É a mais recente aquisição do grupo, para os campos de Ribagolfe e Santo Estêvão
Depois do Club de Golf de Miramar, Academia Internacional Golf Estoril Sol – Linhó (no Bennett’s Golf Learning Centre), Club de Golfe da Quinta da Barca, Clube de Golf do Estoril, Pestana Beloura Golf Resort (aqui foi onde esteve mais tempo, de 2005 a 2009 e de 2012 a 2014) e Citygolf, o profissional de golfe João Pedro Themudo tem, aos 49 anos, um novo desafio profissional: sai do Citygolf, no Porto, para entrar no Orizonte Golfe, que detém nada menos do que sete campos de golfe, cabendo-lhe a ele os dois de Ribagolfe e o seu irmão-vizinho de Santo Estêvão, no concelho de Benavente.
Diz que se o golfe não tivesse surgido na sua vida, provavelmente hoje ainda estaria a vender seguros. Como amador, representou a selecção nacional nos escalões de juvenis e boys e conquistou alguns títulos nacionais, nomeadamente, em 1994, o do clubes (Taça Visconde Pereira Machado), inserido na equipa de Miramar, que representava desde 1983. Foi também o campeão deste clube em 1987, 1990 e 1998.
Como profissional, tem desde 2003 a Categoria de Fully Qualified PGA Golf Professional (curso reconhecido pela PGA da Europa) a que equivale a categoria de Treinador de Nível IV. Foi preletor nos cursos de formação da PGA de Portugal e da Federação Portuguesa de Golfe e presidente da PGA de Portugal entre 2008 e 2010, ou seja, entre as presidências de David Silva e José Correia.
Hoje, no mesmo dia em que esta entrevista é publicada, jogou-se o Themudo Invitational, com mais de 60 jogadores no Ribagolfe 1. “A ideia surge, fundamentalmente para me dar a conhecer aos sócios do grupo e para reatar contacto com todos os meus amigos e alunos que deixei na zona de Lisboa antes de rumar a norte. Todos aqueles que se inscreveram são especiais, espero poder ajudá-los no futuro a jogar melhor e a tirar mais partido do tempo que passam a jogar golfe”, explica, a propósito do evento, o pai de Beatriz Themudo, vice-campeã nacional amadora absoluta em 2015 e 2016 e actual detentora da Taça da Federação.
Legenda: Beatriz Themudo não pôde jogar o Themudo Invitational porque se lesionou num dedo das mãos entalando-o numa janela
GOLFTATTOO – Como é que surge o desafio de Ribagolfe e Santo Estêvão.
JOÃO PEDRO THEMUDO – Enviei o meu CV para o grupo Orizonte, que felizmente decidiu que eu poderia ser uma mais-valia e decidiu contratar-me.
Qual será o seu papel em concreto?
Para além da responsabilidade de organizar e reativar a Academia, terei como função ajudar o Ginja Figueiredo no que for necessário. A gestão de três campos de golfe é muito trabalhosa e eu espero que a experiência acumulada de 40 e tal anos possa ser útil nesta área também.
Que sinergias existem com os outros profissionais de um grupo que detém sete campos?
Apesar de ainda estar cá há pouco tempo, notei que a ideia do grupo é a uniformização das características das diversas academias. Conheço todos os profissionais há muito tempo e estou certo que a experiência de todos irá ser preponderante na afirmação do grupo Orizonte como referência da formação do golfe nacional.
Como têm sido estas primeiras semanas, a adaptação? Está a residir onde?
A adaptação tem sido excelente. Encontrei uma equipa motivada a fazer mais e melhor todos os dias. Encontrei excelentes profissionais em todas as áreas desde a manutenção aos caddie masters, passando pela recepção. Fui recebido calorosamente e sinto-me já perfeitamente enquadrado na estrutura. Estou a morar em Samora Correia, uma vila muito simpática e calma e a sua proximidade com os campos de golfe, pesou muito na minha escolha.
Tenho curiosidade em saber como é que o golfe entrou na sua vida e qual o seu trajeto até aqui...
Curiosamente começou no Oporto. O Rico Brito e Cunha ao fim-de-semana passava em casa dos meus pais e levava-me a mim e ao meu irmão para termos aulas com ele e com o José Granja. Devíamos ter sete ou oito anos, a partir daí nunca mais parei. Vivi na Praia da Aguda durante a minha infância e adolescência, por isso a opção de Miramar foi natural: era perto dava para ir a pé.
Comecei a ganhar alguns campeonatos nacionais e fui chamado à selecção várias vezes. Aos 19 anos, portanto em 1987, comecei a trabalhar num transitário e mais tarde num mediador de seguros. Neste período fui convidado pela direcção do Club de Golf de Miramar para ajudar o Sérgio Ribeiro no trabalho com os miúdos. Foi então que me apercebi que havia espaço para mais um profissional de golfe e propus à direção ficar a tempo inteiro.
Em 1999 passei a profissional e realizei o curso da PGA de Portugal. Em 2004 rumei a Sul para trabalhar com o Tony Bennett na Academia Estoril-Sol que infelizmente fechou pouco tempo depois. A Beloura, pela proximidade, foi uma escolha natural. Fui mais tarde convidado pelo Clube de Golf do Estoril para reanimar a Academia, consegui reunir cerca de 80 miúdos mas infelizmente não foi possível continuar o projecto, voltei à Beloura de onde saí para a Citygolf.
Que balanço faz das experiências anteriores mais recentes na Beloura e no Citygolf?
Ambas foram experiências enriquecedoras e que me deram a noção das dificuldades que o golfe atravessa, principalmente na angariação de novos jogadores.A Beloura sofreu um pouquinho com a abertura do Jamor e de Oeiras a nível de movimento, uma vez que as pessoas optaram por instalações com maior proximidade e mais rápidos acessos. Na Citygolf encontrei um mercado completamente diferente, as pessoas não investem tanto na formação e o mercado é muito mais pequeno e acima de tudo muito mais fidelizado.
Foi também presidente da PGA de Portugal entre 2008 e 2010...
Dava muito trabalho voltar a colocar o organismo nos eixos e o José Correia, que me sucedeu, conseguiu, teve disponibilidade para isso, coisa que eu e a direcção a que presidi não tínhamos. Estava muito difícil – e ainda bem que as coisas se endireitaram, o José Correia fez um excelente trabalho e pôs a PGA a funcionar outra vez.
A competição está para si posta de parte?
A minha última competição foi no Campeonato Nacional PGA do ano passado, em Espinho. Ficava pertinho de casa. É difícil, primeiro porque os novos jogadores jogam muito bem, por outro, os prize-moneys ainda não são aliciantes para justificar uns dias fora de casa, fica sempre caro. Decidi dedicar-me mais ao meu trabalho.
Tem alguma, digamos, filosofia em termos de ensino?
Todas as pessoas são diferentes, por isso todos os swings são diferentes. Pequenas correções, principalmente nos fundamentos básicos, levam a um jogo mais consistente.
Tem algum instrutor, português ou estrangeiro, que seja a sua principal referência?
Leio bastantes publicações a nível da instrução e tento beber um bocadinho da cada autor, não creio poder afirmar que tenha um instrutor de referência.
Se não fosse profissional de golfe, o que seria?
(Risos) Não sei. Enquanto estudante sonhava ser arquiteto, o meu percurso de vida levou-me por outros caminhos, possivelmente se não tivesse tido a oportunidade de ser profissional de golfe ainda estaria a vender seguros.