
Peter Adams, director do maior torneio nacional, fala da edição que se avizinha e não só
Peter Adams é Director of International Championships do European Tour e também Director do Portugal Masters, cuja nona edição será jogada entre os dias 15 e 18 de Outubro. Encontrámo-nos com ele no Tivoli Vitória, mesmo defronte do campo de golfe que recebe anualmente o Portugal Masters, o Oceânico Vitória. Aterrou em Faro e partiu de volta no mesmo dia. Veio passar uns breves instantes com Joana Trigoso (representante do European Tour em Portugal) porque, segundo ele, é importante estar cara a cara e não somente por telefone, desde Londres. Teve também reuniões no Oceânico (o campo do torneio), com a Lusort (proprietária do real estate em Vilamoura) e com a Inframoura (apoia na promoção do torneio). Mas teve tempo para conversar com o website do Portugal Masters e com o GolfTattoo.
GOLFTATTOO – Tem estado envolvido no Portugal Masters desde a sua primeira edição?
PETER ADAMS – Sim, mesmo desde o princípio que foi em 2007. O Portugal Masters como que nasceu da WGC-World Cup 2005 no Algarve, um torneio de que eu era o Director Executivo. Posteriormente, reunimo-nos com o Turismo de Portugal e perguntaram-nos se poderíamos lancar um novo evento para ocupar o lugar da World Cup. Esse novo evento transformou-se no Portugal Masters.
De todos estes anos de Portugal Masters, quais foram, para si, as edições mais memoráveis?
Penso que há provavelmente três edições que sobressaem das outras: em 2009, quando ganhou Lee Westood, que teve que jogar um extraordinário pitch de trás do green do 17 por cima das árvores e na direcção da água – e fê-lo maravilhosamente e este foi, eu acho, o shot mais memorável; em 2008, quando ganhou Alvaro Quiros – parece-me que no par 5 do 17, ele chegou ao green com duas pancadas, fez o birdie e foi muito, muito agressivo na forma como ganhou; e depois outro ano de realçar foi talvez o ano em que Shane Lowry ganhou – teve um apoio fantástico de toda a comunidade irlandesa do Algarve e jogou um golfe maravilhoso. Ah, mas não me posso esquecer de Tom Lewis em 2011, porque apenas dois ou três meses antes ele era amador e jogou The Walker Cup em Royal Aberdeen, tornou-se profissional e chegou e ganhou o seu primeiro torneio do European Tour.
Tem mais histórias do Portugal Masters que queira partilhar connosco?
Acho que lhe contei as melhores. Temos algumas más recordações do ano passado porque obviamente foi memorável por uma razão diferente e foi memorável por ter sido o primeiro Portugal Masters desde sempre em que tivemos chuva, por isso foi um Portugal Masters diferente. Mas este ano, esperamos voltar com maravilhosas condições de sol que todos irão apreciar.
O ano passado foi, sem dúvida, a pior edição de sempre. Como lidou com as más condições do tempo?
Foi muito difícil porque a chuva foi muito pesada, muito forte e caiu muita água. Foi simplesmente impossível drenar a água do campo de golfe a tempo de se poder voltar a jogar outra vez. De modo que ficámos apenas com 36 buracos para jogar o que é muito duro para quem está envolvido num torneio de golfe. Mas ao mesmo tempo penso que este foi apenas um ano em sete, todos os outros foram fantásticos.
Podemos dizer que o Portugal Masters é um dos mais consagrados torneios do European Tour?
Acho que está actualmente bem firmado. Existe desde o ano de 2007. Sempre foi jogado aqui no Oceânico Vitória Golf Course, que se tornou a casa do Portugal Masters e além disso os jogadores adoram-no porque podem vir de avião e estar aqui em menos de 20 minutos; usufruem de um excelente hotel para ficar, o Tivoli, que é um 5 estrelas fabuloso; e depois só têm de atravessar a estrada e ir jogar o seu jogo. Por isso temos jogadores muito bons a jogar aqui porque eles adoram este torneio.
Sabemos que alguns jogadores trazem consigo a família...
É verdade. Recebemos imensas cartas e comentários dos jogadores e são sempre positivos e é uma semana muito simpática e confortável para os jogadores que muito a apreciam. Martin Kaymer, que tem participado em muitos Portugal Masters, considera-o como uma das suas semanas favoritas de todo o Tour. Isso é muito importante para nós porque temos de atrair para aqui bons jogadores. Por isso, eles gostam e vêm para aqui com as famílias, porque normalmente o tempo está bom, têm um excelente sítio para ficar e as suas mulheres e crianças podem divertir-se na piscina – também temos uma creche organizada especialmente para o torneio. Assim as crianças podem divertir-se e as senhoras terem algum tempo livre.
No Tivoli Victoria com vista para o Oceânico Victoria Golf Course / © FILIPE GUERRA
O Turismo de Portugal é o principal patrocinador do Portugal Masters? Que outros parceiros e patrocinadores estão envolvidos no torneio?
