André Jordan desdramatiza fiasco da última edição mas lamenta prize-money da prova
“Foi um infortúnio. Como há muitos torneios afectados por chuva durante o ano inteiro, o facto de ter acontecido no Portugal Masters é um dissabor passageiro para o país, não acho que seja dissuasivo”, desdramatiza o empresário André Jordan em relação ao mau tempo que assolou o 8º Portugal Masters no campo do Oceânico Victoria, em Vilamoura, reduzindo a prova máxima do golfe nacional de quatro para duas voltas.
André Jordan sabe do que fala. Em 2005, enquanto anfitrião, neste mesmo campo do Victoria, do Algarve World Cup in Portugal, o mais importante torneio de golfe realizado até então em Portugal, aconteceu-lhe algo parecido: depois de meses de seca, um dilúvio abateu-se sobre a região no mesmo dia da última volta, cancelando-a. As transmissões televisivas desse dia ficaram assim sem efeito.
E a dimensão do Algarve World Cup in Portugal, na altura pontuável para os World Golf Championships (a série de torneios mais importante a seguir aos quatro majors), podia ser medida pelo facto de representado um investimento de 6,4 milhões de euros e de ter implicado 19 torres de filmagem – uma em cada um dos 18 buracos e outra, de 45 metros, numa zona central do campo, o que implicou a utilização de 100 quilómetros de cabo.
Tal contratempo não impediu, com efeito, que tenha sido André Jordan, fundador da Quinta do Lago e do Belas Clube de Campo e renovador de Vilamoura, a assinar com o European Tour o contrato para a realização do I Portugal Masters, em 2007. Isto antes de vender os cinco campos de golfe de Vilamoura ao Grupo Oceânico, que manteve a aposta naquele que passou a ser o maior torneio de golfe realizado no país.
O Portugal Masters contou este ano com 74 jogadores que já venceram no European Tour, mas, por outro lado, não teve nenhuma das 12 “estrelas” que representaram no final de Setembro a selecção da Europa na última e vitoriosa Ryder Cup. A este propósito, André Jordan diz a GOLFTATTOO que “temos de ser realistas, depende do prize-money”. Ora, o prize-money do Portugal Masters foi de €3 milhões entre 2007 e 2010, actualmente é de €2 milhões.
“Vale mais a pena ter um torneio de impacto, do que um torneio de qualidade média, pela diferença que isso faz para o interesse das audiências da televisão. Os jogadores vêm quando sentem que se justifica. A competição é feroz, e se baixa o prize-money, baixa a importância dos nomes presentes. A diferença de €2 milhões para €3 milhões é desproporcional à diferença na qualidade dos participantes”, diz.
E continua: “Temos de ter um evento de golfe forte em Portugal. Por isso é que se acabou com o Open de Portugal [última edição foi em 2010]: porque este tinha um prize-money muito baixo e era um tremendo fracasso em termos de jogadores, espectadores e audiências. Optou-se antes por concentrar esforços num grande torneio – o Portugal Masters – e eu concordei.”
André Jordan não deixa de reconhecer que este Portugal Masters teve “jogadores de prestígio, com carreira feita”, e menciona ainda os jovens de hoje, que não se deixam intimidar: “Dantes eram precisos 10 anos para se formar um campeão, agora é instantâneo”, refere. E lembra ainda que o Portugal Masters é um torneio acarinhado não só pelo European Tour como pelos jogadores, pelo que só tinha a ganhar em subir de escalão.