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Melhor madeirense de sempre pendura tacos aos 27 anos
04/02/2015 19:31 Hugo Ribeiro
Nuno Henriques durante o Open da Madeira de 2014, no Santo da Serra / © FPG

Nuno Henriques foi dos melhores portugueses da sua geração, mas via longe o European Tour

Nuno Henriques encerrou a sua carreira profissional aos 27 anos e procura uma nova vida na Bélgica, aproveitando a licenciatura em Gestão, obtida em Orlando, na Universidade Central da Florida (UCF), onde foi um dos “craques” dos “Knights”.

Apesar de ter sido um dos melhores amadores e profissionais portugueses da sua geração, chegou à conclusão de que seria complicado alcançar os seus sonhos de infância.

“Decidi que o ano passado seria para melhorar o chipping, porque estava muito abaixo de um nível de topo. O resto do jogo sempre esteve a bom nível, mas desperdiçava muito à volta do green. Trabalhei imenso nessa parte, há vários anos, com diversos especialistas, mas quando não acreditamos… é impossível. Em Setembro cheguei a um ponto em que não queria jogar mais. O meu objectivo era o Tour europeu e manter-me lá, mas sem um jogo de chipping muito forte não há quaisquer hipóteses”, explicou ao GolfTattoo o jogador que tinha a particularidade de ‘chipar’ com o posicionamento das mãos inverso do habitual.

Poderá ser uma idade prematura, a de 27 anos, para uma decisão tão drástica, mas o antigo bicampeão nacional de sub-16 está convicto: “Quero parar de jogar, sem hipótese de regressar ao golfe profissional. Algumas pessoas tentaram convencer-me a continuar, mas estava decidido. No golfe nunca sabemos, muitas vezes a recompensa vem depois dos 30. Mas também vi e vejo muitos que chegam aos 30 e 35 anos, têm de desistir e optam por uma carreira de ensino. Como não gosto de ensinar, nem acho que tenha jeito para tal, decidi caminhar para fora do golfe”.

A demanda por um aperfeiçoamento técnico que lhe permitisse concretizar as suas ambições levou-o a emigrar e vive com a namorada belga de origem eslovaca, Vicky Tomko, também profissional de golfe, no Ladies European Tour Access Series. Aliás, o português chegou a ser caddie dela num Açores Ladies Open.

“Já estou a viver em Bruxelas desde o ano passado e estou a aprender francês para no futuro trabalhar lá. Não sei durante quanto tempo, mas nos próximos anos penso que ficarei fora de Portugal para mais tarde voltar”, disse.

No ano passado, Nuno Henriques ainda tentou competir. Em cinco torneios no Pro Golf Tour (circuito satélite germânico) alcançou dois top 10. No Madeira Islands Open BPI desistiu depois da primeira volta, no Challenge da Bélgica falhou o cut e em Agosto foi 5.º classificado no Omnium Classic of Belgium. “O Omnium é uma combinação do campeonato nacional de profissionais e amadores. Foi o último torneio que joguei”, elucidou.

Para trás fica uma boa carreira. Como amador, foi campeão nacional de clubes em 2004 pelo Santo da Serra; em 2006 ganhou a Taça Federação Portuguesa de Golfe e o Campeonato Internacional da República Checa, sendo eleito Jogador do Ano pela Federação. Nos Estados Unidos, venceu um torneio da American Junior Golf Association e somou dois títulos no Future Collegians World Tour, ao serviço da Pendleton School. A nível universitário, pela UCF, registou seis top 10, com destaque para o 2º lugar no C-USA Championship de 2010, na Florida.

Nuno Henriques jogou como amador o Madeira Islands Open BPI em 2005, 2006 e 2009, bem como o Open de Portugal de 2006, nunca tendo passado o cut. Como profissional, actuou em seis torneios do Challenge Tour em 2011, cinco em 2012 e um em 2013. Passou três cuts e a sua melhor classificação foi 48.º em Lyon 2012. 

No European Tour, passou o cut no Madeira Islands Open BPI de 2012 (53º) e em 2013 (59º), disputou nesses dois anos o Portugal Masters sem se apurar para os dois últimos dias, e ainda tentou a sorte na Escola de Qualificação em ambas as temporadas.

Os maiores feitos de Nuno Henriques foram arrecadados no Pro Golf Tour. Na Ordem de Mérito desta 3.ª divisão europeia, foi 14.º em 2012, 18.º em 2013 e 73.º em 2014. Registou 7 top 10 em torneios em 2012, 6 em 2013 e 2 em 2014. Os pontos altos foram os terceiros lugares no Open Dar Es Salam em 2012 e no Open Amelkis de 2013.

No PGA Portugal Tour competiu pouco, mas ainda foi 8º no Campeonato Nacional de 2011, 5º no Açores PGA Open, no Montebelo Open e no Campeonato Nacional de 2012.

Nuno Henriques irá deixar saudades, sobretudo na “sua” Madeira e admite ser o melhor de sempre da Região Autónoma, mas com reservas: “Não sei, talvez seja o melhor da Madeira, mas também fui o único a apostar numa carreira a sério. Houve bons amadores na Madeira mas que não chegaram a profissionais [de jogo].”