O melhor profissional português no ranking mundial explica progressão na presente época do European Tour
Ricardo Santos continua a progredir no European Tour e pela segunda semana seguida conseguiu, simultaneamente, a sua melhor classificação e o seu melhor resultado em torneios da primeira divisão europeia na época de 2020.
O melhor português no ranking mundial tinha sido há pouco mais de uma semana 57.º no Hero Open em Birmingham, com um agregado de 3 pancadas abaixo do Par, o seu melhor até então na presente temporada.
Agora, na primeira edição do English Championship, terminou no grupo dos 44.º classificados, com um acumulado de 10 pancadas abaixo do Par do Hanbury Manor Marriott Hotel & Country Club, na localidade inglesa de Ware.
"Foi uma prestação positiva, com muitas coisas positivas. Não saio daqui feliz como gostaria, mas, apesar de tudo, contente com algumas coisas que consegui durante a semana", disse Ricardo Santos à Tee Times Golf, em exclusivo para Record.
Que aspetos positivos foram esses? Bem, para além de serem as suas melhores marcas da época, há outras estatísticas que merecem destaque, a começar por ter jogado quatro voltas consecutivas abaixo do Par, algo que tem feito algumas vezes no Challenge Tour (a segunda divisão europeia), mas que, no European Tour, não acontecia desde o Open de Itália em setembro de 2015, onde foi 20.º classificado com 274 (69+68+68+69), -14, embolsando na altura 17.490 euros.
Estes recordes pessoais no English Championship não foram obra do acaso. Há uma semana já tínhamos referido em Record que, no Hero Open, o algarvio de 37 anos tinha alinhado três voltas abaixo do Par no mesmo torneio pela primeira vez esta época.
Se contarmos todas as suas voltas desde que regressou à competição após a paragem devido à pandemia verificamos que bateu o Par do campo em 11 das 13 rondas disputadas no Solverde Campeonato Nacional PGA (três em três), British Masters (uma em duas), Hero Open (três em quatro) e neste English Championship (quatro em quatro)!
"Sim, é um dado estatístico muito positivo, apesar de sentir que deixei muitas pancadas no campo nestes quatro dias. Especialmente no último dia em que joguei lindamente, apenas não meti nenhum putt. Muitos putts ficaram a tocar e a rodar o buraco, mas nada. Poderia ter sido uma volta muito baixa, mas, enfim, não foi e tenho de aceitá-la", concordou o profissional da Titleist.
Estas 10 pancadas abaixo do Par (o mesmo agregado que conseguiu em Vidago quando sagrou-se vice-campeão nacional pelo terceiro ano seguido), sendo um resultado positivo, têm também de ser relativizadas por o campo desenhado por Harry Vardon no início do Século XX e remodelado por Jack Nicklaus em 1991 ter proporcionado registos muito baixos.
Aliás, o campeão, o eterno sorridente inglês Andy Sullivan, que conhece bem o traçado, arrasou-o com 257 pancadas, 27 abaixo do Par, após voltas de 66, 62, 64 e 65, fazendo lembrar a sua vitória no Portugal Masters em 2015 com 23 abaixo do Par.
O cut do English Championship fixou-se em 5 abaixo do Par, outra prova das facilidades do Hanbury Manor Marriott Hotel & Country Club, um antigo palco do English Open, que é bem do agrado de praticantes amadores que ali jogam durante o ano.
"Nunca tinha ouvido falar nem nunca tinha jogado neste campo. É um campo curto, com várias oportunidades de birdie se andarmos no fairway, caso contrário complica-se porque estava muito duro, especialmente ao lado dos fairways e dos greens, que estavam em muito boas condições", analisou Ricardo Santos.
Por outro lado, a meteorologia foi bastante mais benéfica do que na semana anterior, «sempre com muito calor, acima dos 30 graus Celsius» e com o vento a aparecer apenas no último dia.
Mas apesar destas condições favoráveis a grandes resultados, era preciso jogar bem. Que o diga Pedro Figueiredo, que falhou o cut pela segunda semana seguida, desta feita com 146 pancadas, 4 acima do Par, após voltas de 75 e 71, que deixaram-no no 126.º lugar (empatado), entre 132 jogadores.
"Não joguei bem nestes dois torneios (Hero Open e English Championship). Estive mal sobretudo nos greens. Perdi muitas pancadas com o putt", lamentou-se Figgy, que desceu para o 193.º lugar na Corrida para o Dubai (era o 181.º uma semana antes). Continua, contudo, a ser o melhor português no ranking do European Tour, pois Santos aparece apenas em 229.º (era o 254.º).
Foi a facilidade com que os jogadores lidaram com o campo que fez com que os bons resultados de Ricardo Santos não lhe permitissem sequer andar entre os da frente. Com efeito, era 51.º aos 18 buracos, 43.º aos 36, 40.º aos 54 e 44.º aos 72.
Mas isso não invalida que tenha realizado uma boa prestação, sobretudo num sentido de progresso em relação ao passado, com destaque para dois aspetos: a forma como reagiu positivamente aos momentos menos bons e uma consistência de jogo superior aos três torneios anteriores deste "UK Swing".
Há uma semana contabilizámos aqui, em Record, os birdies do campeão nacional de 2011 e 2016 desde que regressou à competição: "13 em Vidago (em três voltas, uma média de 4,3 por volta); 8 birdies e 1 eagle no British Masters (uma média de 5 pancadas ganhas ao campo por volta); e 23 birdies em Birmingham (uma média de 5,75 por volta)".
Pois bem, em Ware foram 13 birdies e 1 eagle, uma média de 3.75 pancadas ganhas ao campo em cada volta. É uma média inferior à das semanas anteriores, mas, em contrapartida, cometeu menos erros – unicamente 3 bogeys e 1 duplo-bogey, ou seja, uma média de 1,25 pancadas perdias para o campo por volta. No Hero Open, na semana anterior, sofrera 16 bogeys e 2 duplos!
"Como dizes, e bem, consegui superar a má volta de domingo na semana passada (terminara o Hero Open com 75 pancadas no último dia) e o meu objetivo para esta semana era ser mais consistente. Consegui-o, pois nestes quatro dias só fiz quatro buracos acima do Par", regozijou-se Ricardo Santos, que ganhou um prémio de 4.335 euros.