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CG Vilamoura toma posição sobre o caso “Kiko”
21/02/2019 17:00 RODRIGO CORDOEIRO
Luís Correia da Silva. presidente do Clube de Golfe de Vilamoura © FILIPE GUERRA

Luís Correia da Silva sai em defesa do jovem atleta do clube algarvio criticando FPG

Para quem não sabe [ver artigo de 18 de Fevereiro no GolfTattoo], a história é esta: Francisco Matos Coelho, do Clube de Golfe de Vilamoura (CGV), um dos mais promissores jovens talentos de Portugal, bicampeão nacional de sub-14 em 2017, de 15 anos, está no centro de uma polémica entre o seu pai, Pedro Matos Coelho, e a Federação Portuguesa de Golfe (FPG). 

Desde Setembro que não participa em provas federativas nem joga pelas selecções nacionais, em protesto contra o que reclama ser um comportamento “discriminatório” por parte da FPG, nomeadamente em questões relacionadas com rankings e ordens de mérito que, diz o seu encarregado de educação, terão propositadamente prejudicado o atleta o ano passado.

Kiko Matos Coelho em competição de 2018 © FILIPE GUERRA 

O caso foi tornado público no Facebook por Pedro Matos Coelho, na sequência da recente não convocação do filho para o sexteto da selecção nacional que se apresentou na última semana no Internacional Amador de Portugal e ganho de forma brilhante por um dos seus elementos, Daniel Rodrigues, de 16 anos, do Club de Golf de Miramar. “Kiko" estava dentro dos seis primeiros do Ranking Nacional Absoluto BPI – era 5.º – que eram elegíveis para a equipa da FPG no Montado Hotel & Golf Resort, o palco permanente do torneio, em Palmela.

A FPG respondeu em comunicado desmentindo irregularidades nos rankings, pelo contrário, alegando a reposição da verdade dos mesmos, e justificou a não convocatória de Francisco Matos Coelho “por respeito” à indisponibilidade há muito declarada pelo Pai do atleta para que este participasse em competições da FPG ou fizesse parte das selecções nacionais. E lembrou que Kiko, em 2018, jogou pela seleção em quatro ocasiões e que declinou a convocatória noutras três, o que serviria para demonstrar o apreço que a Federação tem pelo atleta e o apoio que tem dado à sua carreira.  

Agora, Luís Correia da Silva, CEO da Dom Pedro Golf (proprietária dos campos de Vilamoura) e, por inerência, presidente do CGV, pronuncia-se em nome do clube do atleta, crítico em relação à FPG. Diz que tem acompanhado o diferendo e que em tempo questionou a Federação sobre as razões da posição do seu jogador no ranking absoluto. 

“A resposta nunca foi muito clara e a Federação reconheceu eventuais erros na classificação do mesmo nos rankings”, afirma, acrescentando: “Embora algumas das posições do pai do jovem e grande promessa do golfe português possam eventualmente não ter defendido da melhor forma a legitimidade de algumas das situações reclamadas, eu acho que a FPG não tem sido clara e transparente neste processo todo.” 

“Efectivamente”, continua, “houve ali algum tipo de… não diria má fé, mas houve decerto displicência e alguma margem de interpretação muito dúbia sobre os critérios de pontuação de torneios admissíveis para efeitos de classificação para os rankings, que me parece que foi usada em prejuízo do Kiko, eventualmente penalizando-o por algum tipo de atitudes que o pai pudesse ter tido para com a FPG no passado.” 

Mais recentemente, nova comunicação da direcção do CGV seguiu para a FPG questionando-a sobre as razões que levaram à não convocatória de Kiko para o Internacional de Portugal. 

Não colhe junto de Luís Correia da Silva o argumento da FPG de que a jovem promessa não foi convocada por respeito à indisponibilidade declarada pelo pai do atleta. 

“A FPG não pode vir dizer que o pai do atleta lhe terá dito que se calhar o filho jogava ou não jogava”, considera. “A regra é esta: o Kiko, jogador do CGV, federado na FPG, estava, de acordo com o ranking, dentro dos jogadores elegíveis para selecção para participação no Internacional de Portugal e como tal devia ter sido convocado. Se recusasse a participação, era uma coisa completamente diferente.” 

“Há aqui um diferendo que não só prejudica um atleta de alto futuro, mas também o CGV e a FPG deveria atender sempre a critérios de inclusão e não de exclusão, até porque o Kiko e um asset seguro para a Seleccao Nacional, tal como tem demonstrado em diferentes ocasiões”, acrescenta. 

O presidente do CGV, também presidente do CNIG (Conselho Nacional da Indústria do Golfe), pede consensos, sob pena de se continuar a prejudicar um dos mais brilhantes jovens talentos de Portugal, algo que o Golfe Nacional não se pode dar ao luxo de fazer. “Sentarem-se, discutirem o assunto e resolver o problema, cada um assumindo as suas responsabilidades. Dizer: ‘Acabou’. O que ficou para trás está fechado, vamos resolver definitivamente estas questões, passar uma esponja sobre o a matéria e seguir em frente. Nós, direcção do CGV, estamos disponíveis para criar essa ponte.” 

FPG RESPONDE 

Em resposta, a FPG, através do seu Director Técnico Nacional, João Coutinho, remete para o comunicado emitido a 8 de Fevereiro, em que reage às insinuações e acusações públicas de Pedro Matos Coelho, sobre o que o organismo não tem mais nada a dizer, mas não deixa de reforçar que “nada foi feito em prejuízo do Kiko”. 

João Coutinho considera também descabida a ideia de que tenha havido da parte da FPG penalização por anteriores atitudes do pai do atleta, visto que no passado nunca houve quaisquer problemas entre ambos, pelo contrário, “sempre houve muita cordialidade”. 

Sobre a não convocação do atleta para o Internacional Amador de Portugal, a FPG relembra que Pedro Matos Coelho manifestou, mais do que uma vez, por escrito e oralmente, que o filho não voltaria a jogar provas federativas nem a representar a selecção, enquanto não fossem alterados os rankings da forma por ele desejada e enquanto não fosse apresentado um plano de preparação e de trabalho para o filho, coisa que a FPG não faz com nenhum atleta, sendo essa a tarefa dos clubes. 

“Tem sido coerente com esse ultimato, dado que o Kiko não aparece desde Setembro”, afirma João Coutinho. “Devo sublinhar que todos os jogadores portugueses presentes no Internacional se inscreveram dentro da data limite, 12 de Janeiro, e que a convocatória saiu no dia 14. Desta forma um jogador que não fosse convocado nunca correria o risco de não participar.” 

Quanto aos “critérios de inclusão e exclusão” mencionados pelo presidente do CGV, João Coutinho diz que foi precisamente por a FPG se reger por critérios de inclusão que manteve o atleta na lista da selecção nacional. 

João Coutinho finaliza dizendo que “Kiko será muito bem-vindo à selecção nacional, sem qualquer reserva, assim que comunique que está disponível”.