Ricardo Melo Gouveia recém-vencedor no Challenge Tour é figura em foco no Portugal Masters
Pergunta - Como têm sido estes últimos dias desde a vitória de domingo no EMC Golf Challenge Open, quando te tornaste no terceiro português a vencer no Challenge Tour?
Resposta - Muita gente a querer entrevistas individuais. Nos dois primeiros dias fiz a vontade às pessoas, porque é uma vitória importante não só para mim como para o país, mas hoje tentei ao máximo concentrar-me para este torneio, para obter o melhor resultado possível.
E as mensagens também devem ter sido muitas?
Tentei ao máximo responder a toda a gente. Ainda ontem uma pessoa me veio perguntar se eu tinha recebido a mensagem dele, porque eu não cheguei a responder. Não foi possível apanhar todas as mensagens, o apoio foi incondicional, não só aqui mas também no torneio em Roma, onde senti que o público estava a puxar por mim.
Tens tido dificuldade em fazer a tua rotina normal?
Um bocadinho. É algo a que não estou habituado e que no futuro terei de trabalhar. Na segunda-feira foi de facto difícil conciliar as entrevistas com o treino, na terça-feira já foi melhor e hoje consegui fazer o meu trabalho melhor.
Se calhar preferias uma semana de descanso antes de apanhares de imediato com o Portugal Masters…
Não. Acho que é bom ter já o Portugal Masters, porque o meu jogo está óptimo. Se calhar, com uma semana de intervalo já não ia estar no meu melhor. Já que estou a jogar bem, é aproveitar esta boa forma. Estou confiante.
O que se nota é que estás a fazer muitos birdies…
Depois da primeira volta na Escola de Qualificação, antes do torneio em Roma, eu pedi ao Pedro [Figueiredo] no putting green para ele ver como é que estava a minha pancada de putting, e ele reparou que eu estava muito apontado à esquerda e a fazer um bocadinho de push, a ‘patar’ para a direita, para compensar. Eliminei essa compensação e comecei a jogar bem porque eu estava a jogar bem. Foi só a diferença no putting, que representa menos 4 ou 5 pancadas no resultado.
Não te sentes cansado?
Sinto-me confiante, ainda estou com a adrenalina da semana passada, aliás, das duas últimas semanas, contando com o torneio da Escola de Qualificação. Com certeza que depois desta semana vou estar um bocado cansado e por isso optei por não jogar na próxima semana na China, também porque tenho de tratar do visto.
Que tal está o campo do Oceânico Victoria?
Gostava que o rough estivesse mais alto, porque o meu ponto forte são os shots compridos e estando o rough mais baixo os que não batem tão a direito conseguem recuperar melhor. Quem ‘patar’ melhor vai ganhar este torneio, com um resultado muito baixo. Um top 20 seria um óptimo resultado, penso que é um objectivo alcançável, mas tenho de me pôr na melhor situação possível para o fim-de-semana.
Quando, há dois anos, passaste o cut aqui como jogador, disseste que tinhas sentido muito a passagem de sexta-feira para sábado, talvez pela pressão de sentires mais gente à tua volta. Isso de certa forma ajuda-te para a experiência que vai viver agora?
Sim, não só essa experiência, mas as que tive nestas duas últimas semanas, Quanto mais cedo eu tiver essa experiência melhor e mais cedo estou preparado para conseguir os meus objectivos a longo prazo.
Houve alguma reacção da tua antiga universidade americana à vitória de domingo?
O meu treinador mandou-me logo um e-mail quando acabei a dizer que estava muito contente, e todos os meus companheiros de equipa, ex-companheiros, me mandaram mensagens, que foi muito comovente. Gostei muito de ter tido esse apoio.
Hoje tiveste com o teu treinador, David Llewellyn. Alguma coisa especial em que tenham estado a trabalhar?
Não trabalhámos nada de especial. Tive só uma aula de jogo curto com um treinador inglês, para ouvir uma segunda opinião – e correu muito bem. Mas, a nível de swing, de jogo comprido, não houve nada a mudar. Bati muito bem na bola nas voltas de treino e por isso não há assim nada…
Quem é esse treinador inglês?
Hugh Marr. Foi-me aconselhado pelo meu manager, Rory Flannagan, da Hambric Sports Management. Já era para ter trabalhado com ele antes da Escola de Qualificação só que não houve essa oportunidade. Agora que está cá em Vilamoura aproveitámos…
Uma coisa pontual…
Deu-me imenso jeito para as próximas semanas e agora quero continuar a trabalhar com ele, não tão a fundo como trabalho com David Llewellyn, que já trabalha comigo há muito tempo, mas sempre que precisar irei ter com ele.
Como estás em termos de patrocinadores?
Para já só tive contacto de uma marca de roupa, que mostrou interesse. De resto, estou com a Srixon há dois meses, mas só agora assinei contrato oficialmente. Eu jogava com Ping há 6 ou 7 anos, mas depois de ter acabado a universidade eles apoiaram três jogadores e deixaram-me de fora. Da parte da marca de roupa, a Simone Silva, que é a representante em Portugal, ajudou-me esta semana com alguns produtos, e para já não há mais nada.
Sentes-te a jogar em casa no Portugal Masters, sentes alguma ligação a esta organização?
Sem dúvida, sempre foi a minha segunda casa. Eu cresci aqui, comecei a jogar aqui, vim aqui para as escolas de jovens do Clube de Golfe de Vilamoura, que me apoiou, como mais tarde me apoiou a Federação Portuguesa de Golfe. Sem eles não estaria aqui.
Este sucesso veio muito rápido para ti ou sabias que trabalhando como estavas a trabalhar o sucesso ia aparecer já?
Foi um bocadinho inesperado. Este ano o meu objectivo era aprender o máximo possível, ver o que teria de trabalhar nos próximos anos para conseguir ter sucesso no Challenge Tour ou no European Tour. Esta última semana não estava à espera de uma vitória, mas com o decorrer da semana fui-me apercebendo de que teria essa hipótese e no último dia apercebi-me que estava alutar pelo título. O meu treinador, David Llewellyn, tinha-me dito que é normal eu pensar na vitória e no que aconteceria se eu eventualmente ganhasse, e eu deixei esses pensamentos entrarem, mas depois, quando era altura de bater o shot, eu diz para mim mesmo que era altura de me voltar a concentrar e pensar nas coisas importantes.