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Higgo conquista Open de Portugal, Vítor Lopes no top-10
21/09/2020 08:07 Hugo Ribeiro
O campeão, com os representantes de Royal Óbidos, Turismo de Portugal e Federação Portuguesa de Golfe © Octávio Passos

Sul-africano vence em Royal Óbidos uma semana depois do êxito do compatriota Coetzee no Portugal Masters

Vítor Lopes não conseguiu tornar-se neste domingo no primeiro português a conquistar o Open de Portugal at Royal Óbidos mas obteve de uma assentada a sua melhor classificação, o seu melhor resultado e o seu prémio monetário mais elevado de sempre em torneios do European Tour, a primeira divisão europeia. 

Ganhou Garrick Higgo, um jogador do Challenge Tour, a segunda divisão europeia, que, deste modo, ao arrebatar o seu primeiro título no European Tour, assegurou automaticamente a promoção ao escalão principal. O primeiro sul-africano a vencer o Open de Portugal, em 58 anos de história do evento da Federação Portuguesa de Golfe, somou 269 pancadas, 19 abaixo do Par, depois de rondas de 68, 70, 66 e 65, que rendeu-lhe um prémio de 78.812 euros, de um total de meio milhão em jogo esta semana. 

Vítor Lopes viveu um longo dia. Jogou 34 buracos, quase o dobro do que é habitual. O cansaço físico e o desgaste mental da situação inédita de liderar desde o primeiro dia cobraram uma fatura demasiado elevada ao jovem de 24 anos, que tombou do 1.º para o 7.º lugar. 

O profissional da TaylorMade totalizou 275 pancadas, 13 abaixo do Par, após voltas de 65, 71, 67 e 72. Ficou empatado com o inglês Jonathan Thompson (73+67+71+64), embolsando cada um 12.749 euros. 

Thompson foi um dos dois jogadores que apresentaram um cartão de 64 (-8), a melhor volta do torneio. O outro foi o inglês Matt Ford. Não podem, porém, ser homologados como recorde do campo, porque o Royal Óbidos jogou-se esta semana com colocação de bola no fairway, as chamadas “regras de inverno”. 

Em contrapartida, os ‘holes-in-one’ são oficializados e ontem houve outro, da autoria do dinamarquês Martin Simonsen, no buraco 3, de 163 metros, com um ferro-9. Foi o segundo ás desta 58.ª edição. 

Com o sol a brilhar, pouco vento e calor, os resultados foram substancialmente melhores na última jornada e mais ainda na quarta volta do que na terceira. É sintomático que dos primeiros 17 jogadores da classificação final só Vítor Lopes não tenha conseguido bater o Par-72 do belo campo desenhado pelo saudoso Seve Ballesteros. 

A pressão emocional e o desgaste físico vieram ao de cima à medida que ia vendo os seus rivais subirem no ‘leaderboard’, ultrapassarem-no e depois a distanciarem-se dele. Os erros foram aparecendo: 2 bogeys nos primeiros nove buracos, 1 duplo-bogey nos segundos nove foram-lhe fatais, apesar de nunca ter deixado de lutar e de ter carimbado 5 birdies. 

"Hoje dei muitas pancadas, desperdicei muitas oportunidades, fui três vezes à água… isto penalizou-me logo em 3 ou 4 pancadas… tem um sabor amargo porque estive a liderar nos três primeiros dias, mas tenho de estar satisfeito porque é o meu terceiro torneio do European Tour como profissional", lamentou-se Vítor Lopes. 

O segredo foi mesmo não ceder pancadas ao campo. O campeão, Garrick Higgo, foi um poço de consistência: em quatro voltas, com o mau tempo a prejudicar o torneio e jornadas de mais de dez horas, só perdeu 3 pancadas – 1 duplo bogey na primeira volta e 1 bogey na segunda. De resto, nos últimos 44 buracos, só fez pares ou birdies, num jogo inspirado que incluiu 3 ‘chip-in’, 1 dos quais hoje. Mas não foi o único, o espanhol Pep Angles (72+66+66+66), o vice-campeão, que ficou a apenas 1 pancada do vencedor, também só perdeu 2 pancadas nas últimas três voltas. 

"Não foi fácil de gerir as emoções, a liderar para a última volta, dando maus ‘shots’, pois logo no buraco 3 fui à água… ainda controlei as emoções e fiz a seguir 2 birdies, mas depois ver os outros a subirem na classificação e eu a descer, não era fácil. Arrisquei mais, o que originou outras duas bolas na água, mas… são experiências. (…), é a tensão, mas estou satisfeito, um 7.º lugar não é mau no European Tour e fui o melhor português", admitiu Vítor Lopes. 

