Na Madeira, ergue-se 500 metros acima do nível do mar junto a famosos jardins botânicos
O Palheiro Golf, na Madeira, apenas a 10 quilómetros do Funchal, costuma ser comparado ao Augusta National Golf Club – e este é o melhor elogio que poderia receber, pois Augusta, palco do Masters, no estado da Georgia, sudeste dos EUA, é um dos dois mais famosos campos de golfe do mundo, a par do Old Course de St. Andrews, na Escócia.
Une-os, de facto, a arquitectura paisagística e flora esplêndidas e os fairways e greens ondulados, mas, quanto a parecenças entre um e outro, estamos conversados. Augusta é de interior, ao passo que o Palheiro, 500 metros acima do nível do mar, é de montanha e fica numa ilha escarpada no Oceano Atlântico, por entre colinas, cumes e vales profundos e com vista sobre o mar em todos os buracos.
O Palheiro Golf faz parte do Palheiro Estate, um complexo de 106 hectares que inclui também os antigos e exóticos Jardins do Palheiro; a Estalagem Casa Velha do Palheiro, hotel cinco-estrelas membro da organização Relais & Chateaux, aberto em 1997; o Palheiro Village, aldeamento com apartamentos e moradias; e as estufas da Florialis, empresa pioneira na produção de flores exóticas de corte, que exporta para o mundo inteiro.
Inaugurado a 3 de Outubro 1993, o percurso de golfe atravessa um ambiente prístino de pinheiros marítimos, outras árvores raras, canteiros de flores e bosques botânicos bordados com exuberante vegetação sub-tropical. Todos os buracos estão dramaticamente aninhados nos contornos do terreno, abrigados do vento, mas com panorâmico para o oceano azul.
Como se não bastasse o festim visual dos 18 buracos, o Palheiro tem ainda um dos melhores buracos 19 do mundo (para os leigos do golfe, leia-se o bar-restaurante na clubhouse, onde golfistas partilham, bebericando, os seus feitos e falhanços): um edifício de pedra local tradicional com telhado de telha vermelha em cuja esplanada na varanda ficamos aparentemente suspensos sobre a cidade do Funchal.
Influenciada pelo Atlântico e inspirada pelo Mediterrâneo – com uma pitada de oriental a adicionar um pouco de especiarias – a culinária serve para ilustrar a imaginação e a criatividade associadas à premiada cozinha da Casa Velha do Palheiro, que administra o restaurante da clubhouse.
Não há quem não lhe saia rendido. “ Um dos lugares mais bonitos do mundo onde se jogar golfe”, escreveu Malcolm Campbell na revista britânica Golf Monthly. “Deve ser o conceito mais próximo para o paraíso de um golfista”, considera Simon Ames no site de viagens Going for Golf. “Poderíamos jogá-lo duas vezes por dia, sem risco aborrecimento”, lê-se numa crítica no The Daily Telegraph.
A propriedade remonta a 1801, adquirida pelo 1.º Conde Carvalhal, e o edifício que hoje serve como hotel no empreendimento era originalmente o seu pavilhão de caça. A casinha de prazer, ergueu-a no local mais alto da propriedade – e hoje é parte integrante do campo de golfe, e o seu símbolo.
Desde que foi adquirida pela família Blandy em 1885, gerações sucessivas geriram a transição das tradicionais actividades agrícolas para as actuais, do sector do lazer. Os jardinas, abertos ao público ao longo de todo o ano e com perto de 50.000 visitantes anuais, são ricos em cor e aroma. Aqui encontrará uma colecção magnífica de camélias começada pelo Conde, árvores centenárias, o Jardim das Rosas, criado por Christina Blandy, e uma infinidade de outras flores e trepadeiras.
Este verdadeiro Éden está dividido em várias áreas: o Jardim principal, o Sunken Garden, o Ribeiro do Inferno, o Jardim das Rosas, o Jardim da Senhora e a zona da Casa de Chá, onde se pode ver uma araucária do Brasil e um magnífico metrosideros da Nova Zelândia. Podem-se ainda admirar lagos com nenúfares, uma curiosa família de galinhas esculpidas em buxo e belos canteiros de flores roxas e alaranjadas.
O Palheiro Estate proporciona ainda spa e um iate a motor, o Balancal, disponível para para passeios pela costa, banhos, observação de baleias e golfinhos e também pesca desportiva e passeios especiais.
O eleito para desenhar o campo de golfe foi o norte-americano Cabel Robinson, que fora colaborador do seu mítico compatriota Robert Trent Jones, nomeadamente na concepção do outro campo da Madeira, o do Clube de Golfe do Santo da Serra (concelho de Machico), o qual, como o Palheiro, é um campo de montanha.
A ideia inicial previa um campo com nove buracos, aproveitando a zona arborizada a sul da casa, mas foi alterada para incluir 18 e abranger terrenos aráveis mais abertos, a leste do edifício. Robinson teve a preocupação de aproveitar ao máximo irregularidade do traçado, de modo a proporcionar aos golfistas um tipo de jogo emocionante e competitivo.
O percurso mede um máximo de 6.086 metros, sendo um par-72 com uma configuração original de cinco par-5, cinco par-3 e 10 par-4. Quatro dos cinco par-5 são na segunda metade do campo, pelo que não é surpreendente verificar que os últimos 9 buracos são 682 metros mais compridos do que os primeiros 9.
Dotado de greens rápidos e ondulantes, bunkers estrategicamente localizados e fairways que premeiam um jogo exacto, o Palheiro é ao mesmo tempo um digno desafio de 18 buracos e um deslumbrante passeio por um jardim botânico. Possui ainda um academia de golfe dotada com 6 buracos e área de jogo curto.
“Estamos mais do que nunca a passar o conceito da propriedade para o campo de golfe e, nesse sentido, temos replantado centenas de flores em lugares estratégicos, o que dá um colorido muito giro”, diz o director do golfe, Rodrigo Ulrich, um cascalense que assumiu o cargo o ano passado. “Outra medida que tomámos foi a limpeza de ramagem das árvores entre os fairways, para um visual mais limpo e amplo entre buracos”, acrescenta.
Em termos anuais, são feitas cerca de 20 mil voltas anuais no Palheiro Golf, mas Rodrigo Ulrich sublinha que a tendência é para crescer, visto que o arquipélago é desde o ano passado vendido pelos seus três campos de forma integrada. Paralelamente, os dois campos da Madeira alinharam estratégias comerciais criando um passaporte que dá livre-trânsito para jogar em ambos. Outra novidade, virada para o mercado nacional, são os pacotes de preços aliciantes (25, 30 euros) para grupos de golfistas continentais.
Como não podia deixar de ser, existe ainda Clube Palheiro Golfe com 200 sócios, e, a este propósito, Rodrigo Ulrich lembra que há uma “simbiose” entre o mesmo e a Sociedade Turística que gere o empreendimento, no sentido de proporcionar a jovens formação divertida mas exigente – a respectiva escola tem 60 alunos, sendo que os filhos dos membros não pagam para jogar no campo até aos 25 anos. Em 2016, um dos seus jogadores, sagrou-se campeão nacional no escalão de sub-10 anos.
O próximo grande torneio é a 16 de Julho, inserindo-se nas celebrações dos 20 anos de operação hoteleira da Casa Velha, para jogadores internacionais e locais. Vai ser um privilégio participar.