Nas vésperas de se estrear no Challenge Tour vence Palmares Open com 21 birdies e 1 eagle em três voltas
Quando estava no tee do 18, Tomás Melo Gouveia sabia que liderava o Palmares Open com a vantagem mínima sobre o inglês Daniel Smith, que jogava no grupo da frente, o penúltimo do dia. Já mais à frente no buraco, viu que Smith meteu um putt. Não sabia se tinha sido para birdie ou para eagle. Achou mais que era para eagle. O 18 do percurso Lagos-Praia do Palmares Ocean Living & Spa, em Lagos, no Algarve, é um par 5. Cabia-lhe assim, pensava, ter de fazer birdie para forçar o play-off com o britânico. Fê-lo, só que afinal, e felizmente para ele, foi o suficiente para ganhar directamente. Smith tinha metido para birdie.
Estava feita a primeira vitória de Tomás Melo Gouveia no Portugal Tour, nas vésperas de partir para a África do Sul, onde se estreará como membro do Challenge Tour, a segunda divisão do golfe profissional europeu, o circuito satélite do DP World Tour. Aquele birdie foi para o resultado final de 66, 6 abaixo do par 72, a repetir o seu score inaugural, pelo meio um 67, para um total de 199 (-17) e a vitória tangencial sobre Daniel Smith. Ao longo das três voltas registou a impressionante marca de 21 birdies e 1 eagle. Bogeys foram 6, dois dos quais nos dois primeiros buracos do torneio, na terça-feira. "Dei duas de avanço", disse, a propósito, na brincadeira.
O irmão mais novo de Ricardo Melo Gouveia – que desde 2015 tem sido a grande referência do golfe profissional português além-fronteiras e este ano voltou ao principal circuito europeu – tinha partido para a terceira e última volta a partilhar o comando com o inglês Tom Spreadbourgh, o qual fechou com 69 (-3) para o terceiro lugar, empatado com o escocês Sam Lock, ambos com 202 (-14). Ao contrário dos dois primeiros dias, o vento foi um factor nesta quinta-feira, valorizando o resultado final do português. E mudou a meio da volta, baralhando ainda mais as contas aos jogadores.
“É um triunfo que significa muito para mim”, disse. “Tem sido um dos meus objectivos ganhar no Portugal Tour, onde jogo desde os seus primórdios. Finalmente consegui e estou muito contente. O meu jogo tem estado sólido. Estive muito bem nos drives, coloquei a bola nos sítios certos e consegui meter alguns putts decentes.”
Além de Melo Gouveia e Tom Spreadbourgh, o grupo de honra contou com Tomás Bessa, que vem sendo o grande dominador do Portugal Tour, com três vitórias nos últimos cinco torneios, o último a 5 de Fevereiro, no NAU Morgado Classic. Desta vez Bessa fechou com 70 (-2) para o quinto lugar, que repartiu com o alemão Severin Soller, Tom Spreadbourgh (69) terminou em terceiro empatado com o escocês Sam Lock, ambos com 202 (-14).
Tomás Bessa é irmão de Leonor Bessa, também jogadora profissional. Em 2020, um e outro sagraram-se simultaneamente campeões nacionais de profissionais, em homens e senhoras. Mas Leonor Bessa é também a namorada de Tomás Melo Gouveia, pelo que esta foi uma partida especial entre os dois Tomás.
“Foi óptimo”, disse Melo Gouveia. “Costumamos jogar muitas vezes juntos. Conhecemos o jogo um do outro. Acho que foi bom para ambos, estávamos a apoiar-nos mutuamente. Desta vez caiu para o meu lado.”
Sobre o domínio evidenciado por Tomás Bessa no Portugal Tour, Melo Gouveia afirmou: “Não me surpreende, é um grande jogador, tem evoluído muito. E quando todas as partes do seu jogo estão boas, consegue fazer grandes resultados, é o que tem acontecido.”
No dia em que as condições estiveram mais difíceis, destaque para o 65 (-7) de Pedro Lencart, numa boa reação os dois 74 que havia registado. Melhor, só os 64 de Sam Lock e Sean Lawrie. Somando 213 (-3), Lencart acabou nos 24.ºs. O terceiro melhor português em prova foi Hugo Santos, com 211 (-5). Logo abaixo, nos 17.ºs, encontramos João Girão e Vítor Lopes, com 212 (-4).
Dotado com €10.000 de prize-money, o Palmares Open contou com 89 jogadores.