Sucumbir à pressão e ao cansaço é perfeitamente compreensível. Veja-se o inglês Nathan Kimsey, que estava empatado com Lopes e Andrew Wilson no comando após a segunda volta: enterrou-se nas duas últimas rondas de 72 e 71 para tombar para 18.º, um grupo que incluiu Pedro Figueiredo (71+73+70+65), o segundo melhor português. 

O 7.º lugar de Vítor Lopes é a quarta melhor classificação de sempre de um português no Open de Portugal desde que o torneio fez parte da fundação do European Tour em 1973, só superado pelo 2.º posto de Filipe Lima em 2018 no Morgado Golf Course, pelo 3.º de Filipe Lima em 2055 no Oitavos Dunes e pelo 4.º de Tiago Cruz em 2018. 

Só que Vítor Lopes vinha com um sonho: "Coloquei-me a imposição de ganhar o torneio, foi com este objetivo com que vim no início da semana, não consegui concretizá-lo, mas estou satisfeito, porque demonstrei que posso estar no topo do ‘leaderboard’". 

Se esta foi a melhor prestação de sempre de Vítor Lopes em torneios desta categoria, Pedro Figueiredo, com uma última ronda de 65 (-7) igualou a sua melhor marca de sempre em torneios do European Tour e do Challenge Tour: "Já tinha feito -7 como amador num Portugal Masters e também -7 no torneio do Challenge Tour que ganhei na Bélgica há uns anos". Por outro lado, ‘Figgy’ alcançou pela primeira vez um top-20 no European Tour. Mesmo no Challenge Tour, o 18.º lugar (-9) é a sua melhor classificação desde que foi 13.º na Grande Final do Challenge Tour em 2018.

Para Ricardo Santos, o 24.º lugar (-8) é a melhor prestação no European Tour desde o Open de Itália de 2015, onde foi 20.º (-14) e no Challenge Tour é o seu melhor desde novembro e o 21.º posto atingido na Grande Final em Maiorca.

Stephen Ferreira, residente no Zimbábue, jogou pela primeira vez um torneio do European Tour em Portugal e o 28.º lugar (-7) fê-lo atingir os objetivos de mostrar aos portugueses que existe. «Espero jogar mais vezes no meu país», prometeu, depois de, também ele, alcançar a melhor exibição em provas da primeira divisão europeia. Este ano já tinha sido 27.º mas num torneio do Challenge Tour na Cidade do Cabo.

Ricardo Melo Gouveia não ficou, obviamente, satisfeito com o 35.º lugar (-8), mas não deixa de ser a primeira vez que passou o cut no Open de Portugal. E, finalmente, Tomás Bessa, que nunca tinha superado um cut em torneios do European Tour, fê-lo agora em duas semanas seguidas. E se no Portugal Masters foi 64.º (+1), neste Open de Portugal já entrou no top-50 e terminou pela primeira vez em números vermelhos, na 49.ª posição, com 3 abaixo do Par.

Foi, portanto, um 58.º Open de Portugal at Royal Óbidos positivo para o golfe nacional, num torneio marcado pelo mau tempo, pela capacidade da organização e da equipa de manutenção de preparar o campo para as intempéries, mas uma edição do torneio vincada igualmente pela juventude.

Vítor Lopes, de 24 anos, brilhou durante três dias e, no final, o título foi para Garrick Higgo, de 21 anos, o segundo mais jovem campeão de sempre da prova, depois do amador espanhol Pablo Martin Benavides, que tinha 20 anos quando se impôs no Oitavos Dunes em 2007.

"É sem dúvida a maior emoção da minha carreira, é esmagador, eu adoro ganhar e é espantoso", disse Higgo, o segundo sul-africano a vencer em semanas consecutivas no nosso país depois de George Coetzee no Portugal Masters. Higgo, que só estava a disputar o seu sétimo torneio no European Tour, já tinha no seu palmarés dois títulos do Sunshine Tour, a primeira divisão sul-africana, mas nada que se compare ao nosso Open nacional: "Saber que sou agora membro do European Tour é um sonho, sobretudo depois desta pandemia da COVID-19 ter cancelado as promoções do Challenge Tour para o European Tour. Esta era a única maneira de fazê-lo, era ganhar."