O Turismo de Portugal é o investidor líder do Torneio e depois temos o Oceânico que é o anfitrião do evento e constitui um parceiro muito forte. Estamos a meio de um contrato de três anos com eles. Os Hotéis Tivoli são um parceiro muito forte também. Temos um contrato com eles por muitos anos – são investidores do torneio e também o Hotel Oficial. E depois temos alguns dos principais patrocinadores do European Tour como as Emirates Airlines, Rolex e outras empresas que são actualmente patrocinadoras do European Tour. E ainda, numa escala mais pequena mas também importante, temos empresas como a Bobby Jones que fornece a roupa, Marka, que é o Vinho Oficial do torneio. Todos estes patrocinadores se associam a nós seja como investidores seja com contribuições em produtos e serviços que ajudam o torneio a funcionar.
Há inúmeros fãs ingleses, escandinavos e alemães durante o Portugal Masters, mas o bom desempenho dos jogadores portugueses é também importante para o número de espectadores que aqui vêm. Está a par do que Ricardo Melo Gouveia está a fazer no Challenge Tour?
Sei que ele tem estado a jogar muito bem. E sim, acho que um bom desempenho por parte de um jogador português é muito, muito importante para o torneio. Penso que foi há dois anos que Ricardo Santos estava no topo do leaderboard à partida para o último dia, e foi maravilhoso ver tantos espectadores portugueses a virem ao torneio. E o torneio precisa disso e penso que Portugal precisa que os seus jogadores joguem bem aqui porque este é um grande palco e uma grande oportunidade para eles.
Disse que tudo começou com o WCG-World Cup em 2005. Nessa altura, os campos de golfe de Vilamoura eram propriedade da Lusotur, uma empresa do Grupo André Jordan, que os vendeu ao Oceânico Grupo em 2007. Como é actualmente a relação entre o European Tour e a Oceânico?
Temos uma relação incrivelmente forte. Na verdade tínhamos uma excelente relação com o Grupo André Jordan e quando os campos de golfe foram vendidos à Oceânico rapidamente conhecemos a Oceânico além de que um dos membros do Grupo André Jordan ficou e serviu de ponte entre o Grupo André Jordan, a Oceânico e nós. E desde então, penso que a nossa relação se fortaleceu mais e mais. Eles reconhecem a vantagem de receber o Portugal Masters e nós apreciamos vir aqui porque temos tudo o que precisamos para um grande torneio de golfe.
Como classificaria o campo do Oceânico Vitória entre outros palcos do European Tour?
É um bom campo de golfe. É um campo muito, muito bom para golfe de competição porque tem muita qualidade mas também porque tem imenso espaço e inúmeras vantagens para os espectadores. Por isso penso que está ao nível de muitos outros campos de golfe. Se não estiver muito vento, em muitos casos os profissionais podem fazer resultados muito baixos, mas não me importo. Acho que é simpático o público ver muitos birdies e ver os jogadores a jogarem bem. Penso que a única razão para tentar tornar o campo um pouco mais difícil é para que se torne um desafio um pouco maior para os profissionais, mas de qualquer forma é um campo de golfe muito bom com uma excelente infraestrutura para nós.
Expondo os seus argumentos durante a entrevista / © FILIPE GUERRA
Como é que o campo vai ser preparado para a edição deste ano?
Uma ou duas mudanças. Não vão haver alterações específicas nos buracos, mas o rough vai ficar, como se costuma dizer, um pouco mais penalizador, porque as áreas fora dos fairways vão ter uma mistura de rye-grass que é uma erva que cresce muito depressa, o que proporciona um teste muito mais exigente para os jogadores. Acho que os jogadores o vão considerar um desafio. Também trabalhámos muito nos greens do Oceânico nos últimos anos para proporcionar uma superfície de putting muito firme e rápida. Acho que se conseguirmos greens firmes e rápidos e mais rough alto, então penso que será um teste mais difícil e que os jogadores vão apreciar isso.
Fora do âmbito do campo, estamos focados na organização do torneio e estamos a empreender algumas mudanças. Vai haver um serviço público de restauração diferente, vamos ter vários bares diferentes e vamos ter também uma experiência de golfe interactiva mais desenvolvida. As pessoas podem chegar e experimentar tacos de golfe, podem tentar e ter uma lição com um profissional de golfe, podem tentar várias provas só para terem um dia de golfe mais completo.
Assim, estamos a trabalhar na organização toda, estamos a trabalhar na promoção do torneio – para transmitir a mensagem de que o Portugal Masters está no ar e que é uma excelente proposta para as pessoas virem e observarem os melhores jogadores do mundo e que se pode comprar os bilhetes com antecedência no site do European Tour. É um aspecto muito importante.
Estamos também a trabalhar com os nossos patrocinadores – o Portugal Masters tem cerca de 20 patrocinadores e damos a todos um pacote de diferentes direitos e benefícios e temos que tratar de todos eles e garantir que fornecemos todos esses direitos e benefícios e que todos tenham uma muito boa experiência.
