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O fiel “carregador” e o filho prodígio
22/08/2015 17:10 Rodrigo Cordoeiro
Tomás e Ricardo no início de Junho de 2014, no Ocêanico O'Connor, onde decorria o Liberty Seguros PGA Open, um dos últimos torneios jogados por "Melinho" como amador – e que ele haveria de vencer com -12 em 36 buracos / © FILIPE GUERRA

Tomás Melo Gouveia fez de caddie de Ricardo na Suíça e quase ganharam juntos pela segunda vez

Enquanto se mantém no Challenge Tour, Ricardo Melo Gouveia nem sempre leva caddie, mas quando o faz é com elementos próximos. Um dos seus irmãos mais novos, Tomás, carregou-lhe o saco quando ele ganhou, a 5 de Julho, o AEGEAN Airlines Challenge, na Alemanha. A sua namorada, Carolina Almeida Pires, também já por lá passou em várias ocasiões. Mas o que mais vezes o continua a acompanhar é o seu pai, Tomás, como aconteceu no Rolex Trophy que hoje se concluiu em Genebra, na Suíça, e em que o jogador português teve mais um magnífico desempenho global, terminando no segundo lugar, só atrás do espanhol Nacho Elvira. 

“O meu pai conhece-me bem, claro, e e óptimo tê-lo como caddie”, reconhece Ricardo, líder destacado na Road to Oman do Challenge Tour 2015. “Não é daqueles que nos diz o que devemos fazer, a não ser que lhe perguntemos. Ele dá-me a sua opinião apenas se eu lha pedir. Caso contrário, eu tomo conta do assunto e é assim que funcionamos. Sinto-me relaxado, quase em casa, quando ele está comigo. Lembro-me de que, na Madeira, por exemplo, eu estava bastante frustrado – e normalmente consigo manter-me calmo, mas nesse dia ele encontrou as palavras certas para me ajudar a controlar as emoções e dar a volta à situação.” 

Diz Tomás que “esta coisa de lhe fazer de caddie vem desde sempre, desde que ele começou a jogar nas competicões da  federação. É uma coisa natural para os dois: para ele, porque sabe que não interfiro no jogo dele, e não sou daqueles pais que estão sempre a chatear; para ele, porque o conheço melhor que ninguém, é mais uma forma de o ajudar a atingir os seus objectivos e também de analisar como está o jogo dele.” 

Perante a entrada de rompante de Ricardo na cena profissional, e já com o cartão do European Tour garantido para 2016, uma pergunta tinha de ser feita a Tomás: não pondera ele ser o caddie oficial e permanente do filho na alta roda europeia? É que os caddies, a este nível, têm direito a ordenado e a 10 por cento dos prémios arrecadados pelo “patrão”. 

“Nunca pus a hipótese de ser caddie dele a full time, porque tenho a perfeita noção das minhas limitações e aspirações, e desde que ele passou a profissional que definimos que quando chegasse ao European Tour teria um caddie profissional”, responde Tomás. “O meu papel é simplesmente o de carregador e todas as decisões são tomadas por ele, só nalgumas situações em que ele me pede opinião ou linha é que eu dou palpite, portanto o mérito é todo dele.” 

Desde que Ricardo se tornou profissional em Junho de 2014, Tomás fez de caddie no primeiro torneio que o filho jogou nessa condição, o D+D REAL Slovakia Challenge, em meados de Julho do ano passado; no Portugal Masters; e na primeira, segunda e última fases da Escola de Qualificação do European Tour, na qual o jogador português ficou a uma pancada de conseguir o cartão; em 2015, fê-lo em dois torneios do Algarve Pro Golf Tour, um deles a dar vitória no Morgado do Reguengo; novamente no D+D REAL Slovakia Challenge, no Open da Madeira e agora no Rolex Trophy. 

“A mim dá-me um enorme prazer acompanhá-lo no campo e tenho memórias incríveis de momentos passados dentro dos campos e fora deles, em que fiz questão de estar presente sem nunca me arrepender independentemente do resultado”, conclui Tomás. 

Na segunda-feira se verá quantas posições no sobe Ricardo no ranking mundial, mas actualmente ocupa a 138.ª posição e deve aproximar-se do top 100, tornando-se o melhor português de sempre na tabela, a superar a 137.ª de Ricardo Santos em Março de 2013 e a do próprio há duas semanas, quando foi terceiro (empatado) no Open da Irlanda do Norte e igualou o recorde nacional do algarvio. E Tomás estava lá para ajudar à concretização de mais uma proeza histórica do filho.