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Portugal mais forte que Espanha no pitch & putt
19/09/2016 09:20 RODRIGO CORDOEIRO
Os jogadores da selecção nacional de pitch & putt que brilharam no último fim-de-semana na Quinta das Lágrimas, em Coimbra / © D.R.

Selecção nacional ganha pela segunda vez no 7.º Match Ibérico de Pitch & Putt

Portugal derrotou a Espanha apenas pela segunda vez em sete edições do Match Ibérico de Pitch & Putt (P&P) e venceu pela segunda vez nos últimos três anos, o que mostra que está a equilibrar uma rivalidade amigável totalmente dominada pelos espanhóis entre 2007 e 2013. 

Tal como há dois anos, quando a seleção nacional se impôs pela primeira vez, também agora o triunfo foi obtido no Clube de Golfe da Quinta das Lágrimas, em Coimbra, mostrando que o Old Course está a tornar-se num verdadeiro quebra-cabeças para Espanha, uma das maiores potências mundiais no golfe de P&P. 

Em 2016 houve uma novidade, dado que, pela primeira vez, foi necessário recorrer a um play-off para decidir o título, depois das duas equipas terem chegado ao final das três sessões regulamentares empatadas a 6 pontos, acabando por triunfar Portugal por 7-6. 

O capitão da equipa portuguesa, João Cerejo, apostou em João Maria Pontes, o campeão nacional de sub-16 que, nesta especialidade de P&P, foi bicampeão nacional em 2014 e 2015, não podendo tentar o tri este ano pois estava a competir no estrangeiro quando se disputou o Campeonato Nacional de P&P de 2016. 

Foi uma dupla aposta de João Cerejo em João Maria Pontes, uma vez que o jovem do Club de Golf de Miramar recebeu um wild card do selecionador, dado não ter cumprido nenhum dos critérios estabelecidos para o apuramento direto para a equipa: ser campeão nacional, ser vice-campeão nacional ou estar classificado no top-3 do Ranking de P&P da Federação Portuguesa de Golfe (FPG).

A dupla Pontes/Paredes venceu em fourball, perdeu em foursomes  

João Cerejo já sabia quem iria chamar para a morte súbita: “Não tive muitas dúvidas. O João Maria Pontes, mesmo nos treinos e no jogo que tinha feito neste fim de semana, mostrou a qualidade que tem. Ele defrontou hoje o Andrés Pastor, um dos melhores de Espanha em P&P, e derrotou-o logo ali no buraco 12. Todos os nossos jogadores são excelentes, qualquer um poderia ter assumido a responsabilidade, mas achei que tem sido um ano fantástico para o João Maria, ele está muito confiante, isso nota-se e tem uma qualidade ímpar. A decisão foi minha, mas foi consensual na equipa.” 

O capitão espanhol, Jesús Barrera, designou para o play-off o jogador Sérgio Ruiz, um estreante nestes embates Portugal-Espanha, uma opção que poderá ter causado alguma surpresa à equipa portuguesa: “Eu já tinha jogado com o Sérgio Ruiz e achava que os shots ao green não eram o seu ponto forte, embora no último dia tenha jogado muito bem frente ao Arnaldo Paredes. Mas no play-off acusou claramente o momento. Com dezenas de pessoas à volta a ver, com tudo para decidir e falhou.” 

O capitão português explicou que “houve um sorteio e o espanhol saiu em primeiro lugar. Fez um shot direto ao bunker, ficou encostado à parede de trás e não conseguiu tirar a bola do bunker. Tentou 3 ou 4 pancadas e deu o match, até porque o João Maria Pontes tinha a bola no green”. 

Tal como na Ryder Cup, o ponto da vitória entra sempre para a história e no caso de João Maria Pontes foi ainda mais importante, pois garantiu 3 pontos num máximo de 4 possíveis. Hugo Espírito Santo, o português com melhor palmarés nacional e internacional na especialidade de P&P, somou 1,5 pontos, tal como o próprio João Cerejo.

Os dois do play-off, Pontes e Sérgio Ruiz

Um dos casos mais interessantes desta vitória portuguesa foi a presença de João Filipe Monteiro nos singulares da última sessão, quando era apenas o suplente. Um episódio revelador do bom espírito de grupo reinante. 

O selecionador nacional de P&P conta como tudo se passou: “O Mário Filipe teve uma honestidade de louvar. É um jogador com experiência e títulos nacionais e internacionais em P&P, mas sentiu que a ajuda que deu à seleção nos pares não foi a que estava à espera. Reconhecendo as qualidades do suplente, o João Filipe Monteiro, ele próprio disse que seria mais vantajoso para a seleção nacional ser substituído. E a verdade é que o João Filipe Monteiro jogou muito bem e acabou por somar o seu ponto nos singles.” 

