem, mas foi ótimo ter acabado com duas voltas finais abaixo do Par. Foi importante a experiência, tive a oportunidade de jogar muitas vezes este torneio e isso permitiu-me manter a calma, mesmo quando as coisas não estavam a correr bem”, disse o jogador de Miramar, que, tal como Hugo Camelo, é treinado por Carlos Magalhães.