Apresenta programa “Por um Golfe com Futuro” com novas críticas à direcção cessante
Luís Filipe Pereira [LFP] fez hoje, no Auditório 0 do ISCTE, em Lisboa, a apresentação do programa da lista que lidera às eleições da Federação Portuguesa de Golfe (FPG), marcadas para 4 de Novembro, e que tem como título “Por um Golfe com Futuro”. A abertura do golfe à população portuguesa, o apoio aos clubes, o incentivo à formação e a melhoria da situação financeira do organismo são algumas das suas propostas.
O antigo ministro da Saúde e presidente do Conselho Económico e Social, de 71 anos, apresenta-se em ruptura com o “reinado” de 16 anos de Manuel Agrellos, que é agora candidato a presidente da Mesa da AG na outra lista, encabeçada por aquele que foi o seu secretário-geral nos últimos cinco anos, Miguel Franco de Sousa (“Crescer para Vencer”), de 43 anos.
“Um país que tem as melhores condições da Europa para a prática da modalidade, está na cauda do continente em termos de praticantes, com o mesmo número de federados de há oito anos [cerca de 14.000]”, lamenta. “O golfe nacional é um mundo fechado em si mesmo, tão fechado que nos últimos Jogos Olímpicos nem se ouviu falar na comunicação social que havia dois golfistas presentes em competição.”
A estratégia a prosseguir baseia-se “no diálogo, na descentralização e na cooperação com todos os clubes, os membros institucionais e os principais agentes relacionados”, tirando partido do “peso” de LFP no meio empresarial, político e universitário para se alcançarem mais apoios, bem como da sua experiência de gestão ao nível público e privado; e de uma “Direção formada por elementos dos Clubes de Golfe, com experiência na gestão das respectivas estruturas e com conhecimentos adequados para assegurarem a coordenação das diferentes áreas de responsabilidade da FPG”.
O objectivo é duplicar os federados em 10 anos, contra os 50 mil prometidos por Miguel Franco de Sousa no seu projecto de presidência remunerada para 12 anos. “São números completamente irrealistas”, considera LFP a propósito do objectivo do seu rival na corrida.
Luís Filipe Pereira em pleno discurso / © FILIPE GUERRA
A cerimónia contou com os discursos do empresário André Jordan, do general Vasco Rocha Vieira (candidato a presidente da AG) e do director-adjunto do Expresso João Vieira Pereira (candidato à direcção, embora tenha feito parte da direcção cessante e ainda faça, visto que não se demitiu).
João Vieira Pereira abriu a cerimónia e foi particularmente duro: “Os campos no Algarve estão cheios de estrangeiros e infelizmente os jogadores portugueses são cada vez menos, esta é a realidade triste do golfe nacional. É isso que queremos mudar, mas não é só isso. O facto de termos poucos federados é um reflexo daquilo que tem sido feito nos últimos anos em termos de gestão da FPG, uma FPG que vive fechada num núcleo de pessoas que pensa que é dona da FPG. Quem é o dono da FPG, passe a expressão, são os seus sócios, os seus clubes e os que dela fazem parte. [...] A FPG tem um orçamento de 1,8 milhões de euros por ano, é muito grande, mesmo assim esse orçamento é mal gasto, é mal gasto em atividades que nós não sabemos para o que servem. […] É preciso dizer que já chega, que basta, e que não podemos permitir que as coisas continuem assim […] não podemos deixar que as despesas de representação de um presidente da FPG seja de 60 mil euros e que a FPG não tenha dinheiro para pagar um bilhete de comboio à nossa melhor jogadora amadora, para uma viagem do Norte de Portugal ao Jamor”.
Nuno Mimoso foi outro elemento da direcção cessante que esteve presente nesta apresentação.
Coube a João Vieira Pereira abrir a sessão / © FILIPE GUERRA
Vasco Rocha Vieira não enveredou pelo mesmo caminho, foi muito mais ameno: “Não queria falar tanto nos valores que estão em causa e como serão gastos ou não, porque eles serão com certeza bem administrados. Do que tenho a certeza e julgo que todos têm essa convicção, é que os tempos também aqui são de mudança, vai ser difícil arranjar patrocínios, vai ser difícil encontrar empresas dispostas a colaborar.”
