Bicampeã nacional amadora utilizou indevidamente aparelho de medição electrónica
Susana Mendes Ribeiro era a face da desolação, hoje, no Batalha Golf Course, na ilha de São Miguel, Açores. A bicampeã nacional amadora apostava forte no Açores Ladies Open, prova do Ladies European Tour Access Series (a segunda divisão do golfe profissional europeu feminino), até porque planeia competir neste circuito em 2015. Na edição passada, no Clube de Golfe da Ilha Terceira, tinha falhado o cut por apenas uma pancada. Mas hoje foi desclassificada ao terceiro buraco da primeira volta.
Tudo porque utilizou indevidamente um aparelho de medição electrónica, convencida de que este era regulamentar. Estava convencida de que, se a utilização fosse irregular, o aviso não deixaria de constar nas regras locais. Mas a regra diz exactamente o oposto. Diz que a utilização de dispositivos artificiais só é permitida se estipulada pelas regras locais. É a regra 14 – 3.
Em quase todos os torneios em que Susana tem jogado, tanto em Portugal como no estrangeiro, essa regra local existe, de facto, o que a terá baralhado no sentido de pensar que se tratava de uma regra geral.
Eis o que disse a bicampeã nacional amadora, que até estava a jogar bem: “Estava confiante, a bater bem na bola, a “patar” bem, tinha tudo para fazer um bom resultado. Tinha jogado três bons buracos, a Par, com o birdie muito perto em dois deles. Usei o Bushnell nos primeiros dois buracos e não podia. Não sabia disso, porque não vinha nas regras locais nem no regulamento da prova. A Diana Barnard (diretora do LETAS) explicou-me que está nas regras do golfe e, de facto, está. Só não acontece a quem não joga, mas, sim, eu deveria saber, porque é uma regra”.
Como atenuante para esta situação que parece insólita, vale a pena recordar que até Tiger Woods já foi penalizado por situações que têm avaliações de arbitragem diferentes no European Tour e no PGA Tour e Susana Ribeiro está habituada a jogar no PGA Portugal Tour e no circuito amador da Federação Portuguesa de Golfe onde estes dispositivos eletrónicos são permitidos.
“Nos torneios amadores, estamos habituadas a que, quando não se pode utilizar, venha nas regras locais ou nos avisem no tee de saída. Nos torneios em Espanha, por exemplo, é proibido usar e aparece no regulamento da prova”, explicou a jogadora do Club de Golf de Miramar.
Doravante, fica a saber que no circuito profissional feminino o pensamento deve ser ao contrário, ou seja, como a regra proíbe, está sempre em vigor, salvo qualquer indicação explícita em contrário, o que não foi o caso neste Açores Ladies Open.
Imagine-se o estado em que ficou a campeã nacional amadora, depois de ter sonhado tanto com este torneio, o mais importante do seu país e de ter viajado aos Açores às suas custas. À pergunta sobre se estaria a ser um dos momentos mais difíceis do ano, respondeu, lacónica e pensativamente: “Sim, …diria que sim.”
Com a desclassificação de Susana , ficaram em prova apenas duas portuguesas: a profissional Mónia Bernardo, que fez 80 pancadas, 8 acima do par-72; e amadora Leonor Bessa, bicampeã nacional de sub-16, que esteve em bom nível com 74.