O campo do Royal Óbidos Spa & Golf Resort apresenta-se este ano como um Par 71 em vez de Par 72
A 62.ª edição do Open de Portugal, que ontem arrancou com o ‘Kia Pro-Am’, apresenta como grande novidade o facto de, pela primeira vez em provas dos circuitos europeus, o Royal Óbidos Spa & Golf Resort apresentar-se como um Par-71 e não como um Par-72.
«O Challenge Tour já andava há alguns anos a sondar-nos sobre a hipótese de o buraco 2 passar a ser um Par-4 e não um Par-5 e este ano vamos mesmo avançar nesse sentido», explicou Pedro Castelo Branco, o diretor de golfe de Royal Óbidos.
«Havia alguma sensibilidade, por o 2 ser um ‘buraco de assinatura’ do campo. Aliás, pode ver-se junto ao green um bunker em forma da letra ‘S’, de Seve (Ballesteros). Mas passará, mesmo, a ser um Par-4 comprido, embora as saídas devam ser mais das marcas brancas do que das negras», acrescentou Castelo Branco.
No site oficial do Challenge Tour, o buraco 2 aparece como um Par-4 de 458 metros e com vento contra poderá ser um teste duro.
Contudo, o presidente da Federação Portuguesa de Golfe (FPG), Miguel Franco de Sousa, jogou o ‘Kia Pro-Am’ e afirmou que viu profissionais «jogarem o segundo ‘shot’ de ‘pitch’ para o ‘green’», ou seja, apesar de tudo, poderá ser possível fazer-se um bom resultado.
Seve Ballesteros, talvez o melhor golfista europeu de sempre, adorava superar as mais variadas dificuldades e não desenhou o percurso de Royal Óbidos para ser um percurso fácil.
É bem possível que o saudoso campeão espanhol aprovasse a alteração que irá tornar o campo num desafio ainda maior.
«Hoje [ontem] esteve um vento bem forte, prevendo-se que amanhã [hoje] continue. Os ‘fairways’ também estavam ‘softs’ e tudo isso torna o campo mais comprido», analisou Alexandre Abreu, um dos 15 portugueses que arrancaram hoje para a primeira volta do mais importante torneio de golfe português.
Oficialmente, o campo mede 6.602 metros para o torneio, mas com vento contra, a bola a rolar menos no campo, por o terreno estar mais macio e um buraco que era um Par-5 passar a Par-4, é possível que os jogadores sintam estarem a jogar num percurso ainda mais comprido.
«Parece que a partir de sexta-feira a temperatura poderá subir. Isso irá tornar o campo mais duro e a bola irá rolar mais», acrescentou Alexandre Abreu. Com temperaturas mais elevadas, a bola também andará mais rápida.
Isso poderá significar dois dias completamente distintos em Royal Óbidos e será no final dessas duas voltas iniciais que irá efetuar-se o cut, para apurar os jogadores que competirão depois no fim de semana.
«Não diria que quinta-feira seja um dia que vá decidir logo quem passa o cut, mas com as condições mais difíceis com que iremos deparar, poderá ditar logo o afastamento daqueles jogadores que tiverem resultados maus», sublinhou Alexandre Abreu.
Para o jogador que este ano venceu o 1.º Torneio do Circuito AQUAPOR – onde a FPG reúne os melhores profissionais e amadores portugueses – , no Faldo Course do Amendoeira Golf Resort (outro campo desenhado por um ex-n.º1 mundial), entre os 15 portugueses há um que parece estar em boa forma.
«O Tomás Melo Gouveia – respondeu logo Alexandre Abreu – porque tem vindo a fazer bons resultados consistentemente. Tenho treinado com ele, vejo-o a jogar bem, e até ao final do ano ainda poderá lutar pela subida ao DP World Tour».
No final de 2024, os 20 primeiros da Corrida para Maiorca (o ranking da segunda divisão europeia) ascendem ao DP World Tour (a primeira divisão do golfe profissional europeu).
Ora Tomás Melo Gouveia ocupa o 72.º lugar nesse ranking e, segundo o ‘press officer’ do Challenge Tour, Ben Turner, «uma vitória no Open de Portugal iria colocá-lo mesmo às portas do top-20».
Tomás Melo Gouveia é o único português membro do Challenge Tour em 2024 e entrou diretamente no 62.º Open de Portugal at Royal Óbidos, tal como Pedro Figueiredo e Ricardo Santos, que militam no escalão superior, no DP World Tour.
Os convites à disposição da FPG foram atribuídos aos profissionais Pedro Lencart, Pedro Almeida, Vítor Lopes, Hugo Camelo Ferreira, Vasco Alves, Alexandre Abreu e Tomás Bessa, bem como aos amadores José Miguel Franco de Sousa, Afonso Oliveira, Diogo Rocha, João Pereira e Miguel Cardoso. Os amadores farão a sua estreia na prova (ver press release anexo sobre os amadores nacionais).
O Open de Portugal nunca foi ganho por um português. O recorde nacional pertence a Filipe Lima, 2.º classificado em 2018 enquanto prova do Challenge Tour e também 3.º em 2005 enquanto evento do DP World Tour.
Entretanto, o ‘Kia Pro-Am’ foi ganho pela equipa constituída pelos profissionais Gary Boyd (Inglaterra) e Deon Germishuys (África do Sul), associados aos amadores Paulo Carvalho Martins, Francisco Uva e Fernando Correia, com 26 abaixo do Par.
Os campeões bateram por 1 única pancada a formação do profissional português Ricardo Santos e do francês Benjamin Hérbert, que contou ainda com os amadores Julien Sanchez, Louis Bonneau e Maxime Tellier.
Houve mais duas equipas com 25 abaixo do Par, mas o sistema de desempate deu o 2.º lugar ao conjunto de Santos.
Esta quinta-feira deu-se a tacada de saída do torneio de 270 mil euros em prémios monetários destinado a profissionais e amadores de alto rendimento, com a prova a concluir-se no Domingo.
Os jogadores evoluem em grupos de três, com saídas simultâneas dos buracos 1 e 10, entre as 7h50 e as 14h40.