...apesar das atribulações antes de começar Nacional Mid-Amateur
Os mais novos provavelmente não a conhecem, mas “The Twilight Zone” era uma série em que os personagens, pessoas comuns, se encontravam em situações extraordinariamente surpreendentes, que cada um tentava resolver de forma notável.
Romeu Gonçalves, do Clube de Golfe de Vilamoura, foi protagonista de um desses episódios na defesa que fez do título no Campeonato Nacional de Mid-Amateurs, no passado fim-de- semana no Ribagolfe 1, em Benavente.
As peripécias começaram quando saiu furado o plano de sair o mais cedo possível de Vilamoura na sexta-feira, por volta da hora de almoço, de maneira a jogar pelo menos 9 buracos no palco da prova. Por naturais motivos profissionais, ele que é director do Victoria Golf Course, campo anfitrião de sempre do Portugal Masters, só conseguiu rumar a norte pelas 19h.
Estava convencido que conhecia Ribagolfe 1, mas era um equívoco, afinal nunca lá tinha jogado. O campo onde realmente já jogara ali na zona era o do Santo Estêvão Golfe, que por sinal pertence ao mesmo proprietário, a Orizonte Golf.
Apercebeu-se disso ao sair da A13, pelo GPS, que estava ligado na direcção da Santo Estêvão Guesthouse, a hospederia que reservara através plataforma online Booking.com. Não batia a bota com a perdigota.
Tinha também marcado jantar na mesma, mas quando ligou a avisar qyue estava a chegar o gerente pediu desculpa pois acabara de dispensar o cozinheiro. De noite, antes de se deitar, conheceu então o Ribagolfe 1 pela aplicação Hole19.
Viu que era um campo muito comprido, montou a estratégia de jogo baseada nas saídas das brancas. Ficou ponto assente que jogaria o driver em todos os buracos.
O pequeno-almoço na Santo Estêvão Guest House é só a partir 8h, mas a atenciosa gerência disponibilizou-se para o ter pronto pelas 7h30, visto que o jogador iria começar a jogar pelas 8h30. Quando lá chegou, pontual, não havia nada nem ninguém na sala… Só pelas 7h45.
Acabou por sair da pensão às 8h, já um pouco apressado. Quando chegou a Ribagolfe foi directo ao golfe, sem saber que a respectiva clubhouse é distante dos seus dois campos e precisa de ser percorrida de carro.
Para agravar as coisas, as fichas para as bolas só são adquiridas na clubhouse e, naturalmente, também o livro Strokesaver dos campos. De maneira que Romeu só pôde fazer uns chips e uns putts de aquecimento. Mas faltava o cartão de jogo… Ligou a Rui Frazão, da FPG, e este pediu a um funcionário do Ribagolfe para lho fazer chegar rapidamente.
Romeu estava marcado para jogar na primeira partida do dia com José Maria Cazal-Ribeiro e Luís Costa Macedo, o que entusiasmava, mas algumas ausência de última hora colocaram-no em parelha com Francisco Cazal-Ribeiro no segundo grupo a sair.
E quando viu o seu fellow competitor dirigir-se aos tees amarelos, chamou-lhe a atenção para que era das brancas, pois que se tratava de um campeonato nacional. Cazal-Ribeiro informou-o então que não era assim.
Convencido, Romeu tomou consciência de que toda a sua estratégia delineada fora por água abaixo. “Mas resolvi manter-me fiel a ela, o que me ajudou nalguns buracos e me prejudicou noutros”, conta.
Costuma dizer-se que o que nasce torto raramente se endireita, e a verdade é que ele terminou o torneio com um triplo bogey no 36.º buraco e último buraco regulamentar.
Mas só nessa altura ficou realmente fora da corrida pela revalidação do título, pelo que talvez deva ser antes de assinalar o facto de ter mantido sempre o rumo nunca vacilando apesar de todas as peripécias iniciais.
Entre 95 jogadores, acabou no quarto lugar, com duas voltas de 78 e um total de 156 (+12), ficando somente a 5 pancadas de José Maria Cazal-Ribeiro e Luís Costa Macedo, que foram primeiros com 151, e a 4 de Francisco Cazal-Ribeiro, que foi terceiro com 152.
“Apesar de tudo, faço um balanço positivo do torneio”, diz. “No primeiro dia tive o desafio de jogar num campo desconhecido e com estratégia equivocada, pelo que foi um desafio e o resultado ficou dentro do esperado. Não vinha com grandes expectativas para o torneio, mas no segundo dia já bati muito bem na bola, tive bom controlo, foi uma pena o triplo para terminar e um duplo no meio, também com um pouco de azar à mistura, o que me deixou um sabor amargo.”
Quem sabe e tem muita experiência e um grande currículo no golfe, não desaprende, sejam quais forem as circunstâncias.