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Pierre Pineau, o segundo campeão francês em 60 anos de Open de Portugal
Pierre Pineau venceu batendo os compatriotas Félix Mory e David Ravetto com um eagle no play-off © Rodrigo Gatinho

Português Tomás Bessa terminou em 6.º em Royal Óbidos na sua melhor marca no Challenge Tour

Pierre Pineau quebrou um enguiço de seis 2.º lugares desde que tornou-se profissional e conquistou, finalmente, o seu primeiro título, com um final emocionante, graças a um putt de 15 metros para eagle, para vencer o play-off do 60.º Open de Portugal at Royal Óbidos, um torneio de 250 mil euros em prémios monetários. 

O segundo francês a triunfar no único torneio português do Challenge Tour – depois de Grégory Bourdy em 2008 – derrotou na “morte súbita”, no buraco 18, os seus compatriotas Félix Mory e David Ravetto, rodeado de mais de uma dúzia de espectadores franceses, alguns residentes em Óbidos e também de turistas. 

“O Félix e o David são amigos, conheço-os desde os dez anos, pelo que foi especial defrontá-los no play-off”, disse Pineau, depois dos três companheiros e rivais, a jogarem em formações distintas, terem todos convertido birdies no 72.º e último buraco regulamentar para atingirem a marca das 15 pancadas abaixo do Par. 

Com os três gauleses empatados com 273 (-15), foi necessário recorrer a um play-off pela oitava vez na história do torneio da Federação Portuguesa de Golfe (FPG) e apenas pela segunda vez entre jogadores da mesma nacionalidade. 

Os três jogadores chegaram ao green em duas pancadas, mas foi Pineau quem ficou mais longe da bandeira. O jogador de 23 anos, que tinha feito voltas de 74, 66, 66 e 67, enfrentava um putt gigantesco de 15 metros e converteu-o para o eagle da vitória, provocando uma ovação de centenas de espectadores à volta do green do buraco 18. 

Foi um play-off de luxo, uma vez que tanto Mory (70+71+66+66), de 28 anos, como Ravetto (70+71+64+68), de 25 anos, estiveram ao mais alto nível, fechando o play-off com birdies! 

“Espero vir a meter muitos bons putts na minha carreira, mas, até ao momento, este foi o melhor”, rejubilou Pineau, um grande amador há uns anos – em 2017 foi vice-campeão do Campeonato Internacional Amador de França –, que iniciou a sua carreira profissional no Alps Tour, uma das terceiras divisões da Europa, onde militou até junho. 

No ano passado, Pineau já tinha alcançado dois 2.º lugares no Alps Tour. Este ano foram mais três vice-campeonatos nesse circuito satélite alpino e estava no top-10 da Ordem de Mérito. A sua ideia era fechar o ano no top-5 do Alps Tour e subir à segunda divisão europeia. Foi então que, em julho, foi jogar o Euram Bank Open, na Áustria, do Challenge Tour, onde voltou a ser… 2.º classificado. 

«Esse 2.º lugar deu-me hipótese de começar a jogar no Challenge Tour», explicou-nos. Desde então, desde julho, disputou mais sete eventos deste circuito para, finalmente, sentir o doce sabor da vitória – e do cheque de 40 mil euros, que teve a curiosidade de chegar pelo ar, num drone da CEiiA, uma empresa portuguesa de Matosinhos. 

Num ápice, saltou do 55.º para o 19.º lugar na Corrida para Maiorca, ou seja, dentro do top-20 que no final da época se qualifica para o DP World Tour. Uma ascensão vertiginosa de um jogador que começou a temporada na terceira divisão europeia e arrisca-se a terminá-la no escalão principal. 

Tem agora pela frente uma decisão difícil: «Tenho entrada no Swiss Challenge da próxima semana, mas também tenho convite para o Open de França», um dos mais conceituados torneios do DP World Tour. Deverá ir à Suíça e reforçar o seu estatuto de top-20 da segunda divisão, ou ter o privilégio de atuar no Le Golf National em Paris? «Ainda não sei – admite – tenho de conversar com o meu treinador e o meu agente antes de decidir». 

