Equipa continental manteve invencibilidade caseira com vitória categórica sobre os EUA
Os EUA tinham 11 dos seus 12 jogadores entre os 17 primeiros do ranking mundial e apenas dois estreantes na equipa, a Europa apenas seis no “top-20” da tabela e cinco rookies, mas, uma vez mais, a teórica superioridade dos americanos de nada lhes valeu na 42.ª edição da Ryder Cup no Le Golf National, em Paris. A equipa anfitriã não só recuperou o troféu que deixara fugir em 2016 em solo alheio como manteve a invencibilidade a jogar em casa – a última vez que perdeu em terreno próprio foi em 1993, em Inglaterra. O resultado final saldou-se em 17,5-10,15, no cômputo das 28 partidas disputadas (16 em pares e 12 em singulares).
O italiano Francesco Molinari, n.º 5 mundial, foi a estrela da companhia tornando-se o primeiro europeu a somar por vitórias o máximo de cinco jogos disputados. Foi por isso simbólico e inteiramente merecido que lhe tenha pertencido, na nona das 12 partidas de singles, o ponto que selou o triunfo europeu, frente a Phil Mickelson, por 4/2 (quatro buracos de vantagem e dois por jogar). O espanhol Sergio Garcia também ganhou o seu match frente a Rickie Fowler tornando-se o jogador com mais pontos averbados (25,5) na história da Ryder Cup – e no fim não conseguiu evitar as lágrimas.
A diferença terá estado nos quatro jogadores escolhidos – os restantes apuram-se mediante um ranking próprio – por cada um dos capitães (não jogadores). Neste capítulo, o dos EUA, Jim Furyk, falhou em toda a linha, já que Tiger Woods perdeu as quatro partidas que disputou, Phil Mickelson só jogou um encontro de pares e o de singulares, perdendo ambos, e Bryson DeChambeau perdeu os seus três encontros. O único wild card americano que se "safou" foi Tony Finau, com duas vitórias em três jogos, uma delas nos singles frente ao inglês Tommy Fleetwood, o parceiro invariável de Molinari nos pares.
Tiger Woods e Phil Mickelson, de 42 e 48 anos, respectivamente, podem ser os mais prolíficos campeões do golfe nos últimos 20 anos (179 vitórias em conjunto), mas o seu palmarés na Ryder Cup é para esquecer. Woods, batido no singles pelo espanhol Jon Rahm, por 2/1, não a ganha desde 1999 e Mickelson tornou-se agora o jogador com mais derrotas (22) no evento.
Já o capitão europeu, o dinamarquês Thomas Bjorn, teve nos seus wilds cards – Sergio Garcia, o inglês Ian Poulter, o sueco Henrik Stenson e o inglês Paul Casey – peças fulcrais. “Algumas pessoas dizem que o golfe é aborrecido – bom, não o é certamente. Já estive em muitas Ryder Cups, mas esta foi a melhor”, afirmou Bjorn. Já o seu seu homólogo Furyk afirmou: “Tenho de lhes tirar o chapéu – eles foram melhores.”
Neste domingo, com 70 mil espectadores, as coisas até começaram bem para os EUA, que perdiam por 6-10 após os 16 encontros de pares e precisavam assim de repetir o milagre operado pela Europa em 2012 no Medinah Country Club, em Chicaco: venceram três dos primeiros quatro encontros e empataram outro reduzindo a desvantagem para apenas um ponto (9,5-10,5). Mas, quando a pressão começou a aumentar para os europeus, estes travaram o ímpeto dos adversários fechando rapidamente a porta para ganhar a Ryder Cup em casa pela sexta vez consecutiva.
A Europa fez isso com a ajuda de dois candidatos improváveis: Thorbjorn Olesen e Jon Rahm. Os dois rookies da Ryder Cup tinham perdido os matches de pares disputados, mas conquistaram vitórias decisivas nos singulares, o primeiro “despachando” Jordan Spieth por um expressivo 5/4 e Rahm derrotando Tiger Woods, seu ídolo de infância, no 17, por 2 /1.
Esses dois pontos permitiram que o a Europa descolasse para 12,5-10,5 numa altura em que a maioria dos restantes encontros lhe eram favoráveis e, precisando apenas de dois pontos para vencer a 42.ª edição, estava tudo acabado. O primeiro ponto veio pelo inglês Ian Poulter frente ao n.º 1 mundial Dustin Johnson e o segundo por… Francesco Molinari. A Europa venceu os singles por 7,5-4,5 e está assim novamente na posse da Ryder Cup, troféu que lhe pertenceu de forma ininterrupta entre 2002 e 2014.
A Ryder Cup de 2020 realiza-se no palco de Whistling Straits, em Kohler, no Wisconsin (EUA) e, em 2022, em Itália, no Marco Simone Golf Club, em Roma. Molinari gostaria de estar lá.