A celebrar 80 anos, golfe na Madeira é relevante produto turístico
O golfe na Madeira é hoje um relevante produto turístico da Região. São cerca de 60 mil voltas anuais (perto de 80 por cento realizadas por golfistas vindos dos países nórdicos, Reino Unido e Alemanha), estimando-se para 2017 um aumento de 15 a 20 por cento. As receitas directas nos seus três campos de golfe – Santo da Serra, Palheiro e Porto Santo, por ordem cronológica – ascendem aos 2,3 milhões de euros, correspondendo este valor a apenas 35 por cento das receitas totais.
O potencial de crescimento é enorme, pelo que todas as sinergias são bem-vindas. Enquanto destino de golfe, o arquipélago é desde o ano passado vendido pelos seus três campos de forma integrada, proporcionando aos visitantes uma experiência única que inclui pacotes que contam com as deslocações e transporte inter-ilhas.
Paralelamente, os dois campos da Madeira alinharam estratégias comerciais criando um passaporte que dá livre-trânsito para jogar nos 27 buracos do Santo da Serra, em Machico; e nos 18 do Palheiro, no Funchal. Outra novidade, virada para o mercado nacional, são os pacotes de preços acessíveis (25, 30 euros) para grupos de golfistas continentais. Coloca-se o foco no cliente e vai-se ao encontro do desejo dos operadores internacionais.
Isto quando acabaram de passar 80 anos certos sobre a inauguração do primeiro campo de golfe da Região, o do Clube de Golfe do Santo da Serra. O torneio de efeméride, em Fevereiro, contou com a presença do presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, e do seu antecessor no cargo, Alberto João Jardim. Na ocasião, o primeiro mencionou o forte impacto da modalidade junto do motor económico da Região: o turismo.
Clube de Golfe Santo da Serra / © D.R.
Como no Continente, a modalidade foi trazida para a Madeira por ingleses, os produtores do Vinho da Madeira. Já nos anos 20 do século XX a modalidade era praticada pela colónia britânica residente na ilha, em terrenos anexos ao Hotel-Pousada da Serra. Foram eles que fizeram nascer, a 25 de Fevereiro de 1937, os 9 buracos do Favellas Santo da Serra Golf Club.
Nesse dia, a inauguração contou com o grupo dos cinco melhores golfistas profissionais britânicos da altura – J.H. Taylor, Alf Padgham, Abe Mitchell, Bill Cox e Allan Dailey, convidados para virem num cruzeiro para um jogo de exibição.
Esse campo inicial, de arquitecto desconhecido, subsistiu durante mais de 50 anos, até que nos anos 80 o clube entregou o terreno ao Governo Regional, que por sua vez adquiriu o restante necessário para um complexo com 27 buracos, ou seja, com três circuitos de 9 buracos. Para os desenhar, foi chamado o reputado arquitecto americano Robert Trent Jones Sr.
Os primeiros 18 buracos – os 9 buracos do campo Machico e os outros 9 do campo Desertas, que constituem o championship course do complexo – foram inaugurados em 1991, e logo em 1993 foram palco da primeira de 23 edições consecutivas do Open da Madeira, do European Tour. O terceiro percurso, o Serras, onde se encontrava o campo original, abriu em 1998.
O cenário, esse, mantém-se intacto em relação aos primórdios. Nenhuns vestígios de construção imobiliária, apenas a natureza no seu esplendor. É um golfe de montanha, a 640 metros acima do nível do mar, com vistas fantásticas para o mar e para os vales verdejantes, num cenário luxuriante e floral.
Perspectiva do buraco 18 do Palheiro Golf / © D.R.
O segundo campo a nascer na Madeira, em 1993, foi o Palheiro Golf, na freguesia de São Gonçalo, numa colina 500 metros acima do nível do mar e a 10km a leste do Funchal, junto aos antigos e exóticos jardins da Quinta do Palheiro, hoje o empreendimento turístico-residencial do Palheiro Estate.
Cabel Robinson, ex-assistente de Robert Trent Jones, foi quem concebeu os seus 18 buracos. De arquitectura paisagística e flora esplêndidas, com vistas para o mar em todos os buracos, o Palheiro é ao mesmo tempo um digno desafio e um deslumbrante passeio por um jardim botânico, por entre colinas, cumes e vales profundos.
O Porto Santo Golfe, o terceiro campo da região, foi inaugurado em 2004, já depois de ali ter sido fixado um driving range em 1998, depois do PDM ter definido aquela zona para golfe.
Com assinatura do lendário jogador espanhol Severiano Ballesteros e propriedade da Sociedade de Desenvolvimento do Porto Santo, o traçado ostenta uma série de buracos de cortar a respiração: o 13, o 14 e o 15 são jogados sobre falésias e ravinas vertiginosas de 150 metros com vista para o mar. E o que dizer do 16, cujo tee, situado na área mais elevada do campo, oferece uma dupla panorâmica do oceano, dos lados norte e sul da ilha.
Como no Algarve, tem sido cada vez mais um factor de quebra na sazonalidade, com pontes aéreas com a Dinamarca que de Outubro a Maio trazem semanalmente centenas de golfistas escandinavos à Ilha Dourada.