Todos os pontos e meios pontos averbados acabaram por ser fundamentais, uma vez que Portugal partiu para o último dia com menos dois pontos do que a Espanha: “Ontem, nos pares (fourball) a jornada começou bem de manhã, com uma vitória e dois empates, mas à tarde os pares (foursomes) não nos correram nada bem e perdemos os três matches. Fomos para o último dia com uma desvantagem de dois pontos (2-4) mas nos singulares fizemos uma grande recuperação. Dos seis duelos, ganhámos quatro, o que precisávamos para empatar. Daí o play-off inédito.”

Hugo Espírito Santo esteve nas duas vitórias de Portuga

Uma das novidades deste 7.º Match Ibérico de P&P foi um envolvimento superior da FPG na organização conjunta com o Clube de Golfe da Quinta das Lágrimas, desde a calendarização da prova à constituição da seleção nacional. 

“Foi uma seleção escalonada com critérios. Juntamente com o diretor-técnico nacional, João Coutinho, decidimos que seriam levados em conta o Ranking de P&P da FPG e o Campeonato Nacional de P&P. O campeão e o vice-campeão nacionais estavam dentro, bem como e os três primeiros classificados do ranking. Sobraram três wild cards e o suplente. Aí escolhemos o João Maria Pontes, por ter sido bicampeão nacional de P&P antes do Diogo Gambini, e depois, quer o Mário Filipe, quer o João Monteiro, quer eu próprio, já tínhamos muita experiência destes matches anteriores”, elucidou João Cerejo. 

A participação ativa da FPG foi deveras apreciada: “O João Coutinho colocou tudo o que necessitámos à nossa disposição e o Miguel Franco de Sousa (secretário-geral da FPG) foi inexcedível. Provocámos o Miguel Franco de Sousa para marcarmos em Coimbra este Match e ele acedeu, considerando que o campo mais antigo de P&P em Portugal reunia as condições para organizá-lo. Desde a primeira hora que ele esteve muito envolvido. Depois, durante este fim-de-semana, esteve sempre a apoiar os jogadores como espectador e no final dos matches tinha uma palavra de incentivo e alguns conselhos úteis. Ele tem uma grande experiência como capitão, tem uma carreira e uma inteligência de análises que nos foram muito úteis.” 

João Cerejo explica que foram dias triplamente desgastantes, porque atuou em três frentes distintas, “como jogador, capitão e presidente do clube anfitrião”. Nesse papel de organizador, fez questão de deixar mais dois agradecimentos especiais: “O Amadeu Ferreira foi o nosso árbitro, sempre presente e sempre excelente, e tivemos ainda a sorte de pode contar na cerimónia de entrega de prémios com o Vereador de Desporto da Câmara Municipal de Coimbra, Carlos Cidade.” 

Merece ainda destaque o facto de haver cinco jogadores que estiveram nas duas vitórias de Portugal sobre Espanha. Os repetentes (2014 e 2016) foram Hugo Espírito Santo, João Cerejo, Arnaldo Paredes, Mário Filipe e João Filipe Monteiro. 

Os resultados completos foram os seguintes: 

1ª Jornada/Fourballs: Portugal - Espanha, 2-1 

João Cerejo / Diogo Gambini (Portugal) – Sérgio Ruiz / Javier Marroquin (Espanha), A/S (empate). 

Arnaldo Paredes / João M. Pontes (Portugal) – Tino Martin / Thomy Artigas (Espanha), 2/1.

Mário Filipe / Hugo E. Santo (Portugal) – Andres Pastor / Pablo Rodriguez (Espanha), A/S. 

1.ª Jornada/Foursomes: Espanha - Portugal, 3-0

Andres Pastor / Pablo Rodriguez (Espanha) – João Cerejo / Diogo Gambini (Portugal), 3/1.

Tino Martin / Thomy Artigas (Espanha) – Hugo E. Santo / Mário Filipe (Portugal), 2/1.

Sergio Ruiz / Javier Marroquín (Espanha) – Arnaldo Paredes / João M. Pontes (Portugal), 1 up.

2.ª Jornada/Singles: Portugal-Espanha, 4-2 

João Maria Pontes (Portugal) - Andres Pastor, 8/6. 

Hugo Espírito Santo (Portugal) - Pablo Rodriguez (Espanha), 5/4. 

Sergio Ruiz (Espanha) - Arnaldo Paredes (Portugal)-, 5/4. 

João Cerejo (Portugal) - Thomas Artigas (Espanha), 4/3. 

João Filipe Monteiro (Portugal)- Javier Marroquin (Espanha), 4/3.

Tino Martin (Espanha)-Diogo Gambini (Portugal), 3/2. 

Playoff: Portugal-Espanha, 1/0. 

João Maria Pontes (Portugal) – Sergio Ruiz (Espanha), 1/0 

Resultado final: Portugal-Espanha, 7-6