Ricardo Santos resiliente manteve-se no top-35 pelo terceiro dia consecutivo em Vilamoura
Ricardo Santos precisou de toda a sua experiência, coragem e, sobretudo, frieza, para superar a penúltima volta do Portugal Masters, aquela em que as condições de jogo se apresentaram mais complicadas, e manteve-se pelo terceiro dia seguido no top-35, continuando a ser o melhor português neste torneio do European Tour de 1,5 milhões de euros em prémios monetários.
A 15.ª edição do Portugal Masters, o único torneio de golfe português inserido no European Tour, termina amanhã (Domingo), no Dom Pedro Victoria Golf Course, em Vilamoura, com as presenças dos secretários de Estado do Turismo (Rita Marques) e do Desporto e Juventude (João Paulo Rebelo), na cerimónia de entrega de prémios.
Ricardo Santos chegou a andar hoje (Sábado) fora do top-50 da classificação, mas concluiu a terceira volta no 34.º lugar, mantendo as mesmas 3 pancadas abaixo do Par da véspera, depois de entregar um cartão de 71 pancadas, com 2 bogeys e 2 birdies. Santos, que era 31.º na primeira volta e 30.º na segunda, está empatado com o escocês Stephen Gallacher, ainda mais veterano do que ele, com 47 anos, vencedor da Ryder Cup em 2014.
Mas se o algarvio de 39 anos está pela quinta vez na sua carreira a jogar as duas últimas jornadas do Portugal Masters, para os seus compatriotas Vítor Londot Lopes (25 anos) e Tomás Melo Gouveia (27 anos), trata-se de uma estreia, pois foi a primeira vez que passaram o cut no mais importante torneio português. Curiosamente, continuam com resultados gémeos nos três dias de prova e irão atuar juntos amanhã pelo quarto dia seguido. Hoje tombaram do 37.º lugar para o 57.º (+3), após uma terceira volta em 76 (+5).
O 15.º Portugal Masters conheceu hoje novos líderes. O italiano Nino Bertasio, que comandou nas duas primeiras jornadas, é agora um dos 7.º’s classificados (-9) e no topo do leaderboard, com 197 pancadas (-16) está a dupla do belga Thomas Pieters e do francês Mathieu Pavon, ambos de 29 anos, depois de terem dado uma aula de putting: 8 birdies para o gaulês e outros tantos para o belga que ainda converteu 1 eagle.
Pieters, que procura o seu quinto título no European Tour, e Pavon, que persegue o seu primeiro troféu na primeira divisão europeia, dispõem de uma vantagem de 4 pancadas sobre o dinamarquês Lucas Bjerregaard, o vencedor do Portugal Masters de 2017. Há apenas 6 pancadas a separar os seis primeiros, pelo que nada está ainda decidido, mas Pieters, um membro da seleção europeia da Ryder Cup em 2016, tem a experiência de já ter vencido dois torneios em que partiu para a última volta na liderança, enquanto Pavon vê-se pela primeira vez a comandar aos 54 buracos uma prova deste nível.
«Os primeiros nove buracos estiveram mesmo brutais, devido ao vento», sublinhou Thomas Pieters, que está a disputar o Portugal Masters pela quinta vez, tendo sido 6.º (-12) em 2015. «Hoje o vento esteve mais forte do que nos outros dias», concordou Ricardo Santos. «As condições estavam muito mais difíceis do que nos dois primeiros dias», acrescentou Tomás Melo Gouveia. «O campo não estava nada fácil», garantiu Vítor Londot Lopes.
O vento soprou mais forte e de forma irregular, por vezes com ventos cruzados. As bandeiras continuaram posicionadas com frequência bem perto dos limites dos greens. A temperatura desceu, o que faz logo com que a bola voe um pouco menos. Alguns greens deram a sensação de estarem ligeiramente menos rápidos do que nos dias anteriores e houve ainda a decisão do diretor de torneio, o espanhol José Maria Zamora, de retirar o jogo em “prefered lies”, ou seja, deixou de ser possível colocar a bola no fairway. «Faz alguma diferença – referiu Ricardo Santos – embora não seja por aí. Mas, por exemplo, no buraco 11 fiquei num divot com areia e é como se fosse um shot do bunker. Com “prefered lies” seria diferente».
