Aos 47 anos a maior estrela da modalidade compete em Los Angeles no seu primeiro torneio em sete meses
Tiger Woods garantiu ontem, em conferência de imprensa, que vai lutar pela vitória no Genesis Invitational, que decorrerá entre quinta-feira e domingo no Riviera Country Club, em Los Angeles, Califórnia. Será a sua primeira prova oficial desde que em Julho falhou o cut no British Open e a primeira fora do âmbito dos quatro majors desde o Zozo Championship em Outubro de 2020.
“Eu não me teria colocado aqui se não achasse que poderia bater a concorrência”, afiançou a maior estrela de sempre do golfe, de 47 anos, indiferente ao facto de este importante torneio do PGA Tour, do qual é o anfitrião, e dotado com 20 milhões de dólares de prize-money, contar com 19 dos 20 primeiros do ranking mundial (tabela em que ele é presentemente o n.º 1294), entre outras figuras de proa num field de 130 jogadores.
Desde o grave acidente rodoviário que sofreu em Fevereiro de 2021, e que aconteceu precisamente Los Angeles, provocando-lhe facturas expostas na parte inferior da perna direita (tíbia e perónio), Woods só competiu em três torneios, o ano passado: no Masters (passou o cut e terminou em 47.º), no PGA Championship (passou o cut mas desistiu com dores após a terceira volta) e no British Open (falhou o cut).
Na três provas em que entrou em 2022, competiu sempre a coxear, num estado que se agravou à medida que as jornadas e o esforço se sucediam, mas agora assegura que o intenso trabalho de reabilitação feito nos sete meses que decorreram desde o British Open melhorou sua perna e o seu jogo geral, ao ponto de acreditar que poderá ser competitivo na Riviera esta semana.
Apesar da auto-confiança, as dúvidas subsistem. Quando questionado sobre se este ano já tinha feito quatro voltas de 18 buracos a pé em dias consecutivos, respondeu que não.
“Ainda consigo bater shots, mas é a resistência à caminhada que é difícil”, reconheceu. “Isto é algo em que temos trabalhado: caminhando [longas] distâncias na praia, basicamente, para destressar, mas também para poder recuperar no dia seguinte e ver como estou em termos de inflamação, e depois continuar a treinar. Posso ter exagerado algumas vezes aqui ou ali, mas aqui estou.”
“No que diz respeito à recuperação”, continuou, “[o problema] é mais o meu tornozelo, e se consigo recuperar no dia a dia. A perna está melhor do que no ano passado, o problema é o meu tornozelo. De qualquer maneira, melhorou muito nos últimos meses e estou animado por sair para o campo e competir com os meus companheiros.”
Woods tem praticado intensamente numa facilidade que construiu no seu quintal em Júpiter, Flórida. Também tem caminhado durante as partidas de golfe no vizinho Medalist Golf Club.
Apesar de todas estas questões que pairam no ar, incluindo para o próprio, há algo que Woods não aceita: que se julgue que ele possa entrar numa competição sem ser para ganhar. Por isso, ontem mostrou-se aborrecido por no ano passado ter sido celebrada a sua passagem do cut no Masters de Abril do ano passado, na sua primeira competição desde o acidente de carro em Fevereiro de 2021.
“Estou lá para obter um W [W de Win, de Vitória em inglês], OK? Portanto, não entendo que fazer o cut seja uma grande coisa”, disse Woods. “Se eu entrar num campeonato, é sempre para obter um W. Chegará um ponto no tempo em que meu corpo não me permitirá mais fazer isso, e provavelmente será mais cedo do que mais tarde. Mas adiantar essa transição colocando-me no simples papel de embaixador, apenas para estar presente entre os outros, isso não está no meu ADN.”
Ou seja, Tiger admite que o seu fim possa estar próximo, mas ainda não o dá como garantido.
Vai jogar as duas primeiras voltas do Genesis Invitational num grupo de luxo com o compatriota e melhor amigo Justin Thomas e o norte-irlandês Rory McIlroy.
O torneio vai ser transmitido em directo no Eurosport 2, a partir das 21h.
Depois de um longo de jejum de vitórias entre 2014 e 2017, apoquentado por lesões nas costas, Woods voltou a vencer por ocasião do Tour Championship em Setembro de 2018; em Abril de 2019 conquistou o Masters de Augusta National pela quinta vez, o seu 15.º major de carreira; finalmente, em Outubro do mesmo ano, conquistou o Zozo Championship no Japão. Este foi o seu 82.º e último título no PGA Tour até ao momento.
Tiger Woods está empatado com Sam Snead (1912-2002) no recorde de vitórias (82) no PGA Tour. Mas nunca venceu o Genesis Invitational, de que é o anfitrião. Este foi mesmo o torneio que jogou mais vezes (14) sem nunca ter vencido.
O Riviera Country Club fica a 65km do lugar onde Tiger Woods nasceu e cresceu, Cypress, no condado de Orange, no sul da Califórnia. E foi no Genesis Invitational que fez a sua estreia absoluta no PGA Tour ainda como amador, em 1992, com 16 anos. Sem ter passado o cut.