Como aconteceu com tantos outros grandes campeões do passado, o Open de Portugal foi uma rampa de lançamento na sua carreira. «É uma coisa de que não se tem logo a consciência e ainda não fui ver os nomes que estão naquela taça, mas depois irei fazê-lo, e dizem-me que grandes jogadores ganharam-no. Vencer no Challenge Tour já é super, mas num Open nacional é um valor acrescentado». 

Ainda não foi desta que o Open de Portugal at Royal Óbidos teve um nome português inscrito na taça, mas voltou a ser uma prestação nacional muito positiva, com destaque para o 6.º lugar de Tomás Bessa, com 276 pancadas, 12 abaixo do Par, após voltas de 71,71, 66 e 68, 12 abaixo do Par, que lhe renderam um prémio de 9 mil euros. No início da semana estabeleceu como objetivo jogar as quatro voltas seguidas abaixo do Par e fê-lo com brilhantismo. 

Tomás Bessa © Rodrigo Gatinho

«Não é uma vitória mas é um resultado muito bom, é o meu melhor resultado de sempre no Challenge Tour e estou muito feliz», disse o jogador de 26 anos, que tornou-se apenas no quinto português a alcançar um top-10 no Open de Portugal, depois de Filipe Lima (2.º em 2018, com -5 e 3.º em 2005 com -11), Tiago Cruz (4.º em 2018 com -4), Ricardo Melo Gouveia (4.º em 2021 com -13) e Vítor Lopes (7.º em 2020 com -13). 

Tomás Bessa subiu ao 112.º lugar da Corrida para Maiorca e os 120 primeiros, no final do ano, já terão uma categoria razoável no Challenge Tour. É também por isso que vai agora para o Swiss Challenge na próxima semana, para reforçar a sua posição, antes de regressar aos dois últimos torneios do Alps Tour. É o 6.º da Ordem de Mérito e deseja o top-5, para dispor de uma categoria ainda melhor no Challenge Tour de 2023. 

Pedro Figueiredo, por seu lado, não conseguiu um dos seus objetivos, que seria, pelo menos, um top-10 para aspirar a fechar o ano no top-45 da Corrida para Maiorca, de modo qualificar-se para a Rolex Challenge Tour Grand Final. “Figgy” esteve sempre no top-20 neste Open de Portugal mas, tal como no ano passado, soçobrou na última volta. Fechou no 22.º lugar, com 280 (70+70+68+72), -8, embolsando 2.350 euros. Era 85.º no ranking do Challenge Tour e subiu a 84.º. 

«Vai ser difícil (ir à Grande Final em Maiorca). Preciso de uma grande semana. A esperança está sempre lá, faltam quatro torneios vou dar o máximo para esse top-45. Numa semana tudo muda e com uma vitória até se pensa logo no top-20 (de acesso ao DP World Tour)», disse o jogador de 31 anos, que sente-se a jogar bem: «O meu jogo está bastante sólido. Neste torneio fiz três duplos-bogey e eliminando esses três buracos estaria muito perto da liderança». 

O terceiro português a passar o cut foi o amador Hugo Camelo, de apenas 19 anos, que terminou todas as voltas com um agregado abaixo do Par até este último dia de bandeiras difíceis e algum nervosismo atirarem-no para o 68.º posto (entre 144 jogadores), com 293 (68+73+72+79), +5. 

«Hoje foi um dia difícil, não joguei tão bem do tee ao green, o chip também não me permitiu salvar o Par e fiz bastante bogeys e só fiz um birdie no último buraco. No global o torneio foi bom, consegui um dos objetivos que era passar o cut, aprendi muito e cresci muito como jogador», disse aquele que foi o primeiro português a passar o cut desde que o torneio transitou para Royal Óbidos. 

Na cerimónia de entrega de prémios estiveram Miguel Franco de Sousa, presidente da FPG; Filipe Silva, administrador do Turismo de Portugal; Frederico Simões de Almeida, administrador do Royal Óbidos Spa & Golf Resort; e Gary Tait, o diretor de torneios do Challenge Tour.