E, por último, falar com os jogadores, encorajá-los a vir ao Oceânico Vitória, ao Portugal Masters e jogar o torneio. E isto é um diálogo contínuo entre nós e os jogadores e seus agentes.
Qual é o papel da Joana Trigoso no Portugal Masters? Ela é Portuguesa e trabalhou durante um ano na sede da European Tour em Wenthworth, mas agora está de regresso a Portugal…
Começámos por conhecer a Joana no WGC-WorldCup em 2005, quando ela trabalhava no grupo André Jordan. Ficámos amigos desde então, e em determinada altura pedimos-lhe para vir trabalhar para nós na nossa sede em Wenthworth, perto de Londres. De forma que ela trabalhou para nós durante todo o ano passado e depois tornou-se uma boa oportunidade para ela ser a representante do European Tour aqui em Portugal, com base em Lisboa. Porque eu acho que é importante para nós ter uma pessoa portuguesa que pode falar com todas as outras pessoas portuguesas. Precisamos desse nível de comunicação e precisamos também de ter uma ligação muito forte com os portugueses que possa explicar como o golfe é importante em Portugal, como é que podemos chegar a mais golfistas portugueses, como podemos atrair mais portugueses a virem como espectadores ao evento. Por isso, faz todo o sentido para nós tê-la connosco.
Haverá espaço em Portugal para receber outro torneio do European Tour, nomeadamente na zona de Lisboa?
Provavelmente no futuro, sim. Há cinco ou seis anos atrás, tínhamos o Open de Portugal no Estoril e também o Portugal Masters aqui em baixo no Algarve. É evidente que têm sido tempos difíceis em Portugal em termos económicos, pelo que tem sido muito sensato, eu acho, focarmo-nos no sucesso de um Portugal Masters no Algarve. Mas no futuro, à medida que as coisas forem melhorando, eu acho que haverá sempre essa possibilidade, assim como a possibilidade de um evento do Challenge Tour ou do Senior Tour – no ano passado tivemos um torneio do Senior Tour em Vidago. De modo que estamos sempre a falar às pessoas nessas possibilidades.
Qual a importância da data do Portugal Masters, perto do fim da época, em termos de atrair bons jogadores?
Bem, o Portugal Masters é jogado no momento em que os jogadores que querem fazer parte das Final Series e fazer parte do torneio final no Dubai estão a ver se jogam e ganham mais dinheiro para melhorar a sua posição, para garantirem que estarão nesses torneios finais.
Pode dizer-nos o que é o que o Portugal Masters traz em troca ao país em termos de visibilidade internacional?
O Portugal Masters é televisionado durante os quatro dias e as imagens televisivas chegam a todo o mundo através de aproximadamente 40 difusões diferentes, com um alcance de cerca de 400 milhões de lares em todo o mundo. De forma que é uma publicidade fantástica para Portugal como país e é também uma publicidade fantástica para os campos de golfe do Algarve. É uma forte afirmação de que Portugal é um grande lugar para visitar e ficar, de que é um excelente destino de golfe. E em termos de impacto económico, fizemos um estudo económico do impacto do Portugal Masters há cerca de dois anos, e o impacto local efectivo para a área local é de pouco menos de quatro milhões de euros para o torneio e semanas que antecedem o torneio. E isto não inclui o efeito durante o ano inteiro do Portugal Masters como anúncio para vir e jogar golfe na zona.
Com Luís Matoso (administrador do Turismo de Portugal) / © GETTY IMAGES
Para além do trabalho, conhece bem Portugal?
Sinto que o conheço bem em alguns aspectos, porque venho cá desde provavelmente 2003, mas sobretudo em trabalho. Também aqui venho, de tempos a tempos, de férias e é como eu acho que o conheço pessoalmente, mas também em negócio tenho tido muita sorte pois já tive oportunidade de conhecer um pouco de Lisboa, um pouco das várias áreas de golfe em Portugal, como o Algarve, a Costa do Estoril e também a Praia d’El Rey em Óbidos. Sinto-me por isso muito familiarizado com o golfe em Portugal e acho que o conheço bastante bem. Gosto muito de cá vir.
Quando está de férias onde é que vai mais?
Tanto a Lisboa como ao Algarve. A Lisboa, para um intervalo de cidade. E trouxe a minha família a Lisboa, divertiram-se imenso e também temos ido ao Algarve para jogar um pouco golfe e ir à praia.
Joga golfe?
Não me sobra tempo para jogar. Já joguei bom golfe, agora jogo um golfe médio. Em Inglaterra. Ninguém deve conhecer o meu clube de golfe: Beaconsfield Golf Club, em Buckinghamshire, a oeste de Londres.
Como Director dos Torneios Internacionais no EuropeanTour, deve viajar muito…
É verdade. Acho que quase todas as semanas estou dentro de um avião. Não estou muito tempo em casa, mas gosto do meu emprego e de viajar. E tenho uma mulher muito compreensiva.