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Tiger Woods: “Luto para ter energia suficiente”
15/05/2019 14:17 Henni Zuel/GOLFTV
Tiger Woods já venceu o PGA Championship em quatro ocasiões, a última em 2007 © PGA CHAMPIONSHIP

Entrevista GOLFTV em exclusivo GolfTattoo/Público para Portugal

Tiger Woods joga a partir de amanhã o seu primeiro torneio desde a vitória no Masters de Augusta National em Abril, já lá vai mais de um mês. É o US PGA Championship, um dos quatro majors do ano, que este ano mudou a sua data de Agosto realizando-se em Maio pela primeira vez em 70 anos. O palco da prova é o difícil Black Course de Bethpage State Park, em Farmington, Nova Iorque. Tiger Woods, de 43 anos,  vencedor desta competição em quatro ocasiões (1999, 2000, 2006 e 2007), joga as duas primeiras voltas num grupo com o detentor do título, Brooks Koepka, e com o italiano Francesco Molinari (campeão do Open Championship), os últimos três vencedores nos majors, e nesta entrevista, feita por Henni Zuel (Lead Tour Correspondent da GOLFTV), fala da sua preparação e do desafio que constitui o Black Course para esta semana. 

HENNI ZUEL – Desde o Masters, tem estado parado e não teve vontade de se treinar. Visto que tem trabalhado muito esta semana, em que tipo de coisas se tem focado? 

TIGER WOODS – De uma forma geral, estive a preparar o meu jogo. Quando viemos aqui na semana passada para dar uma vista de olhos ao campo de golfe, percebemos: “Caramba, temos de bater o driver aqui.” É importante não só bater longe, mas bater a direito. As bolas que forem para o rough, dificilmente conseguirão avançar para o green, porque a maioria dos greens são elevados. Se ficarem mais secos para o fim-de-semana, vai ser difícil segurar a bola nos greens

Lembro-me que, em 2002, pelo fim-de-semana, estavam como relâmpagos (rápidos). Faziam-se bogeys a torto e a direito. Vai ser fácil fazer aqui bogeys e difícil fazer birdies. O melhor resultado no final da semana não vai ser assim tão baixo. Sobretudo desde que mudaram o par. Era um Par 71, agora é um Par 70. Jogámos esse buraco [o 7, que passou de Par 5 para Par 4] ontem e batemos uma madeira 5 curta do green, depois batemos uma madeira 3 curta do green. Num Par 4, normalmente não bato uma madeira 3 para ficar curto do green, pelo que o campo está comprido. 

HZ – Quanta paciência vai ser preciso esta semana? 

TW – Evitar duplos bogeys. Tome o seu remédio – bola no fairway, wedge para o green e tenter meter o putt. Vai ser muito importante conduzir a bola para o fairway. Sendo o campo tão longo, temos de ser capazes de mover a bola um pouco para fora. Eu sei que há uma teoria sobre o Tour para ‘swingar’ com tanta força quanto possível, e que se apanharmos em bola em bruto, ainda conseguiremos pô-la no green com um wedge ou um ferro curto. Esta semana, não. O rough é muito espesso. Conversando com Kerry Haigh [Chief Championships Officer da PGA of America] sobre o quão alto o rough vai ser, ele diz-me que estão a subir, que não vão tocar nele no resto da semana. Já é espesso, só vai ficar mais longo. Quando secar, premeia aqueles que acertarem com a bola no lugar certo. 

HZ: Tocámos nos desafios, mas quais são as oportunidades de fazer resultado por aí? 

Não muitas! Os buracos de pontuação natural surgem logo à entrada. Os números 1 e 2. Depois disso, é um caminho difícil até ao 11. Do 15 ao 18, não são buracos fáceis. Não há muitos buracos disponíveis. Vai ser difícil colocar a bola perto. Lembro-me dos dois Opens (dos EUA) que joguei aqui, e foi difícil conseguir colocar a bola perto, mesmo com campo a agarrar. Com as previsões a apontarem para tempo mais seco e os pins nas posições onde tradicionalmente estão, será difícil colocar a bola dentro dos três ou mesmo quatro metros e meio. 

HZMantém a preparação que fez para o Masters. O que é que funcionou tão bem na altura? 

TW Ter energia suficiente é uma das coisas com as quais luto. Mentalmente, acho que ainda tenho 23 anos. O meu corpo vai dizer-me que não tenho 23. Entender isso e fazer os ajustes necessários. Nos últimos 15 anos, eu jogava 18 buracos uma vez por semana, geralmente na segunda-feira, depois 9 a cada dia. Agora estou a diminuir ainda mais e tiro um dia de folga na terça-feira. Na terça-feira, faço todo o meu trabalho de drills [exercícios]. Tirar esse dia de folga em Augusta National [palco do Masters] foi enorme para mim. O campo de golfe não estava na forma que seria expetável para o torneio. Os cortadores de relva não estavam, os greens estavam muito lentos, e os meus sentidos já estavam ligados para a semana. Não fiz nada além de drills e saí de lá. No dia seguinte, percebi que tinha imensa energia. Isso pagou dividendos até o final da semana. Estou a seguir um modelo similar esta semana. 

HZ – Falando em Augusta, você vai voltar a jogar com Francesco [Molinari], nas duas primeiras voltas em Bethpage. Lamento fazer isto com Tommy Fleetwood, mas vocês estão inseparáveis quando se trata de majors. Poderá ser este um novo ‘bromance’, que eu gostaria de cunhar "Moli-Woods"? 

TW Moliwoods? Isso é esticar um pouco as coisas. Eu gosto, entendo, mas acho que ‘Brooksie’ [Brooks Koepka] vai ficar com ciúmes. Você não vai querer que ele seja a terceira roda.Não acho correcto para com com Brooksie, por isso abdico de Franny [Francisco] e passo. 

HZ – Finalmente, vai ficar em terra esta semana… Tem uma ligação forte à água. Como é isso? 

TW – É óptimo estar no barco. Tenho tido privacidade desde 2006 e tem sido óptimo. Já estivemos em todo o lado com ele. Acredito que é a segunda vez que estamos tanto a norte. Em 2006, chegámos ao Winged Foot. É um prazer ter a equipa lá. Refeições perfeitas, ótimo descanso e um bom lugar tranquilo.