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“Muitos espectadores tornam-se voluntários”
19/10/2015 09:34 Rodrigo Cordoeiro
Existem cerca de 360 voluntários a ajudar diariamente durante o torneio / © FILIPE GUERRA

Sandra Slater é a responsável pelos voluntários do Portugal Masters, em nome da associação Golf for Greys baseada no Algarve

Desde quando começou a organizar os voluntários do Golf for Greys para o Portugal Masters? 

O meu envolvimento começou em 2005, quando o European Tour Golf pediu ao Golf for Greys para ajudar a recrutar voluntários para a World Cup of Golf, que se iria realizar no recém-inaugurado Victoria Golf Course, em Vilamoura. Quando o Portugal Masters começou em 2007, o Golf for Greys tinha consolidado uma posição privilegiada devido à base de dados de voluntários que tinha desenvolvido. 

Como começou a desempenhar o seu papel? 

O falecido John Hawker convidou-me para um lugar na administração do comité de voluntários que ele estava a criar juntamente com o Eddie Pilkington, para a World Cup. 

Actualmente, quantos voluntários do Golf for Greys trabalham no Portugal Masters? 

O núcleo inicial do Golf for Greys foi aumentando ao longo dos anos, passando a incluir voluntários de outras organizações. Temos a sorte de se juntarem a nós, todos os anos, um grupo de cerca de 50 voluntários ingleses do European Tour, incluindo o European Tour Chief Marshal, Graham Wallage. Temos ainda a sorte de ter muitos espectadores que nos contactam para se inscreverem como voluntários para o ano seguinte. 

© FILIPE GUERRA

Como é que são organizados para desempenharem as suas funções? Em quantas zonas do campo? Por exemplo, quantos marshals existem por buraco? 

Normalmente existem cerca de 360 voluntários a ajudar diariamente durante o Portugal Masters. Eles são colocados em todas as áreas do campo. A maioria encontra-se nos buracos e as suas funções são de marcar as bolas, controlo de espetadores e assistência aos jogadores. 

Dependendo do par do buraco, pode haver entre três a oito marshals em cada buraco. As partidas compostas por jogadores mais conhecidos e que podem atrair grandes multidões, também são acompanhadas por voluntários móveis que reforçam os que estão fixos em cada buraco. As bancadas principais também são controladas pelos voluntários. 

Outro grupo grande de voluntários é colocado no scoring. Cada partida é acompanhada por um marcador que transmite o resultado da partida para a central, através de um parelho eletrónico. Os resultados são reconfirmados buraco a buraco e são depois colocados nos quadros de pontuação e nos leaderboards situados ao longo do percurso. Estes quadros são também da responsabilidade dos nossos voluntários. Normalmente cada partida tem ainda um “walking board” que apresenta o resultado individual de cada um dos jogadores. Este quadro ajuda aos espetadores que andam no campo em zonas onde não existem os quadros de pontuação ou leaderboards. 

O grupo mais reduzido de voluntários é composto por aqueles que ajudam a European Tour Productions TV Company. Desempenham uma série de tarefas incluindo a condução dos buggies, e apoio com o material de filmagem. 

Existem muitos voluntários que começam a trabalhar antes do torneio? 

Antes de o torneio eu passo seis meses a recrutar, planear e organizar as tarefas dos voluntários. Um pequeno grupo de voluntários trabalha no domingo anterior ao evento, ajudando na organização das fardas, na credenciação dos voluntários, etc. 

O que recebem os voluntários em troca pelo seu trabalho? 

O pacote de benefícios para os voluntários que trabalham os quatro dias do torneio inclui dois pólos, um corta-vento, um boné, vouchers de bebidas, bilhetes e uma volta de golfe oferecida pelo Oceânico Golf. Os voluntários que apenas têm disponibilidade para trabalhar dois dias rebem um pacote reduzido. Existe a possibilidade de verem o torneio, mas apenas antes ou depois dos turnos. Fora isso, devem estar atentos aos espetadores e aos jogadores. 

Quantas nacionalidades diferentes existem entre os voluntários e quais são? 

Mais de doze, mas a grande maioria são britânicos. Entre estes temos os que residem em Portugal e os que vêm propositadamente do Reino Unido para ajudar no evento. No passado tivemos voluntários da Irlanda, Espanha, Portugal, Alemanha, Holanda, Finlândia, Dinamarca, França, Republica Checa, Estados Unidos e outros. 

© FILIPE GUERRA

Existem algumas histórias (engraçadas ou não tanto) entre os Golf for Greys no Portugal Masters? 

Uma vem imediatamente à memória. O buraco 7 do Oceânico Vitória tem um lago do lado esquerdo do fairway. Há alguns anos atrás o voluntário colocado no final deste lago, enquanto acompanhava o voo de uma bola para a poder marcar, escorregou para dentro do lago. Ele não sabia nadar e as margens deste lago são protegidas por um material muito escorregadio.  Ele não conseguia sair e então outro voluntário atirou-se para o ajudar. Também ele não conseguia sair do lago. Então, o pai de um dos jogadores, Jean Van de Velde, utilizou um guarda-chuva onde ambos os voluntários se agarraram, conseguindo sair. Molhados, mas salvos! 

Tem alguma função específica no Golf for Greys para além da organização dos voluntários para o Masters? 

Não. Inicialmente organizava competições para os sócios no Sotavento Algarvio mas foi uma função que ficou cada vez mais reduzida à medida que era necessário o recrutamento de mais voluntários para outras competições no Algarve. Entre outros eventos ajudámos em dois Opens de Portugal, no European Amateur Team Championships no Oceânico Victoria e no troféu Sir Michael Bonallack realizado em Monte Rei. 

Fale-nos um pouco acerca de si… 

Sou inglesa, tenho 68 anos e o meu handicap subiu para 29. Eu e o meu marido temos uma casa no Sotavento algarvio. Estou também muito envolvida em outros eventos do European Tour no Reino Unido, Espanha e nos torneios mais importante do Senior Tour no Reino Unido e do Ladies European Tour. Também estivemos na Ryder Cup no ano passado em Gleneagles. 

É residente em Portugal? 

Desde 1998 que passamos uma boa parte do tempo em Portugal, inicialmente em Cabanas e agora em Castro Marim. Quando estamos no Reino Unido, é em Kent, no sudoeste de Inglaterra, mas desde 2003 que passamos cada vez mais tempo em Portugal para desfrutar do clima maravilhoso e de uma vida descontraída. Eu sou sócia do maravilhoso clube de golfe da Quinta do Vale, o campo desenhado pelo Seve Ballesteros situado no sotavento. Também gosto de jogar e Oceânico Old Course e no Victoria sempre que tenho oportunidade.