Melhor português no ranking terá de eleger parceiro para representarem país na Taça do Mundo
Em ano de regresso do golfe aos Jogos Olímpicos, quase não se fala da Taça do Mundo de Golfe mas a verdade é que a 58.ª edição regressa este ano ao calendário após um hiato pouco habitual de três anos.
A World Cup of Golf, por vezes chamada em Portugal de Campeonato do Mundo de profissionais, regressa à Austrália por uma segunda edição consecutiva, mantendo-se na capital do Estado de Victoria, mas, em vez de Royal Melbourne irá transferir-se para o Kingston Heath Golf Club, de 21 a 27 de Novembro.
A Federação Internacional das PGA’s, a entidade organizadora, tem andado na última década à procura do melhor formato para uma competição que, quando passou por Vilamoura em 2005, fazia parte dos World Golf Championships, mas deixou, entretanto, de integrar essa elite.
Em 2016 há um retorno ao formato tradicional de 28 equipas de dois jogadores, ao longo de 72 buracos, 18 por dia, com o primeiro e o terceiro dia disputados na modalidade de foursomes e a segunda e quarta jornada a realizarem-se em fourball.
Na última edição, em 2013, tinha havido a inovação de se dar mais relevo à classificação individual. O leaderboard colectivo foi o somatório dos resultados dos dois jogadores, que raramente actuaram em conjunto. O retorno aos foursomes e fourball reforça o espírito de equipa e o sentido de confronto entre selecções nacionais.
O regulamento dita que os 28 jogadores melhor classificados no ranking mundial se apuram directamente para a Taça do Mundo mas, atenção, só se qualifica um jogador por cada país. Esse n.º 1 nacional escolhe depois o seu parceiro – de novo um regresso ao formato original.
Esta mudança faz com que seja muito provável que Portugal volte a estar presente na competição, pela terceira vez seguida e pela quinta vez em dez anos.
A data do ranking mundial que conta é a de 1 de Agosto mas se fosse agora, Ricardo Melo Gouveia (RMG) seria o 19º jogador a entrar directamente, graças ao 83º posto que ocupa no ranking mundial.
Ainda por cima, a esmagadora maioria dos seus pontos estarão ainda em vigor a 1 de Agosto e poderá, entretanto, somar mais alguns, dado que recomeça a jogar no European Tour esta semana, na África do Sul.
Como RMG será provavelmente o português a ser convidado a escolher um parceiro, Golftattoo questionou-o sobre o tema. Frontal, não se escudou em respostas evasivas, embora mantenha algum segredo em relação ao nome, o que faz sentido, para poder esperar pelo decorrer da primeira metade da época e confirmar quem será o outro compatriota em melhor forma.
“Sim, é claro que quero ir! Sempre que representamos o nosso país é um orgulho enorme, principalmente num campeonato do Mundo”, confirmou o único jogador português a competir no European Tour em 2016.
“Se for o número 1 (português) na altura, vou ser eu a escolher [o parceiro]”, acrescentou o vencedor do Challenge Tour de 2015, não recusando a responsabilidade, quando poderia, perfeitamente, sacudir essa pressão e deixar a escolha para instâncias como a PGA de Portugal ou a Federação Portuguesa de Golfe.
RMG adoptará, assim, a mesma postura de Filipe Lima em 2005, quando escolheu António Sobrinho, e de Ricardo Santos, que convocou Tiago Cruz em 2008 e Hugo Santos em 2011. Em 2013 foram os dois melhores portugueses no ranking mundial, Ricardo Santos e Filipe Lima, porque o regulamento assim estabelecia.
Restava saber em quem estará RMG a pensar, mas aí é que não abriu o jogo: “Ainda não pensei nisso, mas mais perto do torneio irei ter uma ideia melhor de quem será o melhor parceiro, apesar de já ter uma boa ideia de quem vou escolher.”
A data limite para o n.º 1 de cada país indicar o seu parceiro é o dia 12 de Agosto e nesta resposta de RMG a chave está na parte em que admite já ter uma boa ideia. Numa análise meramente especulativa, poderá estar a referir-se a Ricardo Santos, o n. º2 português no ranking mundial, ao lado de quem ganhou a Taça de Portugal Betterball em Abril do ano passado, no Guardian Bom Sucesso Golf.
