Espanhol Angel Gallardo venceu em 1967 e esteve na mais recente edição
Angel Gallardo, de 73 anos, ainda se lembra que, para jogar o Open de Portugal de 1967, levou dois dias e meio a viajar de Barcelona ao Algarve, num Renault. Levaria o mesmo tempo a regressar a casa, mas valeu a pena porque foi ele o vencedor esse ano na Penina, no famoso Sir Henry Cotton Championship Course, em Portimão.
50 anos depois, não muito longe dali, no Morgado Golf Resort, também em Portimão, marcou presença na 55.ª edição do Open, que assinalou o regresso da prova ao European Tour/Challenge Tour após sete anos de ausência. Fê-lo na condição de Embaixador do European Tour, função que desempenha desde 1 de Janeiro, depois de 40 anos como vice-presidente do Conselho de Administração do European Tour.
“Foi uma vitória sensacional para mim, foi a primeira da minha carreira profissional – e quando se ganha a primeira é sempre mais fácil ganhar mais”, afirmou ao GolfTattoo. “Abriu-me muitas portas, como um convite para o Open da Austrália. Na altura não sabia que o mundo era tão grande [risos]. Tinha 23 anos, Portugal e Espanha eram como irmãos, pelo que foi uma recordação muito bonita”, afirmou ao GolfTattoo durante a semana do Open.
Angel Gallardo jogaria várias vezes o Open de Portugal nos anos seguintes, e, apesar de várias classificações honrosas no top-5, não conseguiu bisar. Mas tornou-se um formidável competidor no European Tour e, desde o nascimento oficial do circuito, em 1972, finalizou entre os 100 primeiros na respectiva Ordem de Mérito nas 11 épocas que ali levou como jogador profissional, sendo a sua melhor marca na tabela o décimo lugar em 1977, no mesmo ano em que conquistou o Open de Itália após um play-off com Brian Barnes. É dele ainda hoje o recorde de holes-in-one no circuito: 17.
“Antes era mais fácil para os jogadores, porque havia menos concorrência, agora há muitos mais, grandes jogadores”, considera numa comparação dos tempos actuais com os anos 70.
Ao todo venceu sete torneios (embora só o Open de Itália fosse pontuável para o European Tour) e representou a Espanha na World Cup em seis ocasiões entre 1969 e 1975. Deixou a competição em 1982, e explicou-nos porquê: “Tive uma problema nas costas, era preciso fazer uma operação mas era complicada, pelo que parei de jogar como profissional e iniciei-me como dirigente no mundo do PGA European Tour.”
Mas já desde 1976 que era vice-presidente do European Tour e também tem sido desde 1984 o presidente da PGA European Tour Sul. Durante todo este tempo, foi instrumental em ajudar a moldar a estratégia global do Tour, tanto com Neil Coles como presidente como, nos últimos três anos, com David Williams.
Não tem falhado nenhuma edição do Portugal Masters e, agora que o Open de Portugal regressou, diz que vai fazer tudo para ajudá-lo a crescer, nomeadamente com novos patrocinadores. Foi em Portugal que a sua carreira disparou e, pelos vistos, quer continuar a retribuir com o seu trabalho e influência.