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Pedro Figueiredo explica pontapé na crise
14/11/2016 17:07 HUGO RIBEIRO
Figgy no último Portugal Masters no Victoria Clube de Golfe, em Vilamoura, seguido pelo seu pai. "Ginja", e o seu caddie no torneio, Francisco Ataíde / © FILIPE GUERRA

Entrevista na sequência da vitória de sexta-feira no Hilti/Mota Engil PGA Open

Pedro Figueiredo é um dos maiores ícones da história do golfe português e tem apenas 25 anos. O seu currículo desportivo amador é o melhor de sempre de um golfista luso, tanto em provas da Federação Portuguesa de Golfe, como da Associação Europeia de Golfe, do R&A, da NCAA (circuito universitário americano), enfim, por onde passou, deixou sempre uma marca indelével. 

Quando se tornou profissional no verão de 2013 parecia pronto a seguir os passos de Daniel Silva, Filipe Lima e Ricardo Santos e arrancou logo de rompante. No seu primeiro torneio como profissional conquistou o Campeonato Nacional da PGA de Portugal. 

Só que, desde então, nunca mais sentiu aquela sensação única de levantar um troféu, apesar de ter jogado no European Tour, Challenge Tour, ProGolf Tour, Algarve Pro Golf Tour, Circuito MELÍÃ Hotels International Premium, PGA Portugal Tour e se calhar outros dos quais nem demos conta. 

GolfTattoo tem acompanhado a difícil transição para o profissionalismo do profissional do Quinta do Peru Golf & Country Club, que a dada altura precisou de visitar os amigos que deixou nos Estados Unidos, depois andou em viagem sabática pela América do Sul e finalmente radicou-se no Algarve para poder treinar melhor. O certo é que o também jogador da Navigator parece ter renascido depois de assinar pelo Sport Lisboa e Benfica há um mês. 

Ainda na semana passada, em Omã, em conversa com Rory Flanagan, o agente da Hambric Sports que gere a carreira de golfistas famosos e outros promissores, entre os quais Ricardo Melo Gouveia e Pedro Figueiredo, confirmou que renovou o contrato de “Figgy” por mais três anos. 

“Estivemos com ele nos bons momentos, nos maus momentos e estamos convencidos de que é um grande jogar e vai prová-lo. Já lhe disse isso e também ao “Ginja” (o pai de Pedro)”, frisou, enfaticamente, Rory Flanagan.

Há três semanas, durante o Portugal Masters, numa sessão de treino no driving range do Victoria Cub de Golf, David Llewellyn, o treinador que “Figgy” partilha, entre outros, com Ricardo Melo Gouveia e Tomás Silva, estava encantado com o voo de bola do seu pupilo. O próprio Pedro Figueiredo, quando o pai chegou, já no final do treino, voltou a tirar os tacos do saco para mostrar-lhe os progressos que sentia. 

Nas duas últimas semanas, depois de ter falhado o cut no Portugal Masters, parece ter havido um clique no jogo de Pedro Figueiredo. Foi 9.º classificado e o melhor português no Heineken Pro-Am em Valderrama, Espanha, e depois 3.º e de novo o melhor português no Invitational Pro-Am que a PGA da Europa organizou na Quinta do Lago. 

Quando foi para o Hilti/Mota Engil PGA Open, o último torneio do PGA Portugal Tour, tinha razões para sentir-se confiante e ainda mais por saber que no Golfe de Amarante tinha sempre jogado bem. É inesquecível aquele Campeonato Nacional Mota Engil da PGA de Portugal em 2005, no qual, com apenas 14 anos, terminou no 2.º lugar, com 7 abaixo do Par! Embora muito pouco falado, foi um dos maiores feitos a nível interno de um jogador português. 

Seja por ter regressado a Amarante – que não recebia uma etapa do PGA Portugal Tour desde 2008 –, por agora ser jogador do Benfica e ver a sua equipa liderar no futebol, por o seu agente ter renovado mais três anos com ele, por todo o árduo e muitas vezes solitário trabalho estar finalmente a vir ao de cima, o certo é que tudo confluiu esta semana.

Pedro Figueiredo pertence de novo ao círculo dos vencedores e o Hilti/Mota Engil PGA Open foi o seu primeiro título em três anos. Sempre simpático, concedeu alguns minutos por telefone ao “GolfTattoo.

Após a vitória em Amarante, com o presidente da PGA Portugal, José Correia / © RAMIRO DE JESUS  

GOLFTATTOO – Foi um jejum de três anos! Nem imagino a importância que poderá ter para ti.

PEDRO FIGUEIREDO – Foi bom. Não ganhava neste circuito nem em qualquer outro desde o Campeonato Nacional de 2013. Sabe bem. Uma vitória é sempre uma vitória, em qualquer circuito, é para isso que trabalhamos e treinamos, é para ver o nosso esforço recompensado, é uma prova de que a persistência compensa.

No Portugal Masters disseste-me que estavas a sentir o teu jogo a voltar e apesar de teres falhado ali o cut, desde então tem sido sempre a subir.