Também não fez juízos de valor sobre os mandatos de Manuel Agrellos: “Não quero fazer comparações com ninguém, digo sempre que as pessoas que estão em determinados lugares fazem o melhor possível, e estão convictas daquilo que fazem e que fazem bem, mesmo quando estão a errar, porque todos nós erramos. Agora, acredito que é preciso, nas instituições como nas pessoas que lhes servem, mudanças. O estar muito tempo na mesma situação naturalmente que tolhe, através dos compromissos, dos métodos de trabalho, muitas vezes das amizades em que as pessoas se solidificam em determinados procedimentos e não têm mais capacidade para ver e inovar. São precisas novas ideias, ouvir novas pessoas, estar atento ao que se passa, e isso impõe muitas vezes que haja novos líderes, novos actores, novas pessoas – e eu estou convencido que esta equipa, que é liderada pelo LFP, está apta, é capaz e tem complementaridades nas competências daqueles que a compõem, de maneira a responder a esse desafio de mudança que é preciso e que nos é imposto.”
André Jordan: “Tivemos a sorte de encontrar o Professor Luís Filipe Pereira, um dos mais destacados executivos do Portugal contemporâneo tanto no sector privado como no público. Como Ministro da Saúde, Presidente ou Membro da Administração de algumas das mais importantes empresas portuguesas, Presidente do Conselho Económico e Social, actualmente Presidente do Fórum de Administradores e Dirigentes de Empresas, pelo que está em regular contacto com potenciais apoiantes e colaboradores para o desenvolvimento do golfe. Está acompanhado por um grupo de pessoas, cujos serviços ao golfe são amplamente conhecidos. Espero que tenhamos o desprendimento e o bom senso de termos na defesa dos interesses superiores do golfe como desporto que venha a ser praticado por uma parcela mais significativa da população e elejamos esta lista de renovação para a direcção da Federação Portuguesa de Golfe.”
O candidato à presidência com André Jordan / © FILIPE GUERRA
LFP encerrou o seu discurso falando da situação financeira “inconveniente” da FPG, lendo quase na íntegra um comunicado enviado na véspera aos delegados que votam. Salienta que o orçamento da FPG atinge os €1,8 milhões (média dos últimos 3 anos), sendo que as quotas dos filiados, devido ao baixo número de federados, representam apenas 42% das receitas (média anual de €740 mil). Uma “situação que tem obrigado a FPG a recorrer de forma sistemática a receitas provenientes de patrocinadores, donativos e essencialmente subsídios do Estado e do estrangeiro, para que seja possível assegurar a cobertura dos seus custos de funcionamento e de desenvolvimento da modalidade”.
Destaca ainda, entre outros números apresentados, os 24 por cento da estrutura de custos fixos atribuídos apenas às funções de presidente (€70 mil) e de secretário-geral (€93 mil por ano) e os 500.000 euros gastos na nova club-house do Centro Nacional de Formação de Golfe do Jamor, “não permitindo que parte desses recursos fossem investidos em projetos descentralizados de desenvolvimento do golfe a nível regional” e […] “levando a que o endividamento bancário no final de 2015 tenha subido para €311 mil e que os excedentes de caixa e bancos se tenham reduzido em 2016.”
“São números deturpados, extrapolados, descontextualizados e que não correspondem à realidade. Todas as contas foram aprovadas em Assembleia Geral. A FPG responderá na devida altura”, reagiu Manuel Agrellos, contactado pelo GolfTattoo.
Como “candidato”, Miguel Franco de Sousa não quis comentar, afirmou apenas: “Não tenho nada a dizer, porque queremos continuar com uma campanha esclarecedora. Foi que o disse no discurso na apresentação, vamos continuar a fazer uma campanha positiva, a procurar esclarecer e não a suscitar dúvidas, apresentando ideias e soluções e não críticas ou vazio de conteúdo. Damos a cara pelo projecto no qual acreditamos, nunca desvalorizando as ideias e as propostas dos outros. Os próximos anos vão ser construídos no futuro e não no passado.”