Jogando juntos, termina terceira volta no Dubai com 71, sueco n.º 4 mundial faz 70
Ricardo Melo Gouveia suportou bem o mediatismo inerente a jogar 18 buracos ao lado de Henrik Stenson, um dos melhores do Mundo num dos mais importantes torneios do circuito internacional, e bateu o Par-72 do Earth Course, no Dubai, pelo segundo dia consecutivo.
É certo que o nº1 português perdeu 11 lugares na classificação geral, de 17º para 28º empatado, mas a situação não era fácil de gerir.
Para mais, como explicou António Varela, um português residente no Dubai, hoje, na terceira volta, «os greens estiveram difíceis, muito rápidos, e os pins estiveram em posições muito complicadas».
Olhando para o cartão de hoje (Sábado) de Ricardo Melo Gouveia, verificamos que dobrou o front nine com 1 pancada acima do Par, com bogeys no 4 e no 9, depois de até ter começado da melhor maneira, com 1 birdie no 1, que o lançou logo para o top-15 do leaderboard.
Poderíamos ser levados a analisar que estava a deixar-se afetar pelo nervosismo de jogar com o sueco Stenson, o nº4 mundial, campeão do British Open, vencedor aqui mesmo, no Jumeirah Golf Estates em 2013 e 2014, e atual nº1 da Corrida para o Dubai.
Contudo, se abordarmos o cartão de Sentson, constatamos que também ele perdeu 3 pancadas nos primeiros 10 buracos. Portanto, nessa altura, o algarvio de 25 anos estava a bater por 2 pancadas a estrela europeia da Ryder Cup. E no buraco seguinte, com birdie no 11, essa vantagem cresceu para 3 pancadas!
Na opinião de António Varela, sócio do Jumeirah Golf Estates, a desempenhar funções de scorer no torneio, que está a colaborar com o Gabinete de Imprensa da FPG e acompanhou a volta do português, «ele não se deixou impressionar com a companhia de alto calibre. E se durante parte do jogo o Henrik não passou cartão a ninguém (no buraco 14 até atirou um taco ao ar em frustração), as coisas mudaram no 17 e acabaram os dois em alegre cavaqueira, como documentam as fotos que vos enviei».
Ricardo Melo Gouveia está cada vez mais à vontade quando emparelha com a elite europeia. Viu-se isso nas duas primeiras voltas com o irlandês Padraig Harrington e agora com Stenson.
E quando o sueco começou a mostrar o que valia no back nine, o profissional do ACP Golf respondeu quase ao mesmo nível. Sentson fechou com 5 birdies nos últimos sete buracos para uma volta de 70 (-2) e Melo Gouveia terminou com 2 birdies nos derradeiros quatro buracos para um registo de 71 (-1).
Claro que para quem vinha fazendo um percurso em crescendo (72 e 69 nas voltas anteriores), ter perdido 11 posições pode parecer um passo atrás, mas veja-se em que companhia está o representante do Team Portugal no grupo dos 28º classificados, com 212 (-4): o alemão Martin Kaymer (ex-nº1 mundial, vencedor de dois Majors e de três Ryder Cups), o inglês Andy Sullivan (jogador da Ryder Cup este ano e campeão do Portugal Masters em 2015) e o sul-coreano Jeunghun Wang (vencedor de dois títulos do European Tour em 2016).
Wang, que começou o torneio como 15º na Corrida para o Dubai, é o principal candidato à vitória na luta pelo prémio de Sir Henry Cotton Rookie of the Year de 2016, na qual um dos seus rivais é exatamente Melo Gouveia.
Há, no entanto, que reconhecer que, neste momento, já será muito difícil a Wang perder esse prémio que outro português, Ricardo Santos, ganhou em 2012.
Temos vindo a acompanhar todos os dias a Corrida para o Dubai provisória que é publicada diariamente após cada volta. Eis a classificação atual no ranking europeu dos cinco candidatos a “Estreante do Ano”, após a terceira volta no DP World Tour Championship:
18º ↓ -3 WANG Jeunghun (Coreia do Sul), hoje 65 (-7)
25º ↓ -6 LI Haotong (China), hoje 69 (-3)
43º ↓ -3 LEE Soomin (Coreia do Sul), hoje 76 (+4)
49º ↑ +4 GOUVEIA Ricardo (Portugal), hoje 71 (-1)
51º ↓ -3 STONE Brandon (África do Sul), hoje 74 (+2)
Como é fácil de ver, a volta fantástica de hoje de 65 (-7) de Wang deu-lhe praticamente esse galardão. Tal como ontem, Ricardo Melo Gouveia foi hoje o único dos cinco candidatos a melhorar a sua cotação na Corrida para o Dubai, mas está demasiado longe de Wang.