Há dois ou três meses que me sinto a jogar bastante melhor. Às vezes os resultados ainda não mostravam isso, mas eu sentia que o jogo estava cada vez melhor. Nestes dois dias consegui jogar bem e juntei isso a uma vitória, o que é sempre importante.

Lembro-me sempre de grandes resultados teus em Amarante. Isso de alguma forma ajudou?

Confesso que Amarante é um campo que se adapta muito bem ao meu jogo. É muito estratégico, curto, com muitos ferros curtos ao green, os greens são pequenos. No fundo, favorece os meus pontos fortes, porque sou um bom jogador de ferros curtos. Consegui meter a bola no fairway, só falhei 4 greens em dois dias, o que em greens pequenos não é nada mau, ainda falhei alguns putts, mas toda a gente falhou, porque os greens não são fáceis. Já nos tempos de amador tinha tido bons resultados aqui, tanto em torneios da FPG, como da PGA de Portugal, portanto, sabia ao vir para aqui que teria fortes hipóteses. É um campo onde gosto muito de jogar.

Foi uma vitória por uma única pancada sobre o Afonso Girão e o Hugo Santos. Não estive em Amarante pelo que não vi nada e tenho de perguntar-te se foi uma carrada de nervos… enfim, conta-nos um pouco como foi a decisão do título.

Eu estava a jogar no grupo à frente do Afonso Girão e do Hugo Santos, que estavam com o Jay Taylor e acho que vim sempre atrás deles (no marcador). Quando faltavam cinco buracos eu ia com 5 pancadas abaixo do Par, sabia que o Afonso tinha virado (os primeiros nove buracos) com 8 abaixo e o Hugo com 5 ou 6 abaixo. Fiz birdies no 14, no 15 e no 18 para ficar com -8 e eles falharam oportunidades para birdie no 18. O Hugo tinha um putt de 3 metros a subir e o Afonso outro de um metro e meio. Sabia que tinha de acabar bem para lutar pela vitória, mas talvez eles não tivessem a noção de que eu tinha acabado com -8, porque sabiam, isso sim, que eu ia com -5 para o 14.

Durante a segunda volta do último Portugal Masters / © FILIPE GUERRA 

Já falámos anteriormente da importância que pode ter para ti e para o golfe a tua ligação ao Sport Lisboa e Benfica. Em termos mediáticos. Por isso, é obrigatório constatar que desde que assinaste pelo teu clube as coisas alteraram-se bem.

Desde que assinei pelo Benfica os resultados têm sido melhores. Eu já me sentia bem, mesmo antes desta ligação e o meu jogo estava a crescer, mas há coisas que se calhar, às vezes, sem sabermos porquê, dão-nos mais motivação e força e talvez isso tenha acontecido. Pelos vistos tem-me ajudado e fico contente por estar a representar bem o Benfica.

Os teus companheiros de profissão têm brincado contigo por agora apareceres com um saco com o logo do SLB? Ou não ligam nenhuma?

Brincam, brincam. Os benfiquistas, como é lógico, ficam a olhar para o saco com alegria e os sportinguistas… até já me aconteceu chegar ao pé do saco e ter um papel com o símbolo do Sporting em cima do Benfica. É um símbolo que provoca sentimentos, ninguém fica indiferente.

Este foi o último torneio do PGA Portugal Tour de 2016, mas a época ainda não terminou para ti. Vais jogar agora os próximos torneios do Algarve Pro Golf Tour 2016/2017 que estão mesmo aí a começar? 

Para a semana não vou jogar no Algarve Pro Golf Tour. Vou descansar e treinar, porque vou jogar de 23 a 25 um torneio do circuito espanhol, que tenho jogado ao longo do ano e este é o penúltimo torneio desse circuito. Depois sim, irei jogar no Algarve Pro Golf Tour alguns swings. Em dezembro há o último torneio do circuito espanhol e na Final, em Tenerife, jogam os 50 primeiros do ranking. Eu estou em 36º neste momento, portanto, espero jogá-lo. Em seguida há a Taça Manuel Agrellos. Depois do Natal ainda não decidi mas irei jogar um dos circuitos da 3ª divisão na Europa ou então talvez a Escola de Qualificação do Asian Tour em janeiro. Conto com alguns convites do Challenge Tour em 2016 mas isso é sempre uma incógnita.

Falei há pouco com o Ricardo Melo Gouveia, ele está na África do Sul, como sabes, e não sabia que tinhas ganho em Amarante. Ficou genuinamente feliz. Vocês são mesmo grandes, grandes amigos.

Eu sei, ele ligou-me logo a seguir e disse-me que tinhas sido tu a avisá-lo. Até brinquei com ele a dizer-lhe que hoje tinha-lhe ganho (63, -5 no Golfe de Amarante, face a 68, -4 no Gary Player Country Club) e ele respondeu-me que fez 1 bogey no último buraco de propósito para eu ficar contente.