Outra boa hipótese é Pedro Figueiredo, talvez o seu melhor amigo no golfe, com o qual treinou na pré-temporada no Algarve. A cumplicidade entre ambos é enorme, muito antiga e partilham o mesmo treinador e o mesmo empresário.
Claro que “Figgy” terá de melhorar substancialmente o seu rendimento em relação a 2015 para poder ser equacionado, mas sabe-se como nos foursomes a relação pessoal entre os jogadores é muitas vezes determinante.
Uma coisa é certa, tanto Ricardo Santos como Pedro Figueiredo, por terem um ponto muito forte no jogo curto, são complementares de RMG que tem maravilhado nas duas últimas épocas pelo jogo comprido. E esse aspecto é importante nos foursomes.
Já Filipe Lima e Tiago Cruz, com créditos passados no torneio, parecem partir um pouco em desvantagem, mas se tiverem uns primeiros sete meses do ano em grande poderão fazer RMG pensar duas vezes.
Outro aspecto que não se deve descurar é o montante de prémios em jogo. A 58.ª edição desta prestigiada prova oferece quase 7,4 milhões de euros (8 milhões de dólares), com 2,3 milhões de euros para o país vencedor.
Isto significa que, em termos financeiros, uma época menos boa poderá ser salva na Taça do Mundo, tornando ainda mais importante e apetecível a eleição que RMG terá, provavelmente, de decidir.
Para mais, Portugal tem-se dado bem na Taça do Mundo. Afinal, em 2005 terminou em 20.º empatado (18 mil euros), em 2008 foi 13.º empatado (64 mil euros), em 2011 acabou em 20.º empatado (59 mil euros) e em 2013 foi 17.º empatado (92 mil euros para Santos e 24 mil euros para Lima, valores ao câmbio actual).
Ricardo Santos está disposto a lutar pelo seu lugar e a provar que merece mais um recorde nacional de uma quarta presença na Taça do Mundo. Numa longa entrevista a ser publicada na revista Golf Digest Portugal no próximo mês de Março, diz que “os Jogos Olímpicos e Taça do Mundo são torneios em que qualquer jogador quer estar sempre, não é? Eu não sou excepção”.
A World Cup já foi ganha pelos melhores jogadores da história da modalidade, entre os quais Ben Hogan, Sam Snead, Gary Player, Jack Nicklaus, Arnold Palmer, Lee Trevino, Seve Ballesteros, Fred Couples, Nick Faldo, Bernhard Langer, Tiger Woods, Colin Montgomerie, Davis Love III, David Duval, Ernie Els, Padraig Harrington, Retief Goosen e Luke Donald.
Em 2013, a jogar em casa, ganharam os australianos Jason Day e Adam Scott. A equipa campeã está automaticamente qualificada e caberá a Jason Day apontar o seu parceiro.
“É óptimo que a World Cup of Golf vá para Kingston Heath. O campo tem uma tradição enorme e é uma das razões porque Melbourne é considerada a casa de alguns dos melhores percursos de golfe do Mundo”, disse o campeão do PGA Championship.
A Taça do Mundo jogou-se 57 vezes em 25 países e a Austrália será o palco pela quinta vez, mas anteriormente fora sempre em Royal Melbourne.
Trata-se, portanto, de uma estreia para Kingston Heath, que já recebeu o Open da Austrália masculino (1948, 1957, 1970, 1983, 1989, 1995, 2000) e feminino (2008), bem como o Australian Masters (2009, 2012).
O presidente da Federação Internacional de Golfe, Jon Linen, disse que “a Taça do Mundo de Golfe nasceu em 1953 e tornou-se num evento icónico, levando o golfe a uma escala global. O evento tem uma longa história em Melbourne, na Austrália, onde os jogadores adoram os seus campos de sonho e o ambiente que os fãs proporcionam na região de Sandbelt é fantástico”.