Por outro lado, para o português residente em Londres, também já não deverá ser possível lutar por um ligar cimeiro no DP World Tour Championship, de 7,5 milhões de euros em prémios monetários, mas um top-20 continua a ser perfeitamente plausível, bastando uma boa volta amanhã (Domingo) e seria um resultado histórico para o golfe nacional.
Em relação à volta de hoje do atleta olímpico português, António Varela considerou que «o Ricardo bateu bem na bola do tee ao green, mas os putts não entraram».
Sobre o bom final de prova, acrescentou: «Ele arriscou bem nos tees avançados dos buracos 15 e 18. No 15 foi para o green ao primeiro shot, mas ficou curto no putt para eagle, acabando com um birdie. No 18 foi para o green à segunda pancada e fez birdie por deixar o primeiro putt muito longo».
Esta combinação positiva (de conseguir boas distâncias nas saídas e mesmo assim fazer greens) de que nos fala António Varela é corroborada pelas estatísticas.
Em 2015, quando foi nº1 do Challenge Tour, Ricardo Melo Gouveia foi dos jogadores mais compridos e dos mais consistentes. Nesta cimeira do Dubai, diante da elite, do top-60 do European Tour, não é dos mais longos, mas também não é dos mais curtos.
A sua distância média de drive é de 266,8 metros, situando-se no 36º lugar nesta categoria estatística entre 60 jogadores. A sua precisão de drive continua elevada, com 69%, surgindo no 17º lugar. E é na média de greens em regulação que continua a dar cartas e a cotar-se como um dos melhores da Europa, com 81,5%, na 6ª posição!
Tal como o português de 25 anos tem salientado, é na conversão dos putts que tem sentido mais dificuldades e, de facto, na média de putts por green em regulação, aparece apenas em 40º com 1,821; e na média de putts por volta, surge somente em 47º com 31,7.
Amanhã, Ricardo Melo Gouveia parte para a última volta ao lado do chinês Haotong LI, outro dos candidatos ao prémio de “Estreante do Ano”, e do francês Grégory Bourdy, um bom amigo de Filipe Lima e antigo campeão do Estoril Open de Portugal.
De acordo com António Varela, «o início da prova foi hoje atrasado por causa do nevoeiro e é por isso que amanhã as saídas são com grupos de três jogadores».
Entretanto, por ter jogado ao lado de Henrik Stenson, Ricardo Melo Gouveia viu-se no epicentro da luta pelo posto de nº1 da Corrida para o Dubai, na posse do sueco, que está agora no 22º lugar empatado do DP World Tour Championship, com 211 (-5).
De acordo com o press office do European Tour, «Stenson será provavelmente coroado amanhã nº1 europeu pela segunda vez na sua carreira, sobretudo depois do seu perseguidor mais próximo, o campeão do Masters, Danny Willett, ter sofrido 5 bogeys e convertido apenas 1 birdie para uma volta de 76».
Rory McIlroy, que começou a semana com hipóteses matemáticas, também já perdeu todas as esperanças e o norte-irlandês está no mesmo grupo de Stenson, em 22º, enquanto Willett caiu para 51º empatado.
Resta Alex Noren, que hoje até jogou bem em 69 (-3) para ascender a 13º empatado com -7, mas este sueco necessitaria de ser amanhã 1º ou 2º para ter algumas hipóteses de ultrapassar o seu compatriota Stenson no topo da Corrida para o Dubai. É pouco provável que o consiga.
«Basta-me jogar amanhã uma volta sólida. Sei que se, por acaso, o Alex conseguir ser 1º ou 2º, eu terei de terminar no top-8 para manter o meu nº1 e é nesse cenário que vou trabalhar», disse Henrik Stenson.
Quanto à vitória no DP World Tour Championship, o principal candidato é agora o francês Victor Dubuisson, que saltou hoje para o comando com 203 (-13), depois de uma terceira volta de 64 (-8), sendo perseguido a apenas 1 pancada de distância pelos ingleses Matthew Fitzpatrick e Tyrell Hatton, e pelo belga Nicolas Colsaerts