Pela primeira vez na história do torneio um português joga na condição de n.º 1 do Challenge Tour
Ricardo Melo Gouveia continua a fazer história para o golfe nacional e a partir de amanhã (quarta-feira) estará a competir no Clube de Golfe do Santo da Serra para tornar-se no primeiro português no Madeira Islands Open Portugal BPI no papel de n.º1 do Challenge Tour.
O melhor golfista português no ranking mundial (no 157º lugar) surge em melhor forma do que quando este torneio do European Tour se tentou disputar em março.
Recorde-se que, na altura, as más condições meteorológicas forçaram a organização e todas as entidades envolvidas a um enorme esforço de adiar o evento para a data de 30 de julho e 2 de agosto, com o Pro-Am a realizar-se amanhã, dia 29.
“O Madeira Islands Open Portugal BPI vem numa altura ideal para mim, porque estou na minha melhor forma”, sublinhou o algarvio de 23 anos, que este ano conquistou quatro títulos, um no Challenge Tour (AEGEAN Airlines Challenge Tour by Hartl Resort), no início deste mês; dois no PGA Portugal Tour (Clube EDP PGA Open e Taça PGA Portugal Betterball), em março e abril; e ainda o Morgado Classic, em fevereiro, do Algarve Pro Golf Tour.
A confiança que advém destes triunfos e, sobretudo de sete resultados de top 10 no Challenge Tour em dez torneios disputados desde abril, fazem com que sinta que tem uma importante cartada a jogar esta semana.
“Sem dúvida que o meu objetivo será vencer esta prova e ingressar logo no European Tour”, disse.
O jogador do Portugal Golf Team que recentemente assinou pelo Guardian Bom Sucesso Golf, sabe que já tem o seu lugar assegurado no European Tour de 2016, devido ao enorme avanço que leva na Corrida para Omã, o ranking oficial do Challenge Tour.
Mas uma vitória no Clube de Golfe do Santo da Serra – repetindo o sucesso de Ricardo Santos em 2012 – dar-lhe-ia logo o acesso à primeira divisão do golfe europeu e poderia competir a esse nível já a partir deste momento.
Em março, Ricardo Melo Gouveia já tinha vindo à Madeira com esse propósito mas, como o próprio recorda, “tinha passado o cut, rés-vés, no limite, por isso, se calhar, a decisão (de adiar o torneio) não foi tão má como me pareceu na altura. Um torneio como este merece, sem dúvida, ter quatro voltas e não apenas duas, sobretudo pelo segundo ano consecutivo. Foi uma excelente decisão da organização adiar a prova e agora vem na altura certa”.
O profissional da Srixon chega com outro estatuto importante e histórico para o nosso país, dado ocupar o 44.º posto no ranking olímpico.
Se os Jogos Olímpicos fossem agora, ele estaria bem dentro do top-60 e, por isso, apurado para o Rio de Janeiro.
Outro motivo que leva Ricardo Melo Gouveia a acreditar mais nas suas hipóteses, quatro meses depois, é agora conhecer melhor o campo.
Em março, tinha explicado que há dez anos não jogava no campo, “desde o Campeonato Nacional de Clubes de 2005” e que “na única vez que tinha jogado no Madeira Islands Open Portugal BPI tinha sido no Porto Santo Golfe”, onde falhara o cut.
Agora, a situação é bem diferente: “Desta vez já sei mais sobre o que me espera e isso poderá permitir-me preparar-me melhor para o torneio. Vai ser bom ter passado por lá em março e saber que tipo de shots e que tipo de preparação preciso de fazer.”
Ricardo Santos e Filipe Lima são candidatos
Ricardo Melo Gouveia é o português que tem estado mais em destaque, mas nunca se pode retirar da lista de favoritos um jogador como Ricardo Santos, que conquistou aqui o seu único título do European Tour, em 2012, depois de uma soberba volta final em 63 pancadas.
Mesmo atravessando uma fase menos boa, com três cuts falhados nos seus últimos torneios, o algarvio de 32 anos renasce quando chega ao Santo da Serra, onde beneficia de um enorme apoio e onde mostrou porque é apontado como o melhor golfista português de sempre.
Ricardo Santos é um dos quatro antigos campeões da prova que regressam para reviver os seus tempos de glória, juntando-se aos argentinos Estanislao Goyá (2009, no Porto Santo) e Daniel Vancsik (2007) e ao sueco Jarmo Sandelin (1996).
Ainda entre os candidatos ao título, é impossível não referir Filipe Lima. É certo que o português de 33 anos nunca venceu a prova, mas é sempre um perigo para a concorrência.
Foi 10.º em 2014, 9.º em 2013 e 4.º em 2011 (no Porto Santo). Gosta do campo e vem motivado depois de um top 15 na semana passada no Challenge Tour.
Filipe Lima é, aliás, um dos 15 jogadores na lista de inscritos que sabe bem o que é vencer um torneio do European Tour.
Para além de Lima e Santos, os outros 13 jogadores presentes no Santo da Serra que têm a aura de campeões do European Tour, para um total de 23 troféus são os seguintes: Jarmo Sandelin (5 vitórias), Kenneth Ferrie (3), Daniel Vancsik (2), José Manuel Lara (2), Estanislao Goyá, John Parry, Lee Slattery, Simon Thorton, Rhys Davies, Jeppe Huldahl, Peter Lawrie, Fredrik Andersson Hed e Maarten Lafeber.
4 top 100 da Corrida para o Dubai e todo o top 10 da Corrida para Omã na luta pelos 600 mil euros de prémios
A qualidade do ‘field’ vê-se ainda por competirem pelo total de 600 mil euros em prémios monetários cinco jogadores classificados entre os 100 primeiros da Corrida para o Dubai (o ranking do European Tour): o tailandês Prom Meesawat (75.º), o italiano Renato Paratore (82.º), o inglês Chris Paisley (83.º) e o espanhol Adrian Oategui (99.º).
Como é hábito, o Madeira Islands Open Portugal BPI não conta apenas para os rankings mundial e do European Tour. Este ano tem a novidade de também atribuir pontos para o ranking olímpico mas um aspeto sempre importante é ser o torneio mais importante do calendário do Challenge Tour.
É o Major da segunda divisão europeia e atrai a nata deste circuito, não sendo de admirar que tenham vindo à Madeira todos os jogadores do top-ten da Corrida para Omã: 1.º Ricardo Melo Gouveia (Portugal), 2.º Sebastien Gros (França), 3.º Rhys Davies (País de Gales), 4.º Nacho Elvira (Espanha), 5.º Jack Senior (Inglês), 6.º Thomas Linard (França), 7.º Jens Fahrbring (Suécia), 8.º Ryan Fox (Nova Zelândia), 9.º Haydn Porteous (África do Sul), e 10.º Jamie McLeary (Escócia).
Aliás, todos os vencedores de torneios do Challenge Tour desta temporada disseram presente, incluindo Ryan Fox, o vencedor de Domingo passado no Le Vaudreuil Golf Challenge, que conta ainda com dois títulos do Australasian Tour.
Os campeões deste ano no Challenge Tour são: Nacho Elvira (campeão em Madrid e Áustria), Rhys Davies (Turquia e Espanha), Borja Virto Astudillo (Eslováquia), Max Orrin (Dinamarca), Jens Fahrbring (República Checa), Daniel Im (Suíça), Jack Senior (Escócia), Sebastien Gros (França, Aa St. Omer), Jamie McLeary (Bélgica), Haydn Porteous (Quénia), Ryan Fox (França, Le Vaudreuil) e, claro, Ricardo Melo Gouveia (Alemanha).
Outros jogadores destacam-se na lista de inscritos:
Morritz Lampert e Benjamin Hébert por terem conquistado, cada um, três títulos no Challenge Tour de 2014 – um feito!
Justin Walters quase venceu uma das edições do Portugal Masters; Scott Henry perdeu num play-off deste torneio madeirense; Garrick Porteous e Julien Guérrier são antigos vencedores do British Amateur; François Calmels, Adrien Bernadet e Renato Paratore são ex-campeões do Campeonato Internacional Amador de Portugal; e Joachim B. Hansen, que liderava o torneio em Março, quando foi cancelado e adiado.
Outros sete portugueses com ambições
Claro que para o público e os media portugueses, a cereja no topo do bolo seria uma nova vitória portuguesa.
Para além de Ricardo Melo Gouveia, Ricardo Santos e Filipe Lima, que integram o grupo dos candidatos ao título, há mais sete jogadores portugueses em prova, que necessitaram de convites para entrar.
Entre os amadores, a Federação Portuguesa de Golfe enviou Tomás Bessa e o Clube de Golfe do Santo da Serra premiou Carlos Laranja, um sub-16 de enorme potencial.
Entre os profissionais, o Clube de Golfe do Santo da Serra recompensou o seu treinador, João Pedro Sousa, enquanto a PGA de Portugal, mediante protocolo em vigor com o clube, atribuiu os seus convites a Pedro Figueiredo, Tiago Cruz, João Carlota e Gonçalo Pinto.
Entre estes jogadores, há que dar algum destaque a Tiago Cruz que este ano venceu a Taça Ibérica em Espanha, o Open da Ilha Terceira e o II Morgado Classic do Algarve Pro Golf Tour, para além de ser o atual campeão nacional.
Impacto mediático internacional
O Madeira Islands Open Portugal BPI é muito mais do que um evento desportivo, embora seja o que mais impacto mediático traz à Região Autónoma da Madeira e tem um impacto económico relevante na região.
“As imagens do torneio chegam a 400 milhões de lares em todo Mundo, através das transmissões televisivas. Promovem não só o golfe, como também a ilha da Madeira. O Open tem-se revelado a forma mais económica de projetar a Madeira ao mais alto nível”, explicou o presidente do clube anfitrião, António Henriques.
Com efeito, segundo os últimos dados do European Tour apresentados em conferência de imprensa, o Madeira Islands Open Portugal BPI chegou a 429 milhões de lares em todo o mundo através de 340 horas de transmissões televisivas, divulgadas por 38 canais/estações. Só no site do European Tour, na página do Open Madeirense registaram-se cerca de 350 mil usuários, sendo que 100 mil foram visitantes do Reino Unido.
Importante na propagação da imagem da Região Autónoma é a diversidade da lista de participantes e este ano temos 156 jogadores de 23 países: Portugal, Espanha, França, Bélgica, Holanda, Alemanha, Itália, Escócia, País de Gales, Inglaterra, Irlanda, República Checa, Suécia, Dinamarca, Finlândia, Noruega, Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, Chile, Argentina, Tailândia e África do Sul.
Entretanto, o European Tour anunciou no seu site oficial que está a fazer-se jurisprudência na Madeira, na medida em que tornou-se “no primeiro torneio a ser ‘rejogado’ na história do European Tour”.