Santos e Melo Gouveia competem na Final da Escola de Qualificação do European Tour
Ricardo Santos, 117º na Corrida para o Dubai do European Tour, e Ricardo Melo Gouveia, 47º no Ranking do Challenge Tour, são os dois portugueses que a partir de amanhã irão começar a autêntica maratona de golfe que é a Final da Escola de Qualificação do European Tour, em Espanha.
Depois de dois dias de voltas de treino, os dois Ricardos portugueses têm em perspetiva pela frente mais seis dias de golfe, para um total de oito voltas em nove dias (incluindo o treino), um duro e raro desafio físico e mental no golfe internacional.
Ricardo Santos, de 32 anos, que jogou no European Tour em 2012, 2013 e 2014, qualificou-se diretamente para a Final, que será disputada nos percursos Stadium e Tour do PGA Catalunya Resort, em Girona.
É a primeira vez que o campeão do Madeira Islands Open BPI de 2012 tem de jogar a Final da Escola, mas conhece o Stadium Course, por ali ter disputado este ano o Open de Espanha, onde somou voltas de 71 e 83, não passando o cut com um agregado de 10 acima do Par.
Ricardo Melo Gouveia, que só se tornou profissional no verão passado, também se estreia na Final e viu-se forçado a passar pelas duas primeiras fases da Escola, num percurso brilhante em que se sagrou vice-campeão da Primeira Fase, em Bogogno (Itália), com 17 abaixo do Par, e campeão da Segunda Fase, em Tarragona (Espanha), com 18 abaixo do Par, os seus dois melhores resultados de sempre em circuitos profissionais.
Este algarvio de 23 anos, vencedor há quase dois meses do EMC Golf Challenge Open, em Roma, também já jogou no Stadium Course, embora não se lembre bem das suas características: “Foi há muitos anos, num torneio amador, quando jogava pelas seleções nacionais.”
O PGA Catalunya Resort recebe a Final da Escola desde 2008 e já está garantido como palco do próximo ano. Os seus campos foram desenhados por Neil Coles (antigo jogador da Ryder Cup) e por Angel Gallardo (uma antiga estrela do golfe espanhol).
O Tour Course, que nenhum dos portugueses conhecia antes da volta de treino desta semana, abriu em 2005 e é considerado o mais fácil dos dois. É um Par-70 de 6047 metros (mais curto), os fairways são mais largos, os bunkers menos penalizadores e normalmente proporciona melhores resultados.
O Stadium, muitas vezes apontado como o melhor campo de Espanha, foi inaugurado em 1999, mede 6706 metros, tem fairways mais estreitos com muitas árvores em jogo, tees elevados em 7 buracos e obstáculos de água em cinco buracos.
O regulamento da Final da Escola estabelece que os 156 participantes tenham de jogar duas voltas de 18 buracos em cada um destes campos. Amanhã, Melo Gouveia joga no Stadium e Santos atua no Tour.
Ao fim desses 72 buracos, os 70 primeiros classificados e empatados passam o cut para mais duas voltas ao Stadium. E só depois de se terminarem 108 buracos se ficará a saber quem serão os 25 (e empatados) contemplados com o passaporte para jogar a tempo inteiro no European Tour em 2015. Há agora menos vagas, dado que antigamente acediam à primeira divisão do golfe profissional europeu os 30 primeiros.
Se os campos são difíceis e as seis voltas uma provação, a qualidade da lista de competidores faz com que as tarefas de Ricardo Santos e Ricardo Melo Gouveia sejam ainda mais complicadas.
De acordo com estatísticas fornecidas pelo European Tour, nesta Final da Escola de 2014 estão 156 jogadores de 28 países; 69 vindos da Segunda Fase e 87 que acederam diretamente à Final; 29 que já venceram torneios do European Tour (entre os quais, Ricardo Santos); 2 que já jogaram a Ryder Cup; 7 que já venceram esta Final da Escola; e 5 que já terminaram uma época como nº1 do Ranking do Challenge Tour.
Há, com efeito, uma montanha para escalar por parte dos dois portugueses no sopé dos Pirenéus, mas não é uma empreitada impossível. Em 1990, Daniel Silva venceu a Final e ainda hoje é considerado um dos maiores feitos de sempre da história do golfe nacional. Em 2007, Tiago Cruz ficou a apenas 1 pancada do top 30 que, na altura, se apurava para o European Tour.