O Golfclub Adamstal é um dos melhores campos da Áustria e Tiago Cruz um dos seus heróis
Tiago Cruz continua a ser um dos heróis do Golfclub Adamstal, um dos melhores campos da Áustria, perto da cidade de Ramsau, que faz parte do distrito de Lilienfeld e do estado alpino da Baixa Áustria. A sua volta de 63 pancadas em 2007 ainda hoje é comentada, para além de estar atestada no quadro de honra, exposto na sala do clube.
Tiago Cruz, campeão nacional de profissionais em 2014, conseguiu essa marca na terceira volta do MAN NÖ Open, prova do Challenge Tour na qual ele terminou em 3º lugar, com um total agregado de 4 abaixo do par-70 no cômputo dos 72 buracos regulamentares.
O primeiro buraco, um fácil par 4, engana. É praticamente plano. O susto começa logo no buraco 2, outro par 4, mas este já a subir. “Uma pessoa fica cansada só de olhar”, recorda Tiago Cruz. E depois continua o sobe e desce, sempre envolvido pela paisagem de montanha.
O campo encontra-se sempre como se a relva tivesse sido aparada com tesoura de manicura. Cada buraco é uma surpresa em si mesmo. Ou há um slope que não se vê bem mesmo ao pé do green, quando este é elevado ou há um desfiladeiro de rocha a orientar o shot.
O buraco 8 é de antologia. Um par-5 com duplo dogleg e green elevado, mas que só penaliza a ganância. Ali um par é um resultado aceitável. Antes, o buraco 5, um par-4 relativamente curto (367 metros), precisa de uma boa madeira de saída, a direito, para evitar as rochas e depois não falhar o green, que desce e pode expulsar a bola para a floresta.
Zonas de saída no buraco 5 (par-4) / © D.R.
Na memória de Tiago Cruz ficaram registados outros buracos. “O 13, não por ser o número do azar para alguns, mas pelo seu desenho, com fairway estreito partido por um ribeiro. Em termos de beleza existe o 15, um par-5, e o 17, um par-4, de onde podemos ver alguns dos locais por onde passámos.”
A meio do percurso, lá no topo da montanha, está o bar do campo. Há sempre por ali bebidas e tapas, sem preço fixo, apenas se deixa o que se quiser. Vale bem a pena, especialmente quando se faz o campo a pé.
“O percurso é extenuante, especialmente no Inverno, porque o campo fica muito pesado devido à chuva”, recorda Tiago Cruz que o jogou já várias vezes, sempre a pé, tal como mandam as regras. “Depois de uma subida íngreme e prolongada é muito fácil perder a concentração e falhar o shot, devido ao esforço físico, à falta de oxigénio e ao forte bater do coração para recuperar do cansaço. E neste campo há muitas fases dessas. Amarante ao pé do Adamstal é uma brincadeira para crianças.”
Green do buraco 7 © D.R.
O dia que lhe valeu a glória, em 2007, foi daqueles em que saía tudo bem, até os putts. “Só me lembro que não fiz nenhum eagle”, recorda Tiago. Este ano voltou a jogar em Adamstal, mas o resultado ficou aquém dessa marca de 63 tacadas, que é uma marca brilhante em qualquer campo do mundo.
Este campo tem uma particularidade. Possui mesmo um buraco 19. Explique-se: o último buraco do percurso regular termina a meio da montanha. E já que há que descer até à club house foi criado um par-3 com um desnível de 40 metros, onde se fazem as últimas as apostas para ver quem paga a cerveja. “Há dois anos, num pro-am que antecipou a nossa prova, a minha formação jogou toda esse buraco”, recorda Tiago. “Jogámos todos das amarelas. Eu recordo-me que joguei um ferro 8 e passei o green. Temos que tirar quase 30 metros à distância medida para fazermos um bom resultado”.
O edifício do club house é também uma guest house com alguns quartos para quem quiser pernoitar. Construído em 1887, foi primeiramente uma residência particular. Depois, quando o campo foi construído, foi adaptado, tendo a zona residencial sido transformada em alojamento. Por 99 euros pode pernoitar na club house e jogar duas voltas, uma no campo de 9 buracos – chamado Wallerbach – e outra no Championship Course.
É possível pernoitar na club house © D.R.
Adamstal está classificado em 62º lugar entre os campos da Europa continental e tem sido, nos últimos anos, considerado o melhor campo austríaco.
O seu proprietário é Franz Wittmann, também ele campeão mas nos ralis, actividade em que se notabilizou entre 1973 e 2001, ao volante do Audi Quattro ou do Lancia Delta HF 4WD. Depois da glória nas corridas, e de o filho ter assegurado continuidade do nome, ele virou-se para o golfe e criou em 1994 um dos mais belos campos de golfe da Áustria. Entre 2006 e 2013 foi o presidente da federação austríaca de golfe.
A concepção do campo coube ao canadiano Jeff Howes, um discípulo de Jack Nicklaus no que diz respeito ao desenho de campos de golfe.