Não admira que tenha sido o dia com piores resultados. Falando apenas dos 65 jogadores que passaram o cut (para que a comparação seja representativa), repare-se nestes dados: Hoje o melhor resultado foram 65 pancadas. Nos dias anteriores tinham sido 64 na sexta-feira e 61 na quinta-feira. Hoje 28 jogadores bateram o Par-71 do campo, face a 49 e 45. Hoje 26 jogadores atuaram acima do Par do campo, perante 7 e 9 nos dois dias anteriores!
Com estas condições de jogo, com menos approaches a ficarem perto das bandeiras, era ainda mais fundamental “patar” bem, a pancada onde grande parte dos fatores atrás descritos têm menos influência.
«Concentrei-me imenso na velocidade dos greens. Foi o principal, porque sinto que tenho estado a ler bem as linhas esta semana», disse Mathieu Pavon, que, neste Portugal Masters, lidera a estatística de pancadas ganhas no putt.
«Eu “patei” bem e tive imensas hipóteses. Foi ótimo ter terminado com um putt daqueles», comentou, por seu lado, Thomas Pieters, que igualou Pavon com 16 abaixo do Par exatamente com um putt monstruoso e cheio de linha no buraco 18, paa um segundo birdie seguido.
Por contraste, os jogadores portugueses sofreram nos greens. «Nos primeiros 11 buracos não consegui concretizar nenhum putt e tive muito boas oportunidades», lamentou-se Ricardo Santos. «O meu jogo não esteve ao mesmo nível, sobretudo nos greens. Muitos putts para dentro de três metros não entraram e a este nível isso não perdoa», recriminou-se Tomás Melo Gouveia. «Com estes greens grandes, é difícil controlar a velocidade (“pace”) quando estamos longe da bandeira. Fiz duas vezes 3 putts que deram-me 2 duplos-bogey», explicou Vítor Londot Lopes.
Destacou-se pela positiva a força mental de Ricardo Santos. Tantas vezes criticado por mostrar poucas emoções no campo e parecer demasiado indolente, provou ter um fogo interior escondido. O português melhor classificado na Corrida para o Dubai poderia ter esmorecido com os seus primeiros nove buracos jogados em 2 pancadas acima do Par, mas foi o contrário que aconteceu. Tal como no primeiro dia, lutou muito até virar a sorte para o seu lado. Mereceu bem o apoio do público que o acompanhou. Hoje estiveram 5.702 espectadores no Dom Pedro Victoria Golf Course e algumas dezenas seguiram-no.
«Esteve bastante público e espero que amanhã ainda mais. É sempre bom sentir o apoio do público português quando estamos a jogar em casa. Estou satisfeito com a luta até ao fim. Estar focado até ao fim minimizou as coisas. Num dia como o de hoje sabes que a coisa salva-se é nos greens e nos primeiros 11 buracos já levava 22 putts. Como ia, se desistisse ou desanimasse, poderia ter terminado com muitas (pancadas) acima do Par. Assim, consegui acabar a Par».
O Portugal Masters conclui-se amanhã (Domingo) com a quarta e última volta, a partir das 7h00. A última saída é às 12h05. Todos os grupos serão compostos por dois jogadores (exceto o primeiro) e só irá sair-se do buraco 1.
Os horários das saídas dos jogadores portugueses são os seguintes: Vítor Lopes e Tomás Melo Gouveia jogam juntos às 7h24, e Ricardo Santos às 9h26, ao lado do espanhol Pep Anglés, vencedor de um título do Challenge Tour no ano passado.
Os principais resultados do 15.º Portugal Masters após os primeiros 54 buracos apresentam-se da seguinte forma (entrevistas de Pavon e Pieters na íntegra em vídeo na conta de Facebook do Portugal Masters):
1.º Thomas Pieters (Bélgica), 197 pancadas (68+64+65), 16 abaixo do Par.
1.º Mathieu Pavon (França), 197 (68+64+65), -16.
3.º Lucas Bjerregaard (Dinamarca), 201 (67+65+69), -12.
4.º Kristoffer Broberg (Suécia), 202 (69+67+66), -11.
Os resultados dos três portugueses que passaram o cut, após a 3.ª volta, são os seguintes (todas as entrevistas na íntegra em vídeo na conta de Facebook do Portugal Masters):
34.º Ricardo Santos (Titleist), 210 (70+69+71), -3.
57.º Vítor Londot Lopes (CG Vilamoura), 216 (71+69+76), +3.
57.º Tomás Melo Gouveia (San Lorenzo), 216 (71+69+76), +3