Primeiro sueco a conquistar um major, foi em Royal Troon com espectáculo soberbo
O duelo que o sueco Henrik Stenson e o norte-americano Phil Mickelson hoje protagonizaram na última volta do 145.º British Open entrou imediatamente para a história da modalidade como um dos melhores de sempre, ao nível daquele que Tom Watson e Jack Nicklaus – duas figuras lendárias do golfe – travaram na edição de 1977 do mesmo major, em Turnberry.
O que aconteceu há quase 40 anos? Watson fez 65 a fechar e Nicklaus 66, ganharia o primeiro pela margem mínima, com a concorrência a ficar muito atrás. O que aconteceu hoje, no par-71 do Royal Troon Golf Club, em Ayershire, na Escócia? Stenson (n.º 6 mundial) fez 63, Mickelson (19.º mundial) marcou 65, ganhou o primeiro com 3 de vantagem. O terceiro classificado, o norte-americano J.B. Holmes, ficou a 14 pancadas do vencedor…
Phil Mickelson, o campeão na edição de 2013 em Muirfield, disse no final que não podia ter feito melhor, que nunca jogou tão bem para perder. O californiano de San Diego, de 46 anos, tinha iniciado a última volta com a desvantagem mínima para o escandinavo e, apesar de uma exibição de luxo, com 4 birdies e 1 eagle, sem bogeys, não conseguiu conquistar o sexto major da sua carreira. Foi a 11.ª vez que foi segundo classificado em majors.
As 3 pancadas de vantagem de Stenson sobre “Lefty” são enganadoras. O americano fez birdie logo no primeiro buraco contra o bogey do rival e passou imediatamente para a frente, e quando faltavam 5 buracos para o fim ainda estavam empatados. Mas Stenson, de 40 anos, fez birdies nos 14, 15, 16 e 18 para bater vários recordes no torneio e em majors, ele que nunca tinha vencido nenhum no passado. Ao todo fez 10 birdies conta 2 bogeys.
A saber: a sua volta de 63 foi a mais baixa de sempre no domingo por parte de um campeão do British Open, superando o 64 de Greg Norman em 1993; e é também a última mais baixa de um campeão de majors, igualando o inglês Johnny Miller no Open dos EUA de 1973; o seu total agregado de 264 bate o anterior recorde do torneio por três pancadas (novamente Greg Norman em 1993); e bate o recorde em majors no total por uma pancada (David Toms no US PGA Championship de 2001).
Foi um Stenson ao nível daquele que venceu o Tour Championship e, consequentemente, a FedEx Cup do PGA Tour em 2013, para depois ganhar a prova de encerramento do European Tour – o DP World Tour Championship – para conquistar o primeiro lugar também na Race do Dubai. Um gigante gélido, que raramente esboça um sorriso, uma máquina trituradora de campos e de oponentes. Tem muito de robô.
“Senti que era a minha hora”, disse. “Não podemos garanti-lo de maneira nenhuma e eu tive de jogar um grande golfe para chegar lá, mas acreditei em mim próprio e fiz um óptimo trabalho. Estou encantado mas ainda não digeri. Quando estás a lutar tão duramente como eu fiz hoje e contra Phil já há alguns dias, é um alívio chegar ao 18 e perceber que acabou. Nos últimos anos, nós, os suecos, já estivemos perto em algumas ocasiões, e estou feliz por finalmente tê-lo conseguido pelo país.”
Stenson sucede na lista dos vencedores ao norte-americano Zach Johson, que terminou empatado no 12.º lugar com o inglês Andy Sullivan (vencedor do Portugal Masters em 2015), o argentino Emiliano Grillo e o norte-americano Patrick Reed, que era segundo após uma primeira volta de 66, apenas superada pelo 63 de Mickelson a abrir. Um quarteto que somou 283 e ficou a 19 shots do campeão, uma média de quase 5 pancadas por volta.
Notável ainda a prestação do veterano americano Steve Stricker, que com 49 anos foi quarto classificado com 280 (-5). O campeão de 2014 e n.º 4 mundial, Rory McIlroy, fez a terceira melhor volta de domingo (67) para partilhar o 5.º posto com o espanhol Sergio Garcia (69), 12.º mundial. O inglês Andrew Johnston, vencedor do Open de Espanha deste ano, foi 8.º e o top-10 ficou completo com os americanos Dustin Johnson e Bill Haas e o dinamarquês Soren Kjeldsen. Dustin Johnson vencera no mês passado o Open dos EUA, e o inglês Danny Willett, vencedor do Masters, o primeiro major do ano, foi 53.º com +7.
Pois é, isto de vencer dois torneios do Grand Slam no mesmo ano não é fácil, não é como no ténis. Jordan Spieth conseguiu-o o ano passado (Masters e Open dos EUA) e este ano continua em branco no que diz respeito majors. Agora foi 30.º em Royal Troon, com +2. E o actual n.º 1 mundial, o australiano Jason Day? Foi 